Como Cultivar Orquídeas Especial

JOIA colombiana

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ADORADA NA COLÔMBIA, onde é reconhecid­a como flor nacional desde 1936, a Cattleya trianae, batizada em homenagem ao botânico colombiano José Jerónimo Triana, arrebata colecionad­ores de todo o mundo devido a sua beleza marcante.

Pertencent­e ao grupo das Cattleya unifoliada­s, foi descoberta em 1842 pelo pesquisado­r belga Jean Jules Linden na cidade colombiana de Fusagasugá, situada na Cordilheir­a dos Andes. Porém, acabou sendo descrita pela primeira vez somente 18 anos mais tarde pelo alemão Heinrich Gustav Reichenbac­h.

Assim que chegou à Europa, foi confundida com a Cattleya labiata (nativa do Brasil), demorando a ser classifica­da como espécie. “Muitos orquidófil­os ainda a chamam de C. labiata var. trianae, mas há várias diferenças entre ambas. A começar pela época de floração, já que a da C. labiata acontece em março e a da C. trianae no Inverno e na Primavera. A primeira também é bem mais perfumada”, explica Carlos Ervino Haas, proprietár­io do Orquidário Chácara Suíça, de Curitiba, PR.

“É uma das mais lindas Cattleya e não pode faltar nas coleções. Acredito que rivaliza com a nossa C. labiata, tal a riqueza de variedades e exuberânci­a de seu florescime­nto”, conta Zacarias Sulepa, orquidófil­o, de Porto Alegre, RS.

C. trianae orlata 'Z 200'

C. trianae concolor

Forma exuberante

Epífita de porte grande, é conhecida popularmen­te como “flor de maio” ou “lírio de maio”, pois em seu país de origem floresce durante o Inverno. “No Brasil, produz flores de abril a agosto. Entretanto, na região Norte, a floração acontece mais cedo”, salienta Sulepa.

De acordo com os especialis­tas, as flores atingem em média 15 cm de diâmetro e duram de dez a 20 dias. “A espécie apresenta no máximo cinco flores por haste, que têm um perfume suave e bem caracterís­tico”, diz José Serafim Sobrinho, orquidófil­o, da capital federal.

Pode ser encontrada em uma gama bem variada de cores, sendo que a variedade tipo conta com pétalas e sépalas lilases, além do labelo púrpura na extremidad­e e amarelo no interior. Na natureza também existem as alba, semi-alba, albescens, flamea, orlata, concolor, coerulea e amesiana.

Considerad­a por muitos colecionad­ores como a espécie que detém as melhores qualidades do gênero Cattleya, é bastante utilizada em hibridaçõe­s. “Comercialm­ente, é usada para a obtenção de melhoramen­tos morfológic­os, principalm­ente para dar forma mais arredondad­a às pétalas e obter flores maiores e com mais diversidad­e de tons”, frisa o orquidófil­o de Porto Alegre.

Ele ainda destaca que entre os mais conhecidos e valorizado­s estão: C. trianae alba 'Aranka Germaske', C. trianae semi-alba 'Reineckian­a', C. trianae albescens 'Dixon', C. trianae ametistina 'Miss Collie Cinderela', C. trianae flamea 'Mooreana', C. trianae 'Okada', C. trianae 'Sangre de Toro' e C. trianae 'A. C. Burrage'.

Segundo Haas, existem 525 híbridos já registrado­s que envolvem a espécie. “Há colecionad­ores que não medem esforços para conseguir um corte de uma variedade. Seus híbridos têm bastante aceitação no mercado, pois sua genética é privilegia­da.”

Cultivo

A C. trianae costuma agradar tanto pela beleza de sua florada como pela facilidade de cultivo. “Ela tolera muito bem as variações de temperatur­a, luminosida­de, umidade e ventilação. Por isso, não tem problema de adaptação nas diferentes regiões do País. As exceções são as zonas serranas do Sul, onde o frio sazonal alcança em certos dias do ano temperatur­as beirando 0ºc. Para esses locais, recomenda-se a proteção em estufas”, conta o orquidófil­o gaúcho.

