Como Cultivar Orquídeas Especial
Belezas combinadas
Laelia E Cattleya. Suas flores grandes e coloridas fazem destes dois gêneros os mais populares da família Orchidaceae. Juntos, eles somam mais de cem espécies que encantam uma legião de orquidófilos. No entanto, não são apenas as plantas puras que contam com admiradores. Oriundas de cruzamentos naturais ou criados em laboratório, as Laeliocattleya fazem sucesso entre os mais diversos públicos.
Por possuírem fácil capacidade de hibridação e abarcarem um grande número de variedades, os cruzamentos entre os dois grupos chegam aos milhares, resultando em plantas com aspectos bem diferentes entre si. “Por isso, não existem características morfológicas próprias. Estes híbridos podem reunir traços das mais de 50 espécies de Cattleya e 60 de Laelia”, destaca Sérgio Inácio Englert, engenheiro agrônomo e proprietário da Ricsel Orquídeas e Bromélias, de Porto Alegre, RS.
A forma de suas flores e sua fragrância variam de acordo com as matrizes. Apesar disso, segundo Rogerio Duilio Genari, biólogo e proprietário da RF Orquídeas, de Campo Largo, PR, as Laeliocattleya têm em comum a precocidade e a floração abundante. “Trata-se de plantas epífitas, bifoliadas ou monofoliadas e simpodiais (com crescimento lateral, formando touceiras). As flores duram em média 15 dias e podem ou não ser perfumadas. Afinal, nos cruzamentos foram privilegiados seu formato e sua coloração. O aroma foi uma característica secundária no processo de melhoramento”, completa.
O número de unidades por haste floral também muda, mas, geralmente, as Laeliocattleya apresentam duas ou três, sendo que aquelas com menor diâmetro aparecem mais, chegando a dez. “Tudo depende das plantas originárias. Se for, por exemplo, uma Cattleya bifoliada, como a C. amethystoglossa ou a C. guttata, seus descendentes serão menores e com numerosas flores, com perfume característico de uma delas”, explica Humberto Epiphanio, proprietário do Orquidário Epiphanio, de Rio Claro, interior paulista.
Não existe uma época definida para a floração destes híbridos. “Isto é uma incógnita, já que podem florir acompanhando qualquer um dos 'pais' ou ainda em datas diferentes mesmo se tratando de cruzamentos idênticos. Então, quando se deseja que floresçam em dezembro, deve-se hibridar uma Laelia e uma Cattleya cujas florações aconteçam neste período do ano”, informa o especialista de Rio Claro. Como existe um grande interesse comercial, suas inflorescências são vistas mais facilmente nas proximidades de datas comemorativas, como Dia das Mães, quando há maior procura.
De acordo com Genari, dentre as variedades mais cobiçadas atualmente estão as com flores graúdas e exuberantes com coloração vermelha ou amarela como a Lc. Tropical Pointer. No entanto, além dos híbridos produzidos em laboratório, há também os naturais que acontecem espontaneamente nas matas, sendo a Lc. elegans uma das mais apreciadas. Cruzamento entre a L. purpurata ea C. tigrina,é muito encontrada no litoral de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Cultivo
Englert afirma que suas condições de cultivo são praticamente as mesmas exigidas pelas Laelia e Cattleya. “Deve-se fornecer luminosidade entre 50 e 70%, boa ventilação e alta umidade relativa do ar. As plantas só terão problemas se receberem pouca luz, forem mantidas com excesso de umidade ou permanecerem em locais muito quentes ou frios.” Para ter certeza de que a luminosidade está correta, é importante observar as folhas. Caso apresentem coloração verde-escura, há falta de luz e se estiverem muito claras, é sinal de excesso.
Ainda de acordo com ele, o substrato ideal é a mistura de casca de pinus tratado e carvão peneirado com diâmetro de até 2 cm. O biólogo e proprietário da RF Orquídeas indica o acréscimo de fibra de coco. “Utilizar xaxim e esfagno é um erro, pois são retirados de forma extrativista de áreas com grande importância ambiental. Já os três elementos da mistura recomendada são provenientes da agricultura. Dessa forma, não há impacto sobre a natureza.”
Em relação à irrigação, Genari esclarece que varia conforme o substrato. “Quanto mais poroso, mais seco ele fica e, portanto, as regas devem ser feitas com maior frequência. Geralmente, é suficiente o fornecimento de água uma vez na semana. Apenas no Verão é indicado molhar duas vezes.” Quando não há fibra de coco, Englert aconselha rega diária sempre que a temperatura estiver acima de 15ºC.
Para o desenvolvimento saudável e a floração abundante, a adubação é indispensável. A melhor opção é o adubo balanceado e com macronutrientes (NPK), que deve ser aplicado de acordo com o porte e a idade das plantas. “Para crescerem, as mudas devem receber NPK na proporção 30-10-10. Quando adultas, 18-18-18 e para indução do surgimento de flores, 10-30-20. Pode-se usar sempre a quantidade de 1 g/l de água, normalmente a cada 15 dias. O adubo orgânico não é recomendado, pois degrada o substrato rapidamente e não tem constância na sua fórmula”, relata o especialista de Campo Largo.
Quanto ao replante dos exemplares, deve ser feito após a floração, quando as raízes estiverem crescendo para fora dos vasos, formando assim novos brotos.
Sem problemas
A cochonilha e a podridão-negra são as maiores inimigas das Laeliocattleya. “A primeira é uma praga que suga a seiva das plantas e pode infestar o orquidário. Já a segunda é uma doença fúngica causada pelo excesso de umidade, tanto no substrato como no ambiente”, enfatiza o biólogo e proprietário da RF Orquídeas.
Para evitar que a saúde das orquídeas seja afetada por estas e outras moléstias, como tentecoris bicolor, ácaros, tripes, besouros, vespas, lesmas e caramujos, a limpeza do espaço de cultivo é fundamental.
“Deve-se inspecionar diariamente os exemplares para identificar logo no início qualquer infestação. Se houver ataque de cochonilhas, limpe as plantas com sabão neutro usando uma escova de dentes macia. No caso de fungos, empregue fungicidas encontrados facilmente no comércio. Mas o ideal é sempre contar com a supervisão de um profissional habilitado”, aconselha Epiphanio.
Os três especialistas destacam que para garantir o bom desenvolvimento das Laeliocattleya os cuidados devem ser feitos de forma contínua e não apenas em uma determinada época do ano.