Como Cultivar Orquídeas Especial
Cattleya labiata
DESCRITA EM 1821 pelo botânico inglês John Lindley, a Cattleya labiata é uma espécie de grande valor ornamental, devido principalmente às inúmeras variedades. Tipicamente brasileira, tem o Nordeste como habitat. É considerada a mais representativa dentre as orquídeas nativas da região. Ocorre em locais com altitudes entre 500 e 1.000 m nos estados de Alagoas, Ceará, Paraíba e Pernambuco.
Seu cultivo está diretamente relacionado à disseminação das Cattleya, que passaram a ser cultivadas em maior escala a partir de 1818, quando o colecionador de orquídeas inglês William Cattley of Barnet conseguiu fazer florir um exemplar de C. labiata pela primeira vez no Outono europeu.
Os pseudobulbos utilizados foram de plantas coletadas na Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, RJ. Cattley mostrou as magníficas orquidáceas a Lindley, que as batizou de Cattleya em sua homenagem e labiata, devido ao labelo que lhe chamou muita atenção.
No entanto, fica a dúvida se os exemplares enviados a Cattley eram realmente da Serra dos Órgãos, no Sudeste, uma vez que a C. labiata está restrita a alguns estados da região Nordeste. Especialistas contam que no Rio de Janeiro ocorria a Cattleya warneri que, durante muito tempo, foi considerada uma variedade da C. labiata (C. labiata warneri).
Para cuidar bem
“É uma planta extremamente resistente e com grande capacidade de adaptação. Como exceção da espécie, pode-se citar a variedade alba, mais sensível aos insetos”, relata José Carlos Barrico de Souza, orquidófilo, de São Paulo, SP. “De modo geral, tem cultivo muito simples e oferece flores espetaculares. É uma das melhores opções para os iniciantes.”
Aprecia locais com bastante luminosidade e temperaturas entre 22°C, no Inverno (estação das chuvas no Nordeste), e 28°C no Verão. Inclusive, para Ângelo Lo Ré, orquidófilo, de Serra Negra, SP, o segredo para uma floração intensa é a luminosidade. “Os antigos ‘labiateiros’ diziam que uma boa florada se dá quando a C. labiata possui uma tonalidade levemente amarelada em suas folhas, demonstrando que ficou bastante exposta aos raios solares propositalmente.”
Ele ainda conta que usa como substrato a fibra de coco acondicionada em cachepôs, em substituição ao xaxim (ameaçado de extinção). “O cachepô cria um ambiente altamente favorável, principalmente para as plantas pequenas, onde o desenvolvimento é espetacular”, detalha Lo Ré.
Quanto à rega, deve ser abundante na época de crescimento, mas reduzida antes do período de florescimento. Para a adubação, Souza diz que, em geral, as orquídeas necessitam de doses homeopáticas. “É melhor aplicar o adubo frequentemente do que usar uma dosagem mais forte com espaçamento maior”, garante.
Ele explica que uma maneira fácil de saber se o exemplar está tendo bom desenvolvimento é checando a altura de seus pseudobulbos. “O ideal é que a cada florada o pseudobulbo tenha crescido um pouco mais do que no momento da floração anterior.”
Peculiaridades
As flores da C. labiata podem ser róseo-liláses ou róseo-avermelhadas, com labelo apresentando mancha na tonalidade púrpura e margem branca. Destaque para a diversidade de cores das variedades da espécie, como alba, concolor e amesiana.
A floração tem seu pico nos meses de março e abril, apresentando até cinco flores por haste, com 12 a 17 cm de diâmetro, sendo que a amesiana possui as maiores estruturas.
A C. labiata faz parte do grupo de Cattleya monofoliadas ou unifoliadas, ou seja, que possuem apenas um folha por pseudobulbo, assim como acontece com C. mossiae, C. percivaliana, C. trianae e C. warscewiczii. As folhas são verde-claras, coloração garantida pela alta luminosidade de que necessita.