Das dificuldades de povoamento ao glamour de uma cidade vibrante
Anteriores aos índios, os povos sambaquieiros deixaram aqui os seus vestígios. Há aproximadamente 7 mil anos, eles viviam de pesca e extração, aglomerando restos de peixes e conchas para formar montanhas de calcário – os sambaquis –, que podem chegar a até 30 metros de altura. Encontramos também restos de ossos humanos e rochas polidas, indício de rituais religiosos. No Guarujá, temos um dos maiores sambaquis do planeta, com 31 metros de altura e 100 metros de largura, registrado no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. Esse sambaqui recebeu o nome de Crumaú 1, nome do rio onde está localizado, e se manteve preservado por conta do difícil acesso ao local onde se encontra. Além do Crumaú 1, temos os sambaquis Buracão, Mar Casado, Maratuá, Ilha de Santo Amaro I, Ilha de Santo Amaro II e Ilha de Santo Amaro III.
Em tupi, Guarujá – gu-ar-y-yá – significa passagem estreita de um lado ao outro, isso por causa da antiga Sala de Pedra, que avançava como um pequeno promontório rochoso do morro Piquiú para dentro do mar, impedindo a passagem entre as praias de Laranjeiras (hoje Pitangueira) e Guarujá (hoje Astúrias). Atualmente, nesse lugar existe o Edifício Sobre as Ondas. Os indígenas que por aqui passavam só utilizavam a ilha para coleta de sal, pesca e prática de ritos. A Ilha de Santo Amaro, onde está situado o Guarujá, era chamada Guaibê ou Guaimbê (planta aquática) pelos índios, Ilha Oriental ou Ilha do Sol pelos portugueses, e Ysla Oriental pelos espanhóis.
Em 22 de janeiro de 1502, chegou por essas bandas a Armada de Américo Vespúcio, para reconhecimento das terras descobertas por Cabral, exatamente na Praia Santa Cruz dos Navegantes, conhecida como “Pouca Farinha”. Posteriormente, passaram por aqui, em 1526, o veneziano Sebastião Caboto e, em 1530, o espanhol Alonso de Santa Cruz, que declarou: “Estas ilhas (São Vicente e Santo Amaro atuais) os portugueses creem ficar no continente que lhes pertence, dentro da sua linha de partilha, eles porém se enganam segundo está averiguado por criados de Vossa Majestade com muita diligência... de maneira que a linha não termina no‘Puerto de São Vicente’ e sim mais para o oriente, num porto chamado ’Sierras de San Sebastian’”... Nota-se no relato acima que essas terras eram muito visadas pelos europeus e que a coroa de
Portugal tinha que tomar atitudes enérgicas para a fixação do território. Finalmente, em 1532, chegou a Armada de Martim Afonso. Essa Armada era composta de cinco navios e quatrocentos homens, e tinha o propósito de combater os franceses, assegurar a posse portuguesa e efetuar a colonização no Brasil entre Pernambuco e Cananeia. Alguns portugueses instalaram-se na parte ocidental da Ilha de Santo Amaro, trabalhando com pesca, agricultura de subsistência e reparos de embarcações.
Com a divisão de terras administrativas sob orientação da Coroa pelo rei Dom João III, foi dado a Pero Lopes de Sousa, irmão de Martim Afonso, o lote de terras denominado Capitania de Santo Amaro, que englobava as áreas de Guarujá, Bertioga e parte de São Sebastião. Nesse período foram distribuídas várias sesmarias e construídos engenhos de cana de açúcar.
Em 1540, a ilha Guaibê estava sob o comando do capitão- mor Jorge Ferreira, que pediu a José Adorno, genovês que veio para cá junto com a Armada de Martim Afonso, nso, que construísse struíssse uma capela sob ob a invocação invocaçãoã de dde Santo Amaro, no local onde depois foi construída uída a Fortaleza da Barra Grande e que deu origem ao nome da Ilha de Santo Amaro. Jorge realizou muitas empreitadas na ilha para alavancar seu desenvolvimento: edificou mais engenhos, trouxe capivaras e iniciou muitos tipos de plantações.