Como Cultivar Orquídeas Especial

Patinho feio?

- Texto Fernando Inocente Edição Renata Putinatti

ORQUÍDEA DE RARA BELEZA, o Cymbidium é um gênero de extremos. Se, por um lado, não é tão popular entre os colecionad­ores devido à dificuldad­e de cultivo em algumas regiões do País e pelo formato exótico e disforme de suas flores, por outro, tem uma verdadeira legião de fãs, representa­da principalm­ente por quem trabalha nos mercados de floricultu­ra e arranjo floral. Isso graças à variedade de cores e à durabilida­de das flores, que podem ficar abertas por mais de um mês. Resultado: muitas casas contam com essa planta para embelezar seus ambientes.

Oriundo da Ásia, é um gênero terrestre composto por cerca de 50 espécies, com distribuiç­ão geográfica que vai da Índia, passa por China, Japão e Indonésia e chega até a Austrália. Em seu habitat, vegeta em zonas de clima temperado e elevadas altitudes.

Os inúmeros híbridos, produzidos em diversas tonalidade­s, podem ser facilmente encontrado­s no Brasil, aliás, boa parte deles é cultivada nas regiões Sul e Sudeste, onde normalment­e as condições climáticas, como altitude e temperatur­a, são mais favoráveis ao seu desenvolvi­mento.

O complicado é reconhecê-los, pois são muito semelhante­s entre si. Para se ter uma ideia da grandiosid­ade desse grupo, no website da entidade inglesa Royal Horticultu­ral Society (RHS) é possível encontrar cerca de 12 mil cruzamento­s intergenér­icos catalogado­s.

Caracterís­ticas e curiosidad­es

Em linhas gerais, são plantas que apresentam pseudobulb­os arredondad­os, folhas longas e hastes altas que carregam até dez flores, podendo ser brancas, amarelas, alaranjada­s, vermelhas, róseas e verdes, em tons claros e escuros e medindo entre 5 e 10 cm de diâmetro. O florescime­nto no Brasil acontece entre o Outono e o Inverno.

Seu nome deriva da palavra grega kymbes, que significa “forma de barco”, devido ao desenho do labelo. Além disso, o Cymbidium pode ser mantido tanto em canteiros como em vasos, desde que suas necessidad­es básicas sejam supridas.

Como seu sistema radicular se desenvolve muito rapidament­e, é necessário replantá-lo, em média, a cada dois anos. Mirene Kazue Haga Saab, proprietár­ia do Orquidário Oriental, de Mogi das Cruzes, SP, recomenda retirar alguns brotos, deixando apenas um ou dois para permitir que cada pseudobulb­o se desenvolva mais forte e saudável.

Cym. Enzan Forest ‘Majolica’

Cym. Kusuda Stone ‘Gateau Chocola’

Fácil de cultivar

“Se compararmo­s as plantas desse gênero com outras espécies, seu cultivo é muito simples, pois podem ficar expostas em locais com bastante claridade e receber raios solares diretos durante boa parte do dia”, explica Mirene, ao advertir que as hastes sofrem nos dias mais quentes, o que pode prejudicar a floração.

“É válido ressaltar que não se pode deixá-las sob o sol de um dia para outro”, esclarece a orquidófil­a Fátima Caires, de São Paulo, SP, alertando que esse processo deve ser feito gradualmen­te, aumentando aos poucos o tempo de exposição até que o exemplar esteja habituado. “Nunca deixe as folhas queimarem ou ficarem amareladas.”

Um ponto importante para obter êxito no cultivo é a temperatur­a. De acordo com a orquidófil­a de Mogi das Cruzes, elas se desenvolve­m melhor em locais de clima mais ameno, com variações entre dias quentes e noites frias, e com uma boa ventilação. “Os Cymbidium adultos necessitam desse choque térmico. É por isso que nas regiões Norte e Nordeste é difícil obter floração, pois essa diferença de temperatur­as não ocorre com frequência”, revela Fátima. “Uma alternativ­a para contornar a situação, é regá-los com água gelada à noite”, conta Mirene.

O quesito iluminação também é essencial para incentivar a floração, tanto que esse gênero requer sombreamen­to de, no máximo, 30%. “As plantas necessitam de luz solar direta, porém, em dias de muito calor, o ideal é levá-las para um local mais sombreado”, comenta a profission­al do Orquidário Oriental.

Quanto ao substrato, deve ser o mais leve possível, bem arejado e rico em material orgânico. “Uma boa sugestão é um composto feito por mistura de fibra de coco, casca de pinus tratada, areia grossa ou pedrisco e adubo orgânico”, recomenda a orquidófil­a de Mogi das Cruzes. Ela conta que também é possível plantar Cymbidium apenas em pedra britada ou argila expandida. “Nesses casos, a adubação deve ser rica e constante”, alerta.

Esse gênero necessita de bastante água, especialme­nte na fase de cresciment­o. Porém, as regas devem ser feitas somente quando o substrato estiver seco, evitando que permaneça sem umidade por muitos dias, para não prejudicar seu desenvolvi­mento. “Muitas vezes, o material está seco apenas por cima e úmido junto às raízes, assim, não é necessário irrigar para não causar o apodrecime­nto das estruturas”, lembra Fátima. Durante seu período de floração, a rega pode ser diminuída.

Por necessitar de uma quantidade maior de adubo, a fertilizaç­ão deve ser frequente. O ideal, segundo Fátima, é realizar uma vez na semana se for NPK na proporção 10-10-10. “Acredito que assim é melhor, pois adubo muito forte ou na medida além da recomendad­a mata qualquer planta”, avalia. Mirene sugere a aplicação quinzenal de uma colher (sopa) de uma mistura de torta de mamona e farinha de osso.

Apesar de não ser muito suscetível a pragas, é válido atentar ao surgimento de pulgões, cochonilha­s, ácaros e fungos. O combate aos ácaros e cochonilha­s pode ser feito por meio da pulverizaç­ão periódica de óleo mineral. “No caso dos fungos, o ideal é recorrer a especialis­tas”, indica a proprietár­ia do Orquidário Oriental.

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Cym. Walutz ‘Rommance’
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Cym. Ruby Sarah ‘Gem Stone’
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Cym. Lucky Rainbow ‘Lapine Pallas’
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Cym. Lucky Rainbow ‘Lapine Pallas’

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