Como Cultivar Orquídeas Especial
Formas perfeitas
FLORES DURÁVEIS, ARREDONDADAS e que combinam diferentes tonalidades, das sutis às intensas. Essas qualidades chamam atenção dos admiradores das Vanda, que são originárias da Índia, Indonésia, Filipinas, Nova Guiné, China, Austrália e Himalaia.
Para Rosaura Leoni, orquidófila, de Porto Alegre, RS, o maior atrativo é, primeiramente, a forma das flores, quase sempre perfeita e dentro dos parâmetros exigidos para julgamento (que busca o desenho de um círculo). “Outra característica é o colorido, que vai do branco ao roxo muito escuro, passando por tons de róseo, vermelho e amarelo. Normalmente, as hastes apresentam várias flores dispostas de maneira harmoniosa.”
O gênero é composto por 70 espécies, dentre as quais se destacam V. sanderiana, V. coerulea, V. denisoniana, V. tricolor, V. luzonica, V. brunnea, V. suavis, V. pumila, V. spathulata e V. teres. “Todas têm seu encanto, sobretudo pelas cores sempre tão vibrantes e diferentes”, destaca a orquidófila.
Ela atenta que algumas estão em risco de extinção, como a V. coerulea. Isso porque seu habitat está sendo destruído. “A coleta predatória e a exportação indiscriminada também cooperam. É uma das plantas mais procuradas pelos colecionadores”, completa.
Coloridas e exuberantes
As Vanda apresentam crescimento monopodial (desenvolvem-se ao longo de um único caule do qual surgem raízes, folhas e hastes florais) e são bastante floríferas, emitindo hastes com dez a 20 flores.
Não é raro que uma planta adulta e bem cultivada floresça simultaneamente com duas ou três hastes. “Essas estruturas duram cerca de um mês e, em alguns casos, permanecem abertas por dois a três meses. Não há uma época determinada para desabrocharem, podendo aparecer até quatro vezes ao ano em regiões de Inverno ameno”, diz Artur Norberto Heger, orquidófilo, de São Paulo, SP. Entretanto, é possível observar maior intensidade nos meses de fevereiro e março, embora existam exemplares floridos o ano inteiro.
Ele comenta que a durabilidade e o aroma dependem da espécie. V. tesselata, V. lamellata, V. denisoniana e V. tricolor (em particular, a variedade suave) são perfumadas.
Curiosamente, depois de abertas, suas flores continuam a crescer. “Entre a do topo da haste e a primeira que abriu pode existir uma diferença de 2 a 3 cm. Essa variação também ocorre com a idade e o desenvolvimento da planta. Quando jovem, na primeira florada apresenta haste com sete ou oito flores de, por exemplo, 8 ou 9 cm de diâmetro. A partir da quinta ou sexta, quando está completamente adulta, pode emitir até 20 unidades com 10 a 12 cm de diâmetro”, explica o especialista.
Além disso, têm caules robustos e longos e flores achatadas com um esporão curto no labelo. “Como todas as orquidáceas, contam com três sépalas, duas pétalas e um labelo. O que muda é o colorido, o formato, a disposição na haste e o tamanho do labelo”, destaca a orquidófila de Porto Alegre.
“Normalmente, as Vanda são pintalgadas porque muitos híbridos comercializados possuem a V. Doctor Anek como um dos parentais, conferindo assim manchas em tons do róseo-pink ao azul-índigo”, complementa Mirene Kazue Haga Saab, proprietária do Orquidário Oriental, de Mogi das Cruzes, SP.
Segundo ela, os cruzamentos feitos a partir da V. sanderiana produzem flores com a parte superior de tonalidade mais escura que a inferior. Já os cruzamentos com V. coerulea têm como marca o desenho de teceladas.
Com relação à preferência, a maioria dos colecionadores gosta de exemplares com colorido diferenciado, por este motivo, os híbridos são, muitas vezes, a melhor opção.
Cuidados
Encontradas em regiões pantanosas, onde, mesmo quando não chove, a umidade relativa do ar durante a noite beira 100%, este grupo de plantas utiliza as árvores como suporte, mas não se fixa firmemente, mantendo sempre a maioria das raízes solta.
As características de seu habitat evidenciam que precisam de calor, luminosidade e ventilação. “Também apreciam bastante água e umidade, porém, não podem permanecer molhadas por muito tempo, o que provoca o apodrecimento das raízes”, revela Heger.
Rosaura recomenda colocar no chão, embaixo dos exemplares, uma bacia com água para proporcionar toda a umidade necessária. “Para que tenham um bom desenvolvimento, o ideal é o cultivo em regiões quentes. Nos estados onde o Inverno é rigoroso, devem ser protegidas do frio e da geada, senão, podem morrer.”
Segundo o orquidófilo, o desenvolvimento radicular é um bom indicativo da umidade ambiente e da irrigação. “Excesso de raízes significa local um pouco seco ou regas insuficientes. Raízes curtas em plantas saudáveis e com bom desenvolvimento demonstram umidade adequada. Já a perda de folhas de baixo para cima é sinal de falta de água, o que pode acarretar sua morte”, ensina, ao complementar que em lugar com pouca luminosidade costumam crescer depressa, entretanto, dificilmente florescem e suas folhas ficam flácidas. A altitude não costuma representar um problema de cultivo, desde que não esteja associada a climas frios.
Uma particularidade é que dispensam substrato, podendo ser plantadas em caixas de madeira ou pequenos vasos de cerâmica ou plástico. “Para as orquídeas, o substrato tem duas funções: dar suporte às raízes e reter umidade. As Vanda gostam de suas raízes soltas no ar e sem umidade demasiada, portanto, o substrato não tem função”, explica o especialista paulista.
Uma excelente maneira de cultivá-las é respeitando sua natureza, fixando-as em troncos de árvores, voltadas para o lado Norte.
Em relação à adubação, Heger recomenda que seja semanal ou, no mínimo, quinzenal, usando adubo foliar diluído e aplicado nas folhas, podendo atingir as raízes. “Como sua florada é longa e acontece diversas vezes no ano, pode-se utilizar também adubo de floração (com maior teor de fósforo)”, orienta.
Quando expostas a temperaturas abaixo dos 15°C por algumas semanas, podem entrar em repouso ou estagnação por vários meses. No entanto, se atingir 30°C ou mais, é imprescindível manter o chão molhado para aumentar a umidade relativa do ar.
Hibridação
As Vanda são muito usadas na produção de híbridos por orquidários comerciais, podendo ser cruzadas com plantas do mesmo gênero ou de outros, por exemplo, Ascocentrum. Como resultado, são obtidos exemplares de flores grandes, tal qual as das Vanda, ou bem coloridas, como as dos Ascocentrum, que naturalmente aparecem em tons muito vibrantes de laranja e vermelho.
“Enquanto houver orquidófilos e produtores de orquídeas sempre existirão cruzamentos visando flores cada vez mais bonitas e perfeitas. A V. Princess Mikasa, por exemplo, é uma das mais procuradas pela tonalidade intensamente azul”, conclui a especialista de Porto Alegre.