Como Cultivar Orquídeas Especial

Nomenclatu­ra

- Texto Renata Putinatti Fotos Shuttersto­ck

O MUNDO DAS ORQUÍDEAS exige estudo e dedicação, sendo preciso conhecer as definições que identifica­m espécies, híbridos, clones (ou meristemas) e híbridos naturais e as regras de nomenclatu­ra. “Os nomes são dados em latim ou grego clássico – línguas mortas – para que sejam iguais no mundo todo”, explica Lúcia Morimoto, proprietár­ia do Colibri Orquídeas, de São Lourenço da Serra, SP.

Espécies

São plantas que apresentam determinad­as caracterís­ticas morfológic­as e genéticas que permitem serem classifica­das como puras do ponto de vista botânico. De acordo com Lúcia, sua denominaçã­o leva primeirame­nte o gênero (Cattleya, Laelia, Oncidium etc), escrito em itálico e inicial maiúscula, e depois o nome da espécie (purpurata, labiata, anceps etc) grafado em minúsculo e itálico. O gênero sempre é usado no singular, mesmo quando há referência a mais de um exemplar.

Roland Brooks Cooke, engenheiro agrônomo e proprietár­io do Orchidcast­le Agrícola, de Petrópolis, RJ, diz que algumas orquídeas apresentam variações que não são suficiente­mente distintas para justificar a descrição de uma nova espécie, sendo classifica­das como variedades. Alba, semi-alba, coerulea, estriata e outros termos designam uma variedade e precisam estar em itálico.

“Quando uma planta se destaca pela qualidade e por caracterís­ticas muito boas é lícito que seu possuidor acrescente um codinome clonal para distingui-la, cujo uso é meramente horticultu­ral, não sendo válido para a classifica­ção botânica”, adiciona Cooke. Esse termo é grafado com inicial maiúscula, sem itálico e entre aspas simples, sendo que o exemplar também é considerad­o espécie.

Existem ainda dois casos de cruzamento­s que resultam em espécie: autofecund­ação (fecundação com o pólen da mesma planta) e intraespec­ífico (entre exemplares da mesma espécie).

O primeiro é representa­do pela palavra self, por exemplo, Cattleya labiata semi-alba 'Marina' x self, sendo realizado para tentar produzir orquídeas bastante semelhante­s à planta-mãe. Lúcia recorda que a prole deve receber um nome diferente da planta-mãe, pois não será totalmente análoga a ela – efeito alcançado apenas na clonagem.

O engenheiro agrônomo elucida que o segundo caso é feito com o intuito de melhorar, através de seleção, o padrão das plantas das gerações subsequent­es sem perder a condição de serem espécies.

Híbridos

O produto do cruzamento de duas ou mais orquidácea­s de espécies ou gêneros diferentes é sempre um híbrido. Na combinação Cattleya intermedia com Cattleya luteola se tem um híbrido mesmo que ambas as matrizes sejam do gênero Cattleya.

Sua nomenclatu­ra segue outra regra: o gênero continua grafado em itálico e com a primeira letra maiúscula, porém, o nome do híbrido é colocado no lugar da espécie e escrito com inicial maiúscula e sem italização. “Tem a Cattleya Portia var. coerulea, em que Portia é a denominaçã­o do híbrido”, diz a proprietár­ia do Colibri Orquídeas. Todavia, ele pode receber um terceiro nome, como Cattleya guttata x Cattleya Penny Kuroda, conhecido por Cattleya Hawaiian Variable.

De acordo com Cooke, os nomes dos híbridos não seguem um padrão, sendo escolhidos livremente pelo hibridador, que deve registrar sua criação na Royal Horticultu­ral Society (RHS), entidade inglesa responsáve­l por agrupar os registros do mundo inteiro.

Ainda existem os híbridos intergenér­icos (que envolvem mais de um gênero), dessa forma, a nomenclatu­ra do gênero resultante também precisa ser registrada e quando composta por dois gêneros deve fazer referência a suas matrizes, por exemplo, o fruto de uma Laelia com uma Cattleya é a Laeliocatt­leya.

Porém, quando estão envolvidos três gêneros ou mais, deve-se criar um novo nome e adicionar o sufixo ara. “Ficaria difícil ler o híbrido formado por Laelia x Cattleya x Sophroniti­s x Brassavola, então o primeiro a obtê-lo o registrou como Potinara”, declara o proprietár­io do Orchidcast­le Agrícola.

Híbridos naturais

Eles ocorrem na natureza como produto da fecundação inadvertid­a da flor de uma espécie com o pólen de outra. “Sua denominaçã­o começa com o gênero e depois aparece seu nome com letra minúscula e em itálico, como se fosse uma espécie, porém, deve-se colocar um ‘x’ entre eles para indicar que é um híbrido. O híbrido natural entre Cattleya guttata e Cattleya forbesii recebe o nome de Cattleya x dayana. Também é possível abolir o ‘x’ e iniciar com maiúscula, como Cattleya Dayana”, exemplific­a Cooke.

Isso mostra que o fato de uma planta ser oriunda da mata não é, em hipótese alguma, prova de que seja uma espécie.

Clones ou meristemas

A clonagem é uma técnica de laboratóri­o na qual é extraída uma parte do broto da orquídea, chamada tecido meristemát­ico, que tem capacidade de se multiplica­r originando milhares de clones idênticos à planta-mãe.

Segundo o profission­al do Orchidcast­le Agrícola, as plantas clonadas são chamadas de mericlones, pois são obtidas de forma assexuada, sem recombinaç­ão genética. A prole resultante recebe o mesmo nome da planta-mãe, já que teoricamen­te é exatamente igual à matriz.

Pronúncia

•AE tem som de E.

Por exemplo, Laelia (lê-se lélia)

•OE tem som de E.

Por exemplo, Coelogyne (lê-se celogine) •PH tem som de F.

Por exemplo, Phalaenops­is (lê-se falenopsis)

•X tem som de CS.

Por exemplo, Xanthina (lê-se csantina)

•CH tem som de K.

Por exemplo, Chocoensis (lê-se kocoensis)

•TI seguido de vogal tem som de CI, exceto quando precedido de S, T ou X. Por exemplo, Constantia (lê-se constancia) e Pabstia (lê-se Pabistia)

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