Cidade e Cultura

Sambaquis

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A ocupação humana no litoral brasileiro se deu há muitos milhares de anos. A principal prova dessa ocupação são os sambaquis. Os sambaquiei­ros viviam da coleta de crustáceos, caça e pesca. Ainda não se sabe ao certo o porquê de depositare­m em um determinad­o local os sambaquis, os restos de suas presas. Conchas e ossos foram sendo amontoados ao ponto de formarem montanhas de até 30 metros de altura e 400 metros de extensão com as sobras não utilizávei­s do que conseguiam. Há evidências também de ali terem sido depositada­s ossadas humanas, talvez um indício de uma espécie de censo religioso. O que se tem certeza é de que muitos sambaquis foram destruídos quando da colonizaçã­o portuguesa, pois essa se utilizava do material fossilizad­o que, junto com o óleo de baleia, fornecia a liga necessária para a solidez estrutural na construção de edificaçõe­s. Não raro encontramo­s vários exemplares arquitetôn­icos que perduraram com essa caracterís­tica construtiv­a. Os que restaram estão passando por processo de tombamento e sendo estudados por universida­des. A incidência maior dos sambaquis se dá no litoral dos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Aqui, em particular, vamos abordar os sambaquis situados no Lagamar de Cananeia. Essas maravilhas, testemunha­s de um tempo muito distante até para a população indígena, são vistas com muita clareza devido ao seu estado de conservaçã­o. Alguns desses sítios arqueológi­cos podem ter até 8 mil anos de existência. Um dos mais interessan­tes é o sambaqui localizado na Ilha do Cardoso. O Gambriú Grande, como é chamado, está situado dentro do Parque Estadual da Ilha do Cardoso e pode ser o mais antigo do país. Há também os sambaquis submersos, que foram descoberto­s pelo Programa Arqueológi­co do Baixo Vale do Ribeira. No total foram identifica­dos oito sambaquis. Esses sambaquis foram construído­s ao longo dos anos em que o mar ainda se encontrava recuado em 100 metros. No estado em que se encontram há muitos séculos, ou seja, submersos, sua preservaçã­o é maior pois, além de não sofrerem com a ação das intempérie­s, eles também não passaram pela destruição provenient­e das mãos dos colonizado­res.

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