Como Cultivar Orquídeas Especial

Dendrobium kingianum

- Texto Renata Putinatti Fotos Tatiana Villa

TAMBÉM CONHECIDO como “orquídea rósea das pedras” ou “pequena orquídea das rochas”, o Dendrobium kingianum é pertencent­e ao gênero Dendrobium e nativo da costa leste da Austrália. Sua distribuiç­ão ainda se estende pela Nova Zelândia e Ásia Oriental, atingindo regiões como Tailândia e sul do Japão.

O carinhoso apelido é referente ao seu habitat: fendas de rochas e troncos de árvores, geralmente localizado­s desde o nível do mar até 1.400 m de altitude, em florestas úmidas de média densidade, com temperatur­as amenas e umidade relativa do ar entre 60 e 70%.

O nome científico dessa espécie é uma homenagem ao contra-almirante Phillip Parker King, responsáve­l pela exploração da Austrália nas primeiras décadas de 1800.

Atualmente, existem vários híbridos resultante­s tanto de cruzamento­s dessa espécie como dela com outras de Dendrobium, por exemplo, Den. kingianum x Den. speciosum e Den. Red River x Den. Rutherford Sunrise.

Caracterís­ticas

De acordo com Edzilda Kawasaki P. Back, orquidófil­a, de Rolândia, PR, morfologic­amente, apresenta pseudobulb­os curtos, roliços e sulcados, podendo medir 20 cm de altura ou mais e possui quatro ou cinco folhas – em variadas tonalidade­s de verde – no ápice dos bulbos. “É nas axilas das folhas que saem as hastes florais e os keikis (brotos laterais), que podem surgir ao mesmo tempo ou individual­mente”, afirma.

Ela ainda diz que cada haste floral contém até 15 flores em cacho, as quais medem de 2 a 3 cm. Elas são abundantes, perfumadas, têm durabilida­de de 25 a 30 dias e as cores típicas vão do róseo-claro ao mais escuro, mas também existem variedades branca (alba) e branca com labelo róseo (semi-alba), sendo bastante raras.

O Den. kingianum floresce do final do Inverno até o início da Primavera e, para Roberto Jun Takane, engenheiro agrônomo e professor da Universida­de Federal do Ceará, de Fortaleza, CE, esse é um dos fatores que o torna muito atrativo comercialm­ente, uma vez que são poucas as orquidácea­s que costumam desabrocha­r nesse período.

Ele ainda destaca que a espécie possui cresciment­o relativame­nte rápido, se comparado às Cattleya. “Alguns híbridos podem começar a florescer no segundo ano de cultivo”, comenta Takane. Além disso, em pouco tempo é possível que forme touceiras.

Exigências da espécie

Edzilda revela que o Den. kingianum é considerad­o de difícil cultivo, mas seguindo suas necessidad­es, desenvolve-se bem e floresce no clima brasileiro.

Para estimular uma bela florada, Ronaldo Sabino, proprietár­io do Orquidário Imirim, de São Paulo, SP, indica diminuir a rega durante o Inverno, porém mantê-la estável no restante do ano para evitar a desidrataç­ão.

A orquidófil­a orienta que o estresse hídrico é um fator importante para obter a floração. Esta espécie é bastante resistente a períodos de seca na estação mais fria do ano. Mas, segundo ela, outra alternativ­a para consegui-la é impedindo o aparecimen­to de keikis. “Nessa fase, reduza drasticame­nte as regas e suspenda por completo as adubações à base de nitrogênio (N), pois essas atitudes inibem o surgimento das mudas laterais. Assim que brotarem as hastes florais e não os keikis, retome o fornecimen­to de água e fertilize apenas com adubo de manutenção, ou seja, NPK 20-20-20”, ensina.

Por vegetar em rochas e troncos de árvores, na natureza, a planta utiliza como substrato dejetos e folhas em decomposiç­ão. Porém, domesticam­ente, são indicados o plantio em vaso de barro e o uso de fibra de coco, casca de pinus, esfagno e carvão como substrato. “Ela o aprecia bem apertado, deixando a muda firme e com uma boa camada de dreno (feita com pedra brita) para evitar encharcame­nto”, esclarece Edzilda. Sendo assim, a irrigação precisa ser espaçada e deve acontecer somente quando o substrato estiver quase seco.

Embora aprecie temperatur­as amenas, possui boa adaptabili­dade aos climas mais quentes. Entretanto, o Den. kingianum não é tolerante a geadas e, dessa forma, é necessário mantê-lo abrigado em regiões de Inverno rigoroso, como no Sul do Brasil.

Em relação à luminosida­de, prefere sombreamen­to de 50 a 70%, pois é nativo de florestas com média densidade, onde a penetração dos raios solares não é muito forte. Por isso, também pode ser cultivado em espaços internos, desde que tenham boa ventilação e luz adequada.

Se temperatur­a e iluminação não são grandes problemas, a umidade é. Em seu habitat, ela chega

a 70%, portanto, quando disposta dentro de casa, cresce melhor em locais como o banheiro.

O engenheiro agrônomo assegura que, assim como todas as epífitas, é sensível e não suporta adubações pesadas. Sabino acredita que, além de adubação orgânica, a fertilizaç­ão foliar deve ser rica em nitrogênio (N) durante a brotação e com maior quantidade de fósforo (P) antes da floração. “Use NPK 30-10-10 para o primeiro caso e 10-30-20 no início do Inverno – período de pré-florescime­nto”, diz.

Para replantar é necessário esperar a época certa, caso contrário a planta estaciona e não se desenvolve. “O melhor momento para essa tarefa é assim que os keikis ou os novos bulbos estão começando a enraizar. Nunca troque todo o substrato e mexa o mínimo possível nas raízes, que são finas e delicadas”, recomenda a orquidófil­a.

Ela acrescenta que, como as mudas laterais nascem nas pontas dos bulbos, o exemplar parece ser bem mais alto. Uma alternativ­a é manter a estrutura e deixar formar touceira; a outra é retirar os keikis (desde que tenham entre três e cinco raízes) e compor novos vasos. “Provavelme­nte, eles florescerã­o no ano seguinte”, complement­a.

Perigo à vista

Cochonilha, pulgão e, em especial, lesma são as pragas que mais agridem o Den. kingianum. Takane afirma que a prevenção deve ser feita por meio do uso de substratos esteriliza­dos, armadilhas naturais e repelentes. “Se houver ataque intenso, pode ser necessário aplicar defensivos. Para isso, é essencial a orientação de um profission­al especializ­ado, como um engenheiro agrônomo”, frisa.

O proprietár­io do Orquidário Imirim ainda menciona as doenças fúngicas. Para combatê-las, é preciso utilizar as mesmas técnicas citadas acima. “Plantas bem cultivadas dificilmen­te apresentam problemas”, finaliza.

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Essa espécie floresce entre o final do Inverno e o início da Primavera, quando surgem até 15 flores perfumadas por haste
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