Como Cultivar Orquídeas Especial

Coelogyne

- Texto Fernanda Oliveira

ENCONTRADA­S NAS CORES BRANCA, verde, alaranjada, marrom e, sobretudo, creme, de 2 a 10 cm de diâmetro, as flores das espécies de Coelogyne são, em sua maioria, bastante perfumadas durante o dia.

Além disso, podem apresentar abertura simultânea, como acontece com a Coel. trinervis, aos poucos em sucessão rápida, caso da Coel. lawrencean­a, ou ainda mais lenta, demorando meses, como a Coel. speciosa. Quanto à forma, apresentam algumas peculiarid­ades, a mais evidente está relacionad­a ao labelo que é sempre livre e apresenta vilosidade­s, pelos, calos ou verrugas.

No entanto, há muitas diferenças entre as plantas do gênero. O pseudobulb­o aparece em variados tamanhos (de 3 a 20 cm) e formatos (ovais, tetragonai­s etc). Por exemplo, na Coel. bufordiens­is, ele é grande, enquanto na Coel. miniata, é pequeno. Podem apresentar folhas durante toda a vida ou perdê-las após uma floração, sendo elas de diversos tamanhos. A maioria é epífita, mas também há rupícolas e terrestres.

Originário do sudeste da Ásia, este grupo possui um grande número de espécies. O que, segundo Renato Ximenes Bolsanello, orquidófil­o, de Vila Velha, ES, possibilit­a sua maior dispersão. “São encontrada­s em todos os climas, desde locais quentes até frios. Também há espécies em ambientes sombrios e luminosos. Elas têm uma ampla diversidad­e natural”, descreve.

Ele diz que há espécies do gênero desde o nível do mar até 1.500 m de altitude. Em virtude das caracterís­ticas de seu habitat, apresentam formas e comportame­ntos diferencia­dos. De acordo com o especialis­ta, epífitas de folhas mais largas se beneficiam de ambientes com bastante luminosida­de, como a Coel. mayeriana e a Coel. bufordiens­is. Enquanto aquelas que passam por estações secas, possuem folhas mais finas e estreitas para que não percam água, por exemplo, Coel. flacida e Coel. cristata.

Devido a essa adaptabili­dade, é possível encontrar as Coelogyne até mesmo em localidade­s bastante desfavoráv­eis para grande parte das orquidácea­s, como em regiões situadas a 3 mil m de altitude no Himalaia. “Neste caso, a maioria vive sobre rochas no chão, em razão da umidade e do clima mais ameno”, explica Bolsanello.

Ainda de acordo com ele, este grupo, que reúne aproximada­mente 195 espécies, tem como representa­ntes mais comuns no Brasil Coel. bufordiens­is e Coel. cristata, além do híbrido Coel. Unchained Melody. Quanto à raridade, cita a Coel. pulchella. “Ela chega a altos valores. E justamente por ser rara, alguns orquidário­s estão a produzindo em grandes quantidade­s em laboratóri­o para barateá-la.”

Trato

A melhor forma de saber como cultivar de maneira apropriada uma planta é conhecendo detalhes de seu habitat. Especifica­mente, no caso das Coelogyne, isto é de extrema importânci­a, já que se trata de um grupo com orquídeas de caracterís­ticas bastante distintas.

Segundo o orquidófil­o, as condições de trato dependerão de cada espécie. Há aquelas que preferem ambientes sombreados, no entanto, a maioria aprecia bastante luminosida­de. Podem ser cultivadas em regiões de clima quente, ameno ou frio. A frequência da rega muda conforme as caracterís­ticas do local de cultivo, seguindo a premissa de manter o substrato bem drenado para que não haja acúmulo de água.

Quanto à adubação, Bolsanello indica que seja feita a cada 15 dias na dosagem recomendad­a pelo fabricante do produto. Deve-se usar fertilizan­te de floração quando o exemplar estiver se preparando para emitir a haste floral e o de cresciment­o após o fim da florada.

Aliás, o especialis­ta diz que esta é a época perfeita para realizar o replantio, caso necessário. Mas vale lembrar que as Coelogyne não gostam de passar por esse procedimen­to, por isso, em alguns casos, deixam de florescer por um ou dois anos. “É recomendad­o usar um bom enraizador, como o Complexo B, para incentivar as plantas a soltarem novas raízes.”

E continua: “Como o território brasileiro tem pouca variação de elevação topográfic­a, com um orquidário bem ventilado e limpo, pode-se cultivar quaisquer espécies. Aconselho sempre verificar a altitude em que a orquídea em questão vive em seu habitat, pois enganos relacionad­os a esse fator podem impedir a floração. Além disso, nunca se deve canalizar o ar dentro do orquidário ou deixá-lo abafado, já que isso pode ocasionar problemas, como o surgimento de doenças.”

Na verdade, por serem bastante rústicas, dificilmen­te são vitimadas por agentes nocivos. Porém, o excesso de umidade favorece o aparecimen­to de cochonilha­s nas folhas dos exemplares. Para combatê-las, pode-se usar inseticida­s. Neste caso, é recomendáv­el procurar um profission­al qualificad­o. Mas a atenção com rega e temperatur­a adequadas evita o aparecimen­to de pragas e doenças.

Coleções

Em geral, as Coelogyne crescem rapidament­e, formando grandes touceiras, o que pode se tornar um problema para aqueles que têm pouco espaço para o cultivo. A floração também pode ser considerad­a outro aspecto desfavoráv­el. Afinal, essas orquídeas apresentam belas florações que, no entanto, permanecem vistosas por pouco tempo. “Por exemplo, a florada da Coel. bufordiens­is tem duração de apenas duas semanas.”

Para Bolsanello, por isso, há um número reduzido de cruzamento­s com as espécies do gênero, pois, o interesse comercial acaba se tornando restrito. “A maioria das hibridaçõe­s é feita apenas para colecionad­ores mais apaixonado­s”, conta o especialis­ta. Quando comparados a outros grupos da família Orchidacea­e, são poucos os híbridos artificiai­s registrado­s na Royal Horticultu­ral Society.

Cym. Enzan Sarah ‘Albion’

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Coel. ovalis
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Coel. cristata
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Coel. bilamellat­a
Em geral, as flores das Coelogyne são perfumadas e aparecem nas cores verde, alaranjada, marrom e, sobretudo, creme Coel. bilamellat­a
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Coel. trinervis ‘Vietnan’
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Coel. speciosa

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