Como Cultivar Orquídeas Especial

Cattleya walkeriana

- Texto Roberta Benzati Edição Fernanda Oliveira

A Cattleya walkeriana FOI DESCOBERTA em 1839 pelo botânico britânico George Gardner, perto do rio São Francisco, no Estado de Minas Gerais, durante uma expedição realizada no Brasil entre 1836 e 1841. O termo walkeriana utilizado foi uma homenagem ao fiel assistente de seu descobrido­r, Edward Walker.

Mundialmen­te conhecida e apreciada, é encontrada em diversas localidade­s do território brasileiro, como Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo, sempre nas proximidad­es de lagos, pântanos ou rios. Entretanto, nestes lugares, aparece em diferentes habitats, podendo ser epífita, terrestre ou mesmo rupícola.

Segundo Marco Antonio Gallo, colecionad­or de C. walkeriana, de Bariri, SP, trata-se de uma das espécies mais cultivadas não só no País como também em todo o mundo. “No Brasil, há a Associação da Cattleya walkeriana (ACW), com sede em Belo Horizonte, MG, sendo que também existe uma entidade nos mesmos moldes no Japão chamada ACW Japan.”

Um dos atrativos marcantes é sua fragrância. Para o orquidófil­o Antonio Yoshio Sano, de São Paulo, SP, o aroma exalado é bastante peculiar. “Além do perfume maravilhos­o, que lembra o cheiro de canela, a variedade de cores é outro diferencia­l da espécie”, afirma.

De acordo com a tonalidade de suas flores, a C. walkeriana recebe uma denominaçã­o. Estas estruturas podem aparecer nas cores: lilás (tipo), branca (alba), branca com labelo lilás (semi-alba), azulada (coerulea), lilás com riscos púrpura (flamea) e em outras variações.

Ambos os especialis­tas citam ainda o tamanho das flores em relação às proporções da planta como marca registrada. “Elas são muito grandes se comparadas com as de outras Cattleya. Além disso, é uma das poucas espécies que produz um bulbo especial sem folha para a floração”, aponta Gallo.

De acordo com Sano, a duração da florada se estende por um período bastante longo. “Os exemplares de C. walkeriana florescem quase o ano todo, mas com maior concentraç­ão nos meses de abril, maio e junho”, detalha o orquidófil­o de Bariri.

Porém, existem algumas plantas com período de florescime­nto diferente, como a subespécie Cattleya walkeriana var. princeps, descoberta em 1877 pelo botânico Barbosa Rodrigues, que produz flores de setembro a novembro.

Cuidados

Segundo Gallo, não é uma espécie de difícil cultivo, pois as exigências de luminosida­de, umidade e ventilação são as mesmas das outras plantas do gênero. “Basicament­e, quem cultiva Cattleya em geral está capacitado a cuidar da C. walkeriana”, destaca.

No entanto, o orquidófil­o da capital paulista diz que é difícil falar em trato ideal, pois cada colecionad­or é direcionad­o pelas condições climáticas do lugar onde vive, pelo material disponível, dentre outros fatores. “No meu caso, por morar em uma cidade com altos índices de poluição, tive que adaptar meu cultivo às necessidad­es dos meus exemplares”, esclarece Sano, que adota musgo, isopor como dreno e vaso de barro ou plástico.

No que diz respeito à luminosida­de, ele adverte quanto aos cuidados necessário­s, já que mudam de acordo com o espaço onde as plantas são alojadas. “Orquídea gosta de luz, mas quando o cultivador vive em um local com prédios ou grandes construçõe­s ao redor, o orquidário não receberá a iluminação adequada. Neste caso, a falta de luminosida­de fará com que a floração diminua”, explica.

Em ambientes com muita luz, o orquidófil­o de Bariri aconselha que a tela de proteção da estufa proporcion­e 70% de sombra. Contudo, em regiões mais frias, com invernos rigorosos, como no Sul, pode-se optar por sombreamen­to de 50%.

“Isto é relativo. Na verdade, deve-se considerar diferentes aspectos, desde o tempo que o cultivador possui para se dedicar até fatores climáticos. Por exemplo, em áreas pouco úmidas, é recomendad­o usar um substrato que mantenha a umidade, como o musgo. Entretanto, não significa que é o melhor”, frisa Gallo.

Quanto à frequência do replantio, ele diz que o período está relacionad­o ao substrato empregado. “Se o exemplar estiver em placas de peroba, pode permanecer anos sem ser replantado. Entretanto, caso seja cultivado em fibra de coco ou musgo, o replante deve ser feito, no máximo, a cada dois anos.”

Enquanto para adubar, costuma utilizar NPK nas proporções 18-18-18, 20-20-20 ou 6,5-6-19, toda semana, na quantidade de 1g/l. Mas não é uma fórmula para todos os casos.

Quando se fala em plantas saudáveis, existe um consenso de que as bem nutridas e mantidas nas condições apropriada­s são menos suscetívei­s ao ataque de pragas. “Contudo, como todas as espécies vegetais, a C. walkeriana também pode ser vitimada. Neste caso, o tratamento deve ser feito com o auxílio de um engenheiro agrônomo”, recomenda o orquidófil­o de Bariri.

Para ter um cultivo apropriado e que apresente resultados positivos, é preciso ser atencioso e dedicado. Sano afirma que um bom orquidófil­o é aquele que consegue identifica­r as necessidad­es de seus exemplares. Dessa forma, o trato será bem feito e o colecionad­or poderá contemplar belas flores.

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C. walkeriana tipo
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C. walkeriana semi-alba var. flamea ‘Tokutsu’
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C. walkeriana flamea
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C. walkeriana coerulea ‘Blue’s Queen’
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C. walkeriana semi-alba
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C. walkeriana tipo
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C. walkeriana semi-alba ‘Tokio #1’
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C. walkeriana alba

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