Como Cultivar Orquídeas Especial
Nomenclatura
O MUNDO DAS ORQUÍDEAS exige estudo e dedicação, sendo preciso conhecer as definições que identificam espécies, híbridos, clones (ou meristemas) e híbridos naturais e as regras de nomenclatura. “Os nomes são dados em latim ou grego clássico – línguas mortas – para que sejam iguais no mundo todo”, explica Lúcia Morimoto, proprietária do Colibri Orquídeas, de São Lourenço da Serra, SP.
Espécies
São plantas que apresentam determinadas características morfológicas e genéticas que permitem serem classificadas como puras do ponto de vista botânico. De acordo com Lúcia, sua denominação leva primeiramente o gênero (Cattleya, Laelia, Oncidium etc), escrito em itálico e inicial maiúscula, e depois o nome da espécie (purpurata, labiata, anceps etc) grafado em minúsculo e itálico. O gênero sempre é usado no singular, mesmo quando há referência a mais de um exemplar.
Roland Brooks Cooke, engenheiro agrônomo e proprietário do Orchidcastle Agrícola, de Petrópolis, RJ, diz que algumas orquídeas apresentam variações que não são suficientemente distintas para justificar a descrição de uma nova espécie, sendo classificadas como variedades. Alba, semi-alba, coerulea, estriata e outros termos designam uma variedade e precisam estar em itálico.
“Quando uma planta se destaca pela qualidade e por características muito boas é lícito que seu possuidor acrescente um codinome clonal para distingui-la, cujo uso é meramente horticultural, não sendo válido para a classificação botânica”, adiciona Cooke. Esse termo é grafado com inicial maiúscula, sem itálico e entre aspas simples, sendo que o exemplar também é considerado espécie.
Existem ainda dois casos de cruzamentos que resultam em espécie: autofecundação (fecundação com o pólen da mesma planta) e intraespecífico (entre exemplares da mesma espécie).
O primeiro é representado pela palavra self, por exemplo, Cattleya labiata semi-alba 'Marina' x self, sendo realizado para tentar produzir orquídeas bastante semelhantes à planta-mãe. Lúcia recorda que a prole deve receber um nome diferente da planta-mãe, pois não será totalmente análoga a ela – efeito alcançado apenas na clonagem.
O engenheiro agrônomo elucida que o segundo caso é feito com o intuito de melhorar, através de seleção, o padrão das plantas das gerações subsequentes sem perder a condição de serem espécies.
Híbridos
O produto do cruzamento de duas ou mais orquidáceas de espécies ou gêneros diferentes é sempre um híbrido. Na combinação Cattleya intermedia com Cattleya luteola se tem um híbrido mesmo que ambas as matrizes sejam do gênero Cattleya.
Sua nomenclatura segue outra regra: o gênero continua grafado em itálico e com a primeira letra maiúscula, porém, o nome do híbrido é colocado no lugar da espécie e escrito com inicial maiúscula e sem italização. “Tem a Cattleya Portia var. coerulea, em que Portia é a denominação do híbrido”, diz a proprietária do Colibri Orquídeas. Todavia, ele pode receber um terceiro nome, como Cattleya guttata x Cattleya Penny Kuroda, conhecido por Cattleya Hawaiian Variable.
De acordo com Cooke, os nomes dos híbridos não seguem um padrão, sendo escolhidos livremente pelo hibridador, que deve registrar sua criação na Royal Horticultural Society (RHS), entidade inglesa responsável por agrupar os registros do mundo inteiro.
Ainda existem os híbridos intergenéricos (que envolvem mais de um gênero), dessa forma, a nomenclatura do gênero resultante também precisa ser registrada e quando composta por dois gêneros deve fazer referência a suas matrizes, por exemplo, o fruto de uma Laelia com uma Cattleya é a Laeliocattleya.
Porém, quando estão envolvidos três gêneros ou mais, deve-se criar um novo nome e adicionar o sufixo ara. “Ficaria difícil ler o híbrido formado por Laelia x Cattleya x Sophronitis x Brassavola, então o primeiro a obtê-lo o registrou como Potinara”, declara o proprietário do Orchidcastle Agrícola.
Híbridos naturais
Eles ocorrem na natureza como produto da fecundação inadvertida da flor de uma espécie com o pólen de outra. “Sua denominação começa com o gênero e depois aparece seu nome com letra minúscula e em itálico, como se fosse uma espécie, porém, deve-se colocar um ‘x’ entre eles para indicar que é um híbrido. O híbrido natural entre Cattleya guttata e Cattleya forbesii recebe o nome de Cattleya x dayana. Também é possível abolir o ‘x’ e iniciar com maiúscula, como Cattleya Dayana”, exemplifica Cooke.
Isso mostra que o fato de uma planta ser oriunda da mata não é, em hipótese alguma, prova de que seja uma espécie.
Clones ou meristemas
A clonagem é uma técnica de laboratório na qual é extraída uma parte do broto da orquídea, chamada tecido meristemático, que tem capacidade de se multiplicar originando milhares de clones idênticos à planta-mãe.
Segundo o profissional do Orchidcastle Agrícola, as plantas clonadas são chamadas de mericlones, pois são obtidas de forma assexuada, sem recombinação genética. A prole resultante recebe o mesmo nome da planta-mãe, já que teoricamente é exatamente igual à matriz.
Pronúncia
•AE tem som de E.
Por exemplo, Laelia (lê-se lélia)
•OE tem som de E.
Por exemplo, Coelogyne (lê-se celogine) •PH tem som de F.
Por exemplo, Phalaenopsis (lê-se falenopsis)
•X tem som de CS.
Por exemplo, Xanthina (lê-se csantina)
•CH tem som de K.
Por exemplo, Chocoensis (lê-se kocoensis)
•TI seguido de vogal tem som de CI, exceto quando precedido de S, T ou X. Por exemplo, Constantia (lê-se constancia) e Pabstia (lê-se Pabistia)