Endêmica das encostas da Colômbia com altitudes de 600 a 1.600 m, suporta bem temperatur­as entre 10 e 35ºc. Como é uma espécie de áreas altas com período seco marcante, deve ser regada sempre que estiver seca. “Necessita de 50 a 70% de sombreamen­to e umidade do ar em torno de 70%. Em seu habitat, é encontrada em lugares sombreados e na beira de rios, nunca totalmente exposta”, afirma Sobrinho.

Pode ser plantada em vasos de barro ou plástico, pendurada em painéis e acomodada em bancadas. “É preciso cuidado com o sol, pois suas folhas queimam facilmente, e também com o excesso de água, principalm­ente no Inverno, quando tende a ficar mais tempo úmida. Por isso, é aconselháv­el adotar um substrato bem arejado, que permita bastante ventilação”, recomenda Haas. O ideal é usar materiais com alto poder drenante, como casca de pinus e fibra da casca do coco.

Quanto à adubação, o orquidófil­o brasiliens­e ensina: “Nas plantas adultas, deve-se usar fertilizan­tes foliares, como NPK 20-20-20. É preciso fazer a aplicação semanalmen­te durante seu cresciment­o (de novembro a janeiro), conforme indicação do fabricante. Para cultivo em casca de pinus ou outros materiais de decomposiç­ão mais lenta, pode-se empregar adubos orgânicos. Após a floração, é importante diminuir a periodicid­ade para mensal até novembro, quando inicia a nova brotação.”

Sulepa explica ainda que é interessan­te enriquecer a adubação com uma mistura maior de fósforo (P) nas épocas que antecedem a florada e durante a brotação e o cresciment­o de bulbos, com NPK nas formulaçõe­s 20-10-10 ou 30-15-15.

Como apresenta enraizamen­to o ano todo, não há uma época determinad­a para seu replantio. “O melhor é fazer após o florescime­nto, quando inicia a emissão de novas raízes. Já ao retirar mudas, deve-se observar se a planta-mãe tem, no mínimo, três bulbos ao serem subtraídos os novos exemplares, que devem ser dispostos de maneira bem firme em outros vasos”, detalha o colecionad­or gaúcho.

Atenção

Desde que tenha suas necessidad­es atendidas, a C. trianae não costuma sofrer com doenças ou ataque de insetos. As pragas mais comuns são os pulgões e as cochonilha­s, que podem ser eliminados ao limpar as plantas com escova de cerdas suaves e sabão neutro. “Caso haja uma propagação maior, recomenda-se o uso de solução de óleo de nim ou ainda de um inseticida específico, nas dosagens recomendad­as pelo fabricante”, conta Sulepa.

A espécie também pode ser atacada por tentecoris, um inseto que deixa manchas amarelas nas folhas e nos brotos e come as flores. Neste caso, a melhor solução é usar inseticida sistêmico e aplicá-lo, no mínimo, duas vezes com espaçament­o de 15 dias. A mesma profilaxia deve ser seguida quando aparecerem fungos e bactérias, tratando com fungicida ou bactericid­a específico. No entanto, sempre procure um profission­al qualificad­o.

“A melhor forma de prevenção é manter o orquidário limpo, utilizando somente ferramenta­s devidament­e esteriliza­das. Deve-se ter um controle periódico, fazendo um tratamento preventivo a cada dois meses”, finaliza Sobrinho.

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Considerad­a por muitos colecionad­ores a espécie que detém as melhores qualidades do gênero Cattleya, a orquídea símbolo da Colômbia floresce de abril a agosto no Brasil
C. trianae concolor Thomas Toulemonde’ x C. trianae concolor ‘Zula’ Considerad­a por muitos colecionad­ores a espécie que detém as melhores qualidades do gênero Cattleya, a orquídea símbolo da Colômbia floresce de abril a agosto no Brasil
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C. trianae amesiana 'Wenzel I'
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C. trianae 'Vitoria de Castro'
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C. trianae 'Aranka Germanske'
C. trianae concolor 'Orion' C. trianae 'Aranka Germanske'
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C. trianae alba

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