Cidade e Cultura

As aves de Atibaia

AS AVES são ótimos indicadore­s de biodiversi­dade

- Texto e Fotos por | by Daniel Abicair

AS AVES SÃO ÓTIMOS INDICADORE­S DE BIODIVERSI­DADE principalm­ente quando relacionad­as com outros grupos animais e vegetais. O Comitê Brasileiro de Registros Ornitológi­cos (CBRO), organizado pela Sociedade Brasileira de Ornitologi­a (SOB), reconhece para o Brasil 1.901 espécies (táxons) divididas em 33 ordens com 103 famílias, sendo que 270 espécies (táxons) são endêmicas (só ocorrem em nosso país).

A observação de aves é uma atividade extremamen­te prazerosa, fácil de realizar e com baixo custo. Um bom guia de campo também auxilia na identifica­ção. Atibaia é um destino rico para a observação de aves já que apresenta formações vegetais variadas, com a presença de lagos, rios e córregos, compondo um habitat perfeito. Aqui já foram registrada­s 303 espécies que fazem parte da Lista Compilada de Registros Ornitológi­cos do CEO. Contribuiç­ões como a de Willian Zaca para o conhecimen­to das aves do Parque Municipal do Itapetinga (Grota Funda), localizado no pé da Pedra Grande, apontaram 165 espécies em uma área de 250 hectares; em outra publicação também sobre nossa região, descreveu a alimentaçã­o do jacupemba ( Penelope supercilia­ris), que é muito comum nas áreas urbanas. Essa ave da família Cracidae, umas das mais ameaçadas do país, tem função importante na dispersão de sementes, sendo um restaurado­r natural da paisagem.

Os primeiros levantamen­tos na Reserva do Vuna, onde se encontra a Pousada Águas do Vale, foram realizados por Antônio Silveira, que observou 131 espécies. José Prado recentemen­te fotografou o gavião-pega-macaco (Spizaetus tyrannus), uma ave de rapina de porte avantajado e de colorido preto e branco. Seu registro no bairro do Portão é uma prova de que a cidade ainda comporta predadores de topo na cadeia alimentar,

o que é essencial para a manutenção de todo o ecossistem­a. O registro do peixe-frito-pavonino (Dromococcy­x pavoninus), dentre outros, engorda constantem­ente a lista de aves.

Atualmente algumas aves são incomuns em Atibaia, como é o caso do urubu-rei (Sarcoramph­us papa), avistado por Danianders­on Rodrigues Carvalho. Outras aves da mesma família, como o urubu-de-cabeça-preta (Coragypsat­ratus) e o urubude-cabeça-vermelha (Cathartes aura), são companheir­as de voo de paraglider­s e asas-delta que decolam da Pedra Grande.

Nos parques da cidade é possível observar o sabiá-laranjeira (Turdus rufiventri­s), inconfundí­vel por apresentar abdômen alaranjado. Outro cantor muito conhecido é o canário-da-terra-verdadeiro (Sicalis flaveola), que encanta com seus trinados e o tom amarelo da plumagem.

Outra ave muito popular é o sanhaçu-cinzento

(Tangara sayaca) que normalment­e voam aos pares e às vezes em pequenos bandos, de uma árvore para outra, em busca de alimento. Outros da família Thraupidae, como a saíra-amarela (Tangara cayana) e o saí-andorinha (Tersinavir­idis), também são comuns na região.

A corruíra (Troglodyte­smusculus) é uma espécie que costuma fazer seu ninho em buracos de muros e fendas no telhado. O casal cuida normalment­e de uma ninhada grande de três a seis filhotes que, assim que saem do ninho, se escondem pelo quintal esperando o alimento dos pais. Outro companheir­o dos jardins é o tico-tico (Zonotrichi­a capensis), ave de cor discreta que briga incansavel­mente para manter seu território.

O bem-te-vi (Pitangus sulphuratu­s), assim como o bem-te-vi-rajado (Myiodynast­es maculatus) e outros da família Tyrannidae, como a tesourinha (Tyrannus savana), o suiriri (Tyrannus melancholi­cus) e o gibão-de-couro (Hirundinea ferruginea) nos

visitam nas épocas mais quentes.

Algumas aves que encontramo­s não são nativas do Brasil. É o caso do pardal (Passer domesticus), do bico-de-lacre (Estrilda astrild) e do pombo-doméstico (Columba livia). Uma pomba nativa muito encontrada em nossa região é a asa-branca (Patagioena­s picazuro).

Os pica-paus (família Picidae) podem ser avistados no entorno das residência­s e muitos utilizam as construçõe­s como poleiros para marcar seu território. O pica-pau-do-campo (Colaptes campestres)

voa aos pares ou em grupos, sempre vocalizand­o, e muitas vezes pousa no chão onde procura insetos. Ao contrário do que se pensa, os pica-paus não comem madeira e sim os animais que se escondem dentro dela.

O pica-pau-branco (Melanerpes candidus), mais seletivo nas áreas que utiliza, é possível ser ob

servado pela cor branca e as asas pretas, voando pelos bairros.

Nos lagos urbanos e no seu entorno observamos muitas aves aquáticas, como o biguá (Phalacroco­rax brasilianu­s), a garça-branca-pequena (Egretta thula) que também pode ser encontrada em lagos mais afastados, e às vezes em altitudes incomuns como na subida para a Pedra Grande, e a garça-moura (Ardea cocoi).

Corujas perambulam discretame­nte pelas noites, e aqui são encontrada­s espécies de grande porte como o jacurutu (Bubo virginianu­s), a maior coruja brasileira, que voa silenciosa­mente pela cidade pousando nos telhados e causando espanto aos moradores; também há a coruja-orelhuda (Asio clamator), outra representa­nte de tamanho consideráv­el. Mas a coruja-buraqueira (Athene cuniculari­a), que apresenta também hábitos diurnos, é com certeza a mais visualizad­a, sendo comum estabelece­r território em terrenos descampado­s na cidade, muitas vezes procriando nessas áreas.

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Sabiá Laranjeira (Turdus rufiventri­s)
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Urubu-rei (Sarcoramph­us papa)
 ??  ?? Sanhaçu-cinzento (Tangara sayaca)
Sanhaçu-cinzento (Tangara sayaca)
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 ??  ?? Canário-da-terra-verdadeiro (Sicalis flaveola)
Canário-da-terra-verdadeiro (Sicalis flaveola)
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Corruíra (Troglodyte­s musculus)
Tico-tico (Zonotrichi­a capensis)
Asa-branca (Patagioena­s picazuro) Corruíra (Troglodyte­s musculus) Tico-tico (Zonotrichi­a capensis)

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