Como Cultivar Orquídeas Especial
Em risco de extinção
Em 1838, o botânico e taxonomista inglês John Lindley foi apresentado a uma planta originária do Rio de Janeiro e a descreveu como Cattleya perrinii. Quatro anos depois, descobriu o engano e a transferiu para o gênero Laelia.
O habitat da L. perrinii se estende pelos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, especialmente na Mata Atlântica, em árvores de pequeno a médio porte situadas em altitudes de 300 a 1 mil m acima do nível do mar. Embora mais raro, também pode ser rupícola, vegetando sobre pedreiras recobertas por limo e detritos vegetais.
Em consequência das décadas de extrativismo desenfreado que resultou na destruição de grande parte da Mata Atlântica, esta espécie corre perigo de desaparecer e está na lista oficial da flora brasileira ameaçada de extinção do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Normalmente, apresenta pseudobulbos achatados com uma única folha. As flores chamam a atenção pelo formato bastante diferenciado em comparação às outras Laelia. Elas possuem sépala dorsal longa e estreita e o tubo do labelo também é bem estreito. “Um detalhe interessante é que enquanto os exemplares de flores de tonalidades claras têm pseudobulbos e folhas verdes, nas variedades de floradas mais escuras, essas estruturas contam com coloração arroxeada”, afirma o orquidófilo Frederico Poubel Bastos, de Nova Friburgo, RJ.
Além disso, emite três ou quatro flores por haste entre os meses de março e abril. “Ela é caracterizada por um repouso invernal, voltando a brotar na Primavera”, completa o especialista.
O cultivo esconde algumas particularidades, como a fragilidade das flores. “São muito delicadas e de substância frágil, por isso, qualquer descuido pode manchá-las ou danificá-las, até mesmo a água da chuva ou da rega”, alerta. Por esse motivo, sua durabilidade fica reduzida a três ou quatro dias. E esta característica também a desvaloriza para hibridações.
Cuidados básicos
Por ser originária da Mata Atlântica, gosta de boa umidade ambiente e luminosidade entre moderada e alta, em especial, do sol da manhã. Além disso, é exigente em relação à drenagem e ventilação. “Como não gosta de ficar com as raízes molhadas por muito tempo, é melhor dar preferência a substratos drenantes, como a mistura de casca de pinus com carvão e brita. Também se desenvolve bem quando é fixada em troncos de árvores”, ensina Bastos.
Outro cuidado é evitar mudá-la de lugar. “A L. perrinii não tolera estresse. Basta trocar o vaso de local no orquidário para ter a floração prejudicada”, alerta.
Para não perder plantas por apodrecimento de raízes, além de garantir uma drenagem adequada, é preciso cuidado na irrigação. A frequência da rega vai depender do ambiente de cultivo e do regime de chuvas, mas, via de regra, o ideal é deixar o substrato secar antes de molhar novamente.
O produto e a periodicidade da adubação variam de acordo com as preferências de cada colecionador. O orquidófilo fluminense utiliza adubo foliar NPK 20-20-20 semanalmente, sendo uma colher (chá) diluída em 2 de água.
Por ter raízes muito delicadas, deve-se ter atenção ao replantio. Quando feito em momento errado pode culminar na morte da planta. Bastos sugere que o processo seja realizado no final do Inverno, época em que ela sai da dormência, ou no início da Primavera e, preferencialmente, quando esteja emitindo raízes novas.
A divisão de mudas segue as mesmas particularidades, sempre tomando o cuidado de esterilizar as tesouras e outros materiais utilizados no corte. Geralmente, entre três e quatro bulbos são suficientes para formar um novo exemplar.
Esta espécie não difere das outras orquídeas quanto ao risco de ser acometida por pragas e doenças, exceto pela tendência de sofrer problemas fúngicos se for cultivada em substrato mal drenado. Neste caso, é recomendado consultar um engenheiro agrônomo para diagnosticar o fungo e receitar um defensivo.
Variedades
Por não serem muito comuns em coleções, as variedades da L. perrinii costumam ser raras. O orquidófilo de Nova Iguaçu define as características de cada uma delas:
alba: apresenta todos os segmentos florais brancos, com o interior do labelo levemente amarelado.
albescens: tem sopros róseos nos segmentos, sem qualquer marca ou estria de outra coloração.
amesiana: possui pétalas e sépalas totalmente brancas e a parte apical do labelo levemente rosada.
coerulea: conta com os segmentos brancos ou levemente tingidos de azul-acinzentado, com a parte apical do labelo azulada. concolor: tem os segmentos em tom pálido de róseo. semi-alba: todos os segmentos são brancos ou levemente rosados com a parte apical do labelo tingida de vinho.
tipo: apresenta segmentos rosados com a parte apical do labelo em tom de vinho.