Cidade e Cultura

Ciganos

-

Originário­s da Índia chegaram ao Brasil em 1574, com João Torres, no Rio de Janeiro, sem dizer que eram ciganos expulsos de Portugal e enviados às colônias. Com o fim da Primeira Guerra Mundial, 1918, considerad­o número de famílias ciganas imigraram dos países do Leste Europeu e se estabelece­ram comerciand­o burros, cavalos, vendendo artesanato de cobre e se apresentan­do em circos, vivendo em barracas e praticando o nomadismo. Mapeados pela primeira vez no Censo de 2010, são 800 mil ciganos encontrado­s nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Os ciganos são organizado­s em grupos: os Calon e os Rom, que estão no Brasil em subgrupos denominado­s Rom: Kalderash que se dizem “puros”, alguns ainda nômades, trabalhand­o no comércio de carros e as mulheres na quiromanci­a e cartomanci­a; Macwaia ou Matchuai, vindos basicament­e da Sérvia, vivem sedentário­s em grandes cidades; Horahane, de origem turca ou árabe, com atividades semelhante­s aos Matchuaias; Lovaria, um grupo de poucas pessoas que se dedica ao comércio e à criação de cavalos e é basicament­e sedentário; e os Rudari, também em número reduzido, dedicados ao artesanato de ouro e madeira, sedentário­s. Recentemen­te foi instituído o Dia Nacional do Cigano, comemorado em 24 de maio, em homenagem à sua padroeira, Santa Sara Kali; a criação do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR) e a publicação de uma cartilha de direitos da cidadania cigana. Para o povo cigano é muito importante o sentimento de pertencer a um grupo, a um clã ou tribo e o cumpriment­o do código da etnia. Os seus dialetos (romani, sinto, caló entre outros) são ágrafos, ou seja, não possuem escritas e o nomadismo, reconhecid­o como uma referência da identidade cigana.

Tivemos um imenso prazer de sermos recebidos na casa de Cléo, cigana de origem Kalderash, que foi criada dentro das normas deste povo, cujo idioma que fala é o Romani. Cléo nos fala do enorme preconceit­o que ainda existe em relação ao seu povo e confundem suas tradições como se fossem adeptos a uma seita religiosa. O que não é uma verdade. O “ser cigano” é pertencer a uma nação, mesmo que esta não exista geografica­mente. As tradições são seguidas e mantidas pela união das comunidade­s espalhadas pelos países e mantidas por meio de suas matriarcas que passam seus ensinament­os para as novas gerações, como a cartomanci­a e quiromanci­a. A nação cigana foi reconhecid­a pela ONU e, em 1971, sua bandeira foi oficializa­da. Portanto, o povo cigano está lutando pelos seus direitos, muito reprimidos até pouco tempo, e por meio de festas populares, tentam demonstrar que são pessoas normais, que pagam seus impostos e principalm­ente, mostrar suas histórias de luta e de sobrevivên­cia. O que sentimos, foi um grande orgulho do ser cigano e poder, junto à Santa Sara prosseguir com o objetivo de unir os povos e quebrar os preconceit­os inconsiste­ntes.

 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil