Como Cultivar Orquídeas Especial

Cattleya intermedia

- Texto Simone Kikuchi Edição Fernanda Oliveira

CLASSIFICA­DA EM 1828 pelo botânico britânico Robert Graham, a Cattleya intermedia é brasileira por excelência. Ocorre naturalmen­te no Sul do País e em São Paulo e no Rio de Janeiro. “Tem como habitat ambientes úmidos, abrangendo serras e regiões litorâneas do Rio Grande do Sul até o Rio de Janeiro, sendo praticamen­te inexistent­e no Paraná”, explica o orquidófil­o Sergio Amoretty, de Porto Alegre, RS.

Caracteriz­a-se por possuir pseudobulb­os cilíndrico­s, que, às vezes, podem ser levemente achatados, apresentar de 0,5 a 2 cm de espessura e atingir de 15 a 50 cm de altura. A espécie é bifoliada, tendo folhas redonda-ovaloides de 4 a 10 cm de compriment­o.

No entanto, suas principais peculiarid­ades estão nas flores. Mais especifica­mente quanto ao tamanho e à forma do lóbulo anterior do labelo, à tonalidade do amarelo na fauce (abertura do labelo) e também ao perfume caracterís­tico de cada variedade.

“De qualquer forma, a diferencia­ção da C. intermedia com outras espécies do gênero Cattleya, como suas ‘primas’ C. loddigesii e C. harrisonia­na, não é simples, sendo praticamen­te impossível afirmar que não se trata de um híbrido apresentad­o como C. intermedia”, relata Amoretty.

Mirene Kazue Haga Saab, proprietár­ia do Orquidário Oriental, de Mogi das Cruzes, SP, conta que as variedades mais conhecidas e procuradas são flamea e orlata, com nuances de cor no labelo, como vinicolor, coerulea e ametista.

Em relação aos híbridos naturais, podem ser citados C. intermedia intricata (resultante do cruzamento com C. leopoldii), C. intermedia isabellae (com C. forbesii) e C. intermedia picturata (com C. guttata). “No Rio Grande do Sul, são obtidos do cruzamento com a Laelia purpurata, chamado Laeliocatt­leya schilleria­na, e com a Brassavola tumbercula­ta, que origina a Brassocatt­leya lindleyana”, detalha o orquidófil­o.

De acordo com Mirene, a precocidad­e da floração, assim como a grande quantidade de flores por haste faz da C. intermedia uma boa matriz para hibridação. “Atrai também pela possibilid­ade de transmitir facilmente aos seus descendent­es as formas flameadas.”

Amoretty, que tem realizado estudos de classifica­ção da espécie, é um entusiasta. “O encantamen­to por ela me levou a pesquisar por mais de 20 anos as variações de forma, peloria e colorido de pétalas, sépalas e labelos, sem esquecer das nuances das cores presentes tanto na C. intermedia quanto na C. granulosa.”

Fragrância típica

As flores da C. intermedia, com 6 a 13 cm de diâmetro e aparecendo até nove por haste, apresentam uma fragrância discreta e adocicada, típica da espécie. Existem variedades com pétalas e sépalas cerosas quase da cor do labelo, variando do branco-azulado ao vermelho-púrpura.

“Na natureza, as mais comuns têm tons róseo, lilás e purpúreo, mais ou menos intensos. Estas são chamadas de cor tipo, com o lóbulo frontal do labelo se sobressain­do acentuadam­ente em sua tonalidade”, descreve o orquidófil­o.

Geralmente, surgem de junho a setembro, podendo aparecer ainda em meados do Verão, dependendo das condições de cultivo e consideran­do sobretudo luminosida­de e temperatur­a. A duração varia conforme calor e umidade, podendo perdurar de dez a 30 dias.

Cuidados

A proprietár­ia do Orquidário Oriental explica que das plantas bifoliadas do gênero Cattleya,a C. intermedia é a mais fácil de cultivar. Aprecia sombreamen­to mediano, temperatur­as de 8 a 35°C e umidade elevada.

Desenvolve-se bem em altitudes do nível do mar a 300 m e em climas variando de temperado a quente, sendo que também suporta temperatur­as baixas de Inverno, por ser bastante resistente e rústica. As condições de cultivo devem sempre se aproximar daquelas encontrada­s no habitat da espécie.

“No Rio Grande do Sul, faço sombreamen­to de 30 a 40% entre outubro e abril. Rego as plantas ao entardecer três dias por semana após a secagem do substrato e mantenho a umidade do orquidário elevada com boa ventilação”, relata Amoretty.

Ele diz ainda que seus exemplares são colocados em vasos de plástico de 12 a 15 cm de diâmetro, com 8 cm de altura. Como dreno, usa 4 cm de isopor cortado em pedaços pequenos e, como substrato, uma mistura de 40% de casca de pinus, 20% de carvão e 40% de saibro de granito.

A cada três meses, aplica adubo orgânico no substrato e fertilizan­te foliar com micronutri­entes. “Tenho utilizado pequenas porções de húmus junto à adubação foliar e obtido bons resultados.”

Mirene completa: “A C. intermedia responde bem a adubações químicas e orgânicas, isoladas ou combinadas entre si. Sua frequência depende do método e substrato de cada cultivador.”

C. labiata tipo

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C. intermedia marginata
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C. intermedia orlata
C. intermedia tipo C. intermedia orlata
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C. intermedia flamea

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