Como Cultivar Orquídeas Especial
Coelogyne
ENCONTRADAS NAS CORES BRANCA, verde, alaranjada, marrom e, sobretudo, creme, de 2 a 10 cm de diâmetro, as flores das espécies de Coelogyne são, em sua maioria, bastante perfumadas durante o dia.
Além disso, podem apresentar abertura simultânea, como acontece com a Coel. trinervis, aos poucos em sucessão rápida, caso da Coel. lawrenceana, ou ainda mais lenta, demorando meses, como a Coel. speciosa. Quanto à forma, apresentam algumas peculiaridades, a mais evidente está relacionada ao labelo que é sempre livre e apresenta vilosidades, pelos, calos ou verrugas.
No entanto, há muitas diferenças entre as plantas do gênero. O pseudobulbo aparece em variados tamanhos (de 3 a 20 cm) e formatos (ovais, tetragonais etc). Por exemplo, na Coel. bufordiensis, ele é grande, enquanto na Coel. miniata, é pequeno. Podem apresentar folhas durante toda a vida ou perdê-las após uma floração, sendo elas de diversos tamanhos. A maioria é epífita, mas também há rupícolas e terrestres.
Originário do sudeste da Ásia, este grupo possui um grande número de espécies. O que, segundo Renato Ximenes Bolsanello, orquidófilo, de Vila Velha, ES, possibilita sua maior dispersão. “São encontradas em todos os climas, desde locais quentes até frios. Também há espécies em ambientes sombrios e luminosos. Elas têm uma ampla diversidade natural”, descreve.
Ele diz que há espécies do gênero desde o nível do mar até 1.500 m de altitude. Em virtude das características de seu habitat, apresentam formas e comportamentos diferenciados. De acordo com o especialista, epífitas de folhas mais largas se beneficiam de ambientes com bastante luminosidade, como a Coel. mayeriana e a Coel. bufordiensis. Enquanto aquelas que passam por estações secas, possuem folhas mais finas e estreitas para que não percam água, por exemplo, Coel. flacida e Coel. cristata.
Devido a essa adaptabilidade, é possível encontrar as Coelogyne até mesmo em localidades bastante desfavoráveis para grande parte das orquidáceas, como em regiões situadas a 3 mil m de altitude no Himalaia. “Neste caso, a maioria vive sobre rochas no chão, em razão da umidade e do clima mais ameno”, explica Bolsanello.
Ainda de acordo com ele, este grupo, que reúne aproximadamente 195 espécies, tem como representantes mais comuns no Brasil Coel. bufordiensis e Coel. cristata, além do híbrido Coel. Unchained Melody. Quanto à raridade, cita a Coel. pulchella. “Ela chega a altos valores. E justamente por ser rara, alguns orquidários estão a produzindo em grandes quantidades em laboratório para barateá-la.”
Trato
A melhor forma de saber como cultivar de maneira apropriada uma planta é conhecendo detalhes de seu habitat. Especificamente, no caso das Coelogyne, isto é de extrema importância, já que se trata de um grupo com orquídeas de características bastante distintas.
Segundo o orquidófilo, as condições de trato dependerão de cada espécie. Há aquelas que preferem ambientes sombreados, no entanto, a maioria aprecia bastante luminosidade. Podem ser cultivadas em regiões de clima quente, ameno ou frio. A frequência da rega muda conforme as características do local de cultivo, seguindo a premissa de manter o substrato bem drenado para que não haja acúmulo de água.
Quanto à adubação, Bolsanello indica que seja feita a cada 15 dias na dosagem recomendada pelo fabricante do produto. Deve-se usar fertilizante de floração quando o exemplar estiver se preparando para emitir a haste floral e o de crescimento após o fim da florada.
Aliás, o especialista diz que esta é a época perfeita para realizar o replantio, caso necessário. Mas vale lembrar que as Coelogyne não gostam de passar por esse procedimento, por isso, em alguns casos, deixam de florescer por um ou dois anos. “É recomendado usar um bom enraizador, como o Complexo B, para incentivar as plantas a soltarem novas raízes.”
E continua: “Como o território brasileiro tem pouca variação de elevação topográfica, com um orquidário bem ventilado e limpo, pode-se cultivar quaisquer espécies. Aconselho sempre verificar a altitude em que a orquídea em questão vive em seu habitat, pois enganos relacionados a esse fator podem impedir a floração. Além disso, nunca se deve canalizar o ar dentro do orquidário ou deixá-lo abafado, já que isso pode ocasionar problemas, como o surgimento de doenças.”
Na verdade, por serem bastante rústicas, dificilmente são vitimadas por agentes nocivos. Porém, o excesso de umidade favorece o aparecimento de cochonilhas nas folhas dos exemplares. Para combatê-las, pode-se usar inseticidas. Neste caso, é recomendável procurar um profissional qualificado. Mas a atenção com rega e temperatura adequadas evita o aparecimento de pragas e doenças.
Coleções
Em geral, as Coelogyne crescem rapidamente, formando grandes touceiras, o que pode se tornar um problema para aqueles que têm pouco espaço para o cultivo. A floração também pode ser considerada outro aspecto desfavorável. Afinal, essas orquídeas apresentam belas florações que, no entanto, permanecem vistosas por pouco tempo. “Por exemplo, a florada da Coel. bufordiensis tem duração de apenas duas semanas.”
Para Bolsanello, por isso, há um número reduzido de cruzamentos com as espécies do gênero, pois, o interesse comercial acaba se tornando restrito. “A maioria das hibridações é feita apenas para colecionadores mais apaixonados”, conta o especialista. Quando comparados a outros grupos da família Orchidaceae, são poucos os híbridos artificiais registrados na Royal Horticultural Society.
Cym. Enzan Sarah ‘Albion’