As aves de Atibaia
AS AVES são ótimos indicadores de biodiversidade
AS AVES SÃO ÓTIMOS INDICADORES DE BIODIVERSIDADE principalmente quando relacionadas com outros grupos animais e vegetais. O Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO), organizado pela Sociedade Brasileira de Ornitologia (SOB), reconhece para o Brasil 1.901 espécies (táxons) divididas em 33 ordens com 103 famílias, sendo que 270 espécies (táxons) são endêmicas (só ocorrem em nosso país).
A observação de aves é uma atividade extremamente prazerosa, fácil de realizar e com baixo custo. Um bom guia de campo também auxilia na identificação. Atibaia é um destino rico para a observação de aves já que apresenta formações vegetais variadas, com a presença de lagos, rios e córregos, compondo um habitat perfeito. Aqui já foram registradas 303 espécies que fazem parte da Lista Compilada de Registros Ornitológicos do CEO. Contribuições como a de Willian Zaca para o conhecimento das aves do Parque Municipal do Itapetinga (Grota Funda), localizado no pé da Pedra Grande, apontaram 165 espécies em uma área de 250 hectares; em outra publicação também sobre nossa região, descreveu a alimentação do jacupemba ( Penelope superciliaris), que é muito comum nas áreas urbanas. Essa ave da família Cracidae, umas das mais ameaçadas do país, tem função importante na dispersão de sementes, sendo um restaurador natural da paisagem.
Os primeiros levantamentos na Reserva do Vuna, onde se encontra a Pousada Águas do Vale, foram realizados por Antônio Silveira, que observou 131 espécies. José Prado recentemente fotografou o gavião-pega-macaco (Spizaetus tyrannus), uma ave de rapina de porte avantajado e de colorido preto e branco. Seu registro no bairro do Portão é uma prova de que a cidade ainda comporta predadores de topo na cadeia alimentar,
o que é essencial para a manutenção de todo o ecossistema. O registro do peixe-frito-pavonino (Dromococcyx pavoninus), dentre outros, engorda constantemente a lista de aves.
Atualmente algumas aves são incomuns em Atibaia, como é o caso do urubu-rei (Sarcoramphus papa), avistado por Danianderson Rodrigues Carvalho. Outras aves da mesma família, como o urubu-de-cabeça-preta (Coragypsatratus) e o urubude-cabeça-vermelha (Cathartes aura), são companheiras de voo de paragliders e asas-delta que decolam da Pedra Grande.
Nos parques da cidade é possível observar o sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris), inconfundível por apresentar abdômen alaranjado. Outro cantor muito conhecido é o canário-da-terra-verdadeiro (Sicalis flaveola), que encanta com seus trinados e o tom amarelo da plumagem.
Outra ave muito popular é o sanhaçu-cinzento
(Tangara sayaca) que normalmente voam aos pares e às vezes em pequenos bandos, de uma árvore para outra, em busca de alimento. Outros da família Thraupidae, como a saíra-amarela (Tangara cayana) e o saí-andorinha (Tersinaviridis), também são comuns na região.
A corruíra (Troglodytesmusculus) é uma espécie que costuma fazer seu ninho em buracos de muros e fendas no telhado. O casal cuida normalmente de uma ninhada grande de três a seis filhotes que, assim que saem do ninho, se escondem pelo quintal esperando o alimento dos pais. Outro companheiro dos jardins é o tico-tico (Zonotrichia capensis), ave de cor discreta que briga incansavelmente para manter seu território.
O bem-te-vi (Pitangus sulphuratus), assim como o bem-te-vi-rajado (Myiodynastes maculatus) e outros da família Tyrannidae, como a tesourinha (Tyrannus savana), o suiriri (Tyrannus melancholicus) e o gibão-de-couro (Hirundinea ferruginea) nos
visitam nas épocas mais quentes.
Algumas aves que encontramos não são nativas do Brasil. É o caso do pardal (Passer domesticus), do bico-de-lacre (Estrilda astrild) e do pombo-doméstico (Columba livia). Uma pomba nativa muito encontrada em nossa região é a asa-branca (Patagioenas picazuro).
Os pica-paus (família Picidae) podem ser avistados no entorno das residências e muitos utilizam as construções como poleiros para marcar seu território. O pica-pau-do-campo (Colaptes campestres)
voa aos pares ou em grupos, sempre vocalizando, e muitas vezes pousa no chão onde procura insetos. Ao contrário do que se pensa, os pica-paus não comem madeira e sim os animais que se escondem dentro dela.
O pica-pau-branco (Melanerpes candidus), mais seletivo nas áreas que utiliza, é possível ser ob
servado pela cor branca e as asas pretas, voando pelos bairros.
Nos lagos urbanos e no seu entorno observamos muitas aves aquáticas, como o biguá (Phalacrocorax brasilianus), a garça-branca-pequena (Egretta thula) que também pode ser encontrada em lagos mais afastados, e às vezes em altitudes incomuns como na subida para a Pedra Grande, e a garça-moura (Ardea cocoi).
Corujas perambulam discretamente pelas noites, e aqui são encontradas espécies de grande porte como o jacurutu (Bubo virginianus), a maior coruja brasileira, que voa silenciosamente pela cidade pousando nos telhados e causando espanto aos moradores; também há a coruja-orelhuda (Asio clamator), outra representante de tamanho considerável. Mas a coruja-buraqueira (Athene cunicularia), que apresenta também hábitos diurnos, é com certeza a mais visualizada, sendo comum estabelecer território em terrenos descampados na cidade, muitas vezes procriando nessas áreas.