Como Cultivar Orquídeas Especial
União de colorido e exuberância
O HÍBRIDO Potinara DERIVA do cruzamento dos gêneros Brassavola, Sophronitis, Cattleya e Laelia. A exuberância das cores de suas flores o transformou em um dos preferidos dos produtores comerciais. Laranja, vermelha e amarela são as tonalidades predominantes, embora a diversidade seja grande devido às inúmeras hibridações, de onde surgem variadas misturas de tons.
Segundo Marcio de Mattos Vanique Costa, engenheiro agrônomo e proprietário do Orquidário Recanto, de Analândia, SP, existem orquidófilos que direcionam suas coleções especificamente para as Potinara. “Suas flores são muito duráveis, principalmente as chamadas midi (de diâmetro de médio a pequeno), que têm como característica florações sequentes, chegando até a três vezes no ano. Além disso, essas estruturas aparecem precocemente se comparado ao tempo de florescimento de outras orquídeas. Algumas ainda apresentam flores que mudam de cor no decorrer da maturação”, afirma.
Em relação ao aroma, ele explica que depende das plantas cruzadas. “As denominadas flores estreladas, ou seja, semelhantes às Brassavola, normalmente não exalam cheiro. Em contrapartida, as de flores grandes geralmente são perfumadas, por exemplo, a Pot. Haw Yuan Gold ‘YK 2’, que possui lindíssimas estruturas laranjas e aroma maravilhoso.”
O número de flores também varia conforme as matrizes. Há Potinara que pode puxar pela Sophronitis e ter uma ou duas por haste, como também pode herdar atributos da Brassavola, surgindo cerca de dez por haste, como acontece com a Pot. Hoku Gem.
Para Carlos Koiti Ito Haneda, proprietário do Orquidário Haneda, de Itapetininga, no interior paulista, dentre as variedades mais procuradas estão Pot. Tweenty Four Carat ‘Lea’, Pot. Exotic Dream, Pot. Susan Fender ‘Cinnamon Stick’, Pot. Red Crab ‘Kuan Miao’, Pot. Little Toshie ‘H&R’ e também Pot. Burana Beauty ‘Burana’.
Costa acrescenta à lista outros híbridos famosos, como Pot. Ching Hua Flame ‘Red Rose’, com flores de vermelho tão intenso que à noite, em luz artificial, parecem pretas; Pot. Hoku Gem ‘Freckles’, com floração sequencial, surgindo estruturas em forma de estrela que abrem vermelhas e se tornam amarelas bem fortes quando maduras; e Pot. Red Crab ‘Uncle Wang’, de flores grandes na cor vermelha aveludada.
Uma particularidade que chama atenção dos colecionadores é o crescimento vigoroso e rápido destas plantas. “As únicas que apresentam certa dificuldade no desenvolvimento são as similares às Sophronitis, que crescem irregularmente e não ficam com aparência muito bonita”, revela o proprietário do Orquidário Recanto.
As preferências
De modo geral, os híbridos são menos exigentes que as espécies. E esse é um dos pontos positivos das Potinara: são plantas sem mistério de cultivo. O único detalhe que às vezes dificulta seu desenvolvimento é o calor excessivo. As que apresentam características morfológicas semelhantes a Sophronitis podem ter floração limitada em regiões sem muita oscilação de temperatura.
Segundo Haneda, há casos especiais nos quais o exemplar precisa de mais ou de menos luminosidade, clima frio ou mais quente, entre outros aspectos. “Porém, a maioria não tem necessidades específicas, devendo receber regas moderadas, luminosidade em torno de 60% e ainda ser mantida em local com temperatura amena e boa ventilação”, resume.
Costa alerta que irrigação frequente pode comprometer o sistema radicular e acarretar danos, como seu apodrecimento. Sendo assim, o indicado é molhar apenas quando o substrato secar. “A umidade do ar é uma grande rival no meu caso, porque minha produção está localizada em uma região de Cerrado. Nos períodos de seca, é importante ter controle, molhando o chão para elevá-la. Vale lembrar que boa umidade relativa é diferente de planta encharcada.”
Para manter a saúde e a beleza das orquídeas deste gênero, ele recomenda dois tipos de adubação: a química e a orgânica. Na química, pode-se utilizar semanalmente NPK 10-30-20 e 20-20-20, intercalando-os. “Tenho o hábito de diluir bem. Recomendo 6 g para 10 de água. Para favorecer uma absorção maior, a dica é molhar bem as plantas com água limpa e, depois de algumas horas, aplicar o adubo. O procedimento deve acontecer sempre no final da tarde para evitar a evaporação excessiva”, orienta. Com relação à orgânica, ele aconselha o uso do bokashi, sendo uma colher (sobremesa) cheia a cada três meses.
O segredo da floração exuberante das Potinara está justamente na boa adubação e no correto fornecimento de luz. “O principal erro dos colecionadores é a exposição a um período muito curto de sol, prejudicando as floradas. O ideal é, no mínimo, cinco horas por dia, evitando insolação direta, que pode acarretar queimaduras nas folhas”, conta o engenheiro agrônomo.
O profissional do Orquidário Haneda garante que elas apresentam melhor desenvolvimento em substratos bem drenados, por exemplo, o misto de casca de pinus, isopor e pedra.
Porém, Costa diz que esta é uma questão bastante particular. Algumas pessoas alcançam retorno positivo com fibra de coco e outras acabam perdendo exemplares usando esse substrato. “Testei diversos materiais e obtive diferentes resultados. Hoje, opto por duas misturas: a de musgo com isopor e a de musgo com casca de macadâmia. A vantagem da segunda sobre a primeira é o peso. Algumas Potinara apresentam porte grande, deixando o vaso instável e, como a macadâmia é densa (pesada), estabiliza o recipiente. O único inconveniente do musgo é seu alto poder de absorção, podendo encharcar com facilidade. Outras alternativas de substrato são a casca de pinus com carvão (recomenda-se a casca de tamanho grande para drenar bem a água) e a casca de coco”, avalia.
Sempre temidas
As pragas que mais acometem este gênero são tripes e cochonilha. O tripes é um inseto muito pequeno que ataca principalmente as flores, provocando o secamento das bordas e, em casos severos, o botão não desabrocha. “Sua eliminação pode ser feita com a aplicação de inseticidas químicos de uso doméstico à base de água ou por meio de armadilhas coloridas encontradas em lojas de jardinagem”, sugere o especialista de Analândia.
A cochonilha é mais difícil de controlar, pois tem uma carapaça cerosa que dificulta a fixação do inseticida. “Limpar as plantas com escova de dentes e sabão de coco reduz a infestação. Também é possível usar óleo mineral na dosagem indicada na bula do produto”, adiciona. É válido lembrar que todo inseticida deve ser administrado sob orientação de um profissional qualificado.
Medidas preventivas afastam o risco de incidência de seres nocivos, como evitar o excesso de água, oferecer boa circulação de ar e esterilizar as ferramentas empregadas no trato das orquídeas.