Como Cultivar Orquídeas Especial
Cattleya leopoldii
CÉLEBRE POR SUAS FLORES GRANDES e belas, as curiosidades a respeito da Cattleya leopoldii já começam por seu nome. Batizada assim em homenagem ao rei Leopoldo, da Bélgica, um grande admirador de orquídeas, há poucos anos, acabou sendo reclassificada como C. tigrina.
Sua descoberta aconteceu em 1848 pelo botânico francês Achille Richard. No entanto, foi descrita somente seis anos mais tarde por seu compatriota Charles Lemaire, que a classificou como C. guttata.
“Ainda existem controvérsias em relação à nomenclatura. A planta descrita por Richard como C. tigrina poderia ser, na verdade, uma C. guttata. Inclusive, alguns pesquisadores consideram a C. leopoldii uma espécie muito próxima da C. guttata, que foi durante muito tempo tida como sua variedade. Assim, muitos são os orquidófilos que continuam utilizando o sinônimo leopoldii, não trocam suas etiquetas e são radicais quanto a essa posição”, explica René Rocha, professor da área de ciências biológicas, de Areado, MG, em sua obra ABC do Orquidófilo.
Esta espécie segue sendo comercializada com os nomes populares de leopoldão e leopoldii-do-sul, por ser muito abundante nos estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, embora possa ser encontrada até o litoral da Bahia.
Características
Planta de grande porte, que pode ultrapassar 1 m de altura, a C. leopoldii é uma Cattleya bifoliada. “Quando adulta em seu habitat ideal, apresenta pseudobulbos robustos e cilíndricos e também folhas largas e espessas, em geral de forma ovoide-arredondada ou ainda levemente lanceolada. Tem raízes grossas de 2 a 3 mm, que se prolongam por mais de 1 m”, detalha o orquidófilo Sergio Amoretty, de Porto Alegre, RS.
Ainda segundo ele, a floração abundante também é marcante na espécie. “A haste floral pode apresentar mais de 20 cm de comprimento. As flores aparecem de três ou quatro a até mais de 20 por haste com tamanho variando entre 5 e 10 cm de diâmetro. Quanto maior o número, menores serão essas estruturas”, adiciona.
De acordo com Julio Pilla, orquidófilo e produtor rural, também da capital gaúcha, apresentam labelo tipicamente trilobado cobrindo a coluna, sendo que na espécie tipo, as pétalas e sépalas são marrom-avermelhadas com pintas escuras. “Têm durabilidade em torno de 15 dias. Quanto ao perfume, é intenso na C. leopoldii tipo, sendo reduzido nas variedades albina, coerulea e lilasina”, afirma, acrescentando que as floradas no Rio Grande do Sul ocorrem nos meses de dezembro e janeiro. Enquanto em outras regiões acontecem em fevereiro.
Considerando as cores, existem diversas variedades, por exemplo, alba, albescens, albina, coerulea, flamea e lilasina, sendo todas muito requisitadas. “As flores da C. leopoldii trilabelo alba são destacadas por oferecer condições de, em futuros cruzamentos, propiciar o surgimento de exemplares com coloridos diferentes da planta tipo”, conta Pilla.
Além das espécies com diferentes tonalidades, na natureza, também são encontrados muitos híbridos naturais originados de cruzamentos da C. leopoldii com outras orquidáceas. Os mais comuns são C. intricata (com C. intermedia), Laeliocattleya elegans (com Laelia purpurata)e Brassocattleya tramandahy (com Brassavola tuberculata). “A aceitação comercial é enorme e vem crescendo principalmente com as novas plantas trilabelo”, diz Amoretty.
Cultivo
Para cultivar a C. leopoldii, é preciso propiciar condições muito próximas das encontradas na natureza. Como se trata de uma orquídea de regiões litorâneas, deve ser mantida em locais bem ventilados, com alta umidade relativa do ar e à meia-sombra.
“No Verão, a luminosidade deve ser controlada com sombrite de 50% colocado acima do filme plástico, sendo que abaixo deste é importante outro tipo de sombreamento feito com uma tela de 35%, que precisa ser retirada no Outono-inverno”, explica o orquidófilo e produtor rural.
A espécie também requer substrato que impeça o encharcamento das raízes e propicie seu arejamento contínuo. Ambos os colecionadores indicam a casca de pinus misturada com saibro peneirado. “Este composto tem um ótimo desempenho. Mas, neste caso, as regas devem ocorrer com mais frequência. Em ambientes muito secos, recomenda-se o uso de mais casca de pinus, podendo chegar a 50-50% na proporção com brita, pois, assim, auxiliará na manutenção da umidade adequada para a planta”, informa Pilla.
Amoretty acrescenta que bons resultados também podem ser alcançados com mistura de saibro, casca de pinus e carvão vegetal, todos em granulação média, na proporção de 3-2-1. Na falta do primeiro material, pode-se utilizar casca de coco seco.
Resistente a temperaturas entre 10 e 35ºc, a C. leopoldii pede regas conforme a frequência das chuvas. Durante o Verão, devem ser diárias. “Cabe ressaltar que entre uma e outra é preciso deixar que o substrato seque. Nas outras estações, o fornecimento de água deve ser reduzido, podendo ser feito a cada dois ou três dias, conforme a temperatura”, diz Pilla.
A adubação precisa ser realizada de acordo com as necessidades dos períodos de atividade metabólica e dormência. O orquidófilo e produtor rural recomenda o adubo orgânico consorciado a outro fertilizante rico em micronutrientes. “Aplique uma colher (café), de modo que fique na superfície do substrato, sempre na parte traseira do exemplar. O ideal é reaplicar quando o produto não estiver mais visível.”
Quanto ao replantio, deve ser feito no momento em que a planta alcançar a borda do vaso, o substrato se decompuser ou ainda o enraizamento acontecer para fora do vaso.
“No caso da obtenção de mudas por divisão, deve-se seccionar o rizoma total ou parcialmente até o meio utilizando uma faca bem afiada e esterilizada, separando sempre no mínimo quatro bulbos, durante a fase de repouso. Posteriormente, deve-se colocar no corte pó de carvão ou outro cicatrizante estéril. Quando iniciar o enraizamento, é indicado o uso de adubo NPK 10-20-10 mais magnésio e cálcio e reinstalar as mudas em novos vasos”, conta o orquidófilo de Porto Alegre.
Plantas saudáveis
Quando tem suas necessidades atendidas, a C. leopoldii se torna bem resistente a ataques de pragas e doenças, que geralmente ocorrem no início da Primavera, quando há proliferação dos insetos. “As cochonilhas, os pulgões e os percevejos podem provocar danos irreparáveis. As estufas, por se tratarem de ambientes fechados, reduzem bem este problema”, afirma Pilla. O uso de fungicidas ou bactericidas sistêmicos preventivos é recomendado na entrada do Inverno, para que a planta chegue à próxima estação já resguardada contra ataques.
Esta espécie também costuma ser molestada por lesmas, caracóis e lagartas. Os dois primeiros podem ser combatidos com metaldeído granulado, evitando a umidade. Mas antes do emprego de qualquer produto químico, é indicado procurar um profissional qualificado. Enquanto no caso das lagartas, a retirada manual é a melhor solução. Para capturá-las, basta mergulhar o exemplar com vaso em um balde com água por cerca de 20 minutos.
C. loddigesii