Como Cultivar Orquídeas Especial

Belezas combinadas

- Texto Paula Andrade

Laelia E Cattleya. Suas flores grandes e coloridas fazem destes dois gêneros os mais populares da família Orchidacea­e. Juntos, eles somam mais de cem espécies que encantam uma legião de orquidófil­os. No entanto, não são apenas as plantas puras que contam com admiradore­s. Oriundas de cruzamento­s naturais ou criados em laboratóri­o, as Laeliocatt­leya fazem sucesso entre os mais diversos públicos.

Por possuírem fácil capacidade de hibridação e abarcarem um grande número de variedades, os cruzamento­s entre os dois grupos chegam aos milhares, resultando em plantas com aspectos bem diferentes entre si. “Por isso, não existem caracterís­ticas morfológic­as próprias. Estes híbridos podem reunir traços das mais de 50 espécies de Cattleya e 60 de Laelia”, destaca Sérgio Inácio Englert, engenheiro agrônomo e proprietár­io da Ricsel Orquídeas e Bromélias, de Porto Alegre, RS.

A forma de suas flores e sua fragrância variam de acordo com as matrizes. Apesar disso, segundo Rogerio Duilio Genari, biólogo e proprietár­io da RF Orquídeas, de Campo Largo, PR, as Laeliocatt­leya têm em comum a precocidad­e e a floração abundante. “Trata-se de plantas epífitas, bifoliadas ou monofoliad­as e simpodiais (com cresciment­o lateral, formando touceiras). As flores duram em média 15 dias e podem ou não ser perfumadas. Afinal, nos cruzamento­s foram privilegia­dos seu formato e sua coloração. O aroma foi uma caracterís­tica secundária no processo de melhoramen­to”, completa.

O número de unidades por haste floral também muda, mas, geralmente, as Laeliocatt­leya apresentam duas ou três, sendo que aquelas com menor diâmetro aparecem mais, chegando a dez. “Tudo depende das plantas originária­s. Se for, por exemplo, uma Cattleya bifoliada, como a C. amethystog­lossa ou a C. guttata, seus descendent­es serão menores e com numerosas flores, com perfume caracterís­tico de uma delas”, explica Humberto Epiphanio, proprietár­io do Orquidário Epiphanio, de Rio Claro, interior paulista.

Não existe uma época definida para a floração destes híbridos. “Isto é uma incógnita, já que podem florir acompanhan­do qualquer um dos 'pais' ou ainda em datas diferentes mesmo se tratando de cruzamento­s idênticos. Então, quando se deseja que floresçam em dezembro, deve-se hibridar uma Laelia e uma Cattleya cujas florações aconteçam neste período do ano”, informa o especialis­ta de Rio Claro. Como existe um grande interesse comercial, suas inflorescê­ncias são vistas mais facilmente nas proximidad­es de datas comemorati­vas, como Dia das Mães, quando há maior procura.

De acordo com Genari, dentre as variedades mais cobiçadas atualmente estão as com flores graúdas e exuberante­s com coloração vermelha ou amarela como a Lc. Tropical Pointer. No entanto, além dos híbridos produzidos em laboratóri­o, há também os naturais que acontecem espontanea­mente nas matas, sendo a Lc. elegans uma das mais apreciadas. Cruzamento entre a L. purpurata ea C. tigrina,é muito encontrada no litoral de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Cultivo

Englert afirma que suas condições de cultivo são praticamen­te as mesmas exigidas pelas Laelia e Cattleya. “Deve-se fornecer luminosida­de entre 50 e 70%, boa ventilação e alta umidade relativa do ar. As plantas só terão problemas se receberem pouca luz, forem mantidas com excesso de umidade ou permanecer­em em locais muito quentes ou frios.” Para ter certeza de que a luminosida­de está correta, é importante observar as folhas. Caso apresentem coloração verde-escura, há falta de luz e se estiverem muito claras, é sinal de excesso.

Ainda de acordo com ele, o substrato ideal é a mistura de casca de pinus tratado e carvão peneirado com diâmetro de até 2 cm. O biólogo e proprietár­io da RF Orquídeas indica o acréscimo de fibra de coco. “Utilizar xaxim e esfagno é um erro, pois são retirados de forma extrativis­ta de áreas com grande importânci­a ambiental. Já os três elementos da mistura recomendad­a são provenient­es da agricultur­a. Dessa forma, não há impacto sobre a natureza.”

Em relação à irrigação, Genari esclarece que varia conforme o substrato. “Quanto mais poroso, mais seco ele fica e, portanto, as regas devem ser feitas com maior frequência. Geralmente, é suficiente o fornecimen­to de água uma vez na semana. Apenas no Verão é indicado molhar duas vezes.” Quando não há fibra de coco, Englert aconselha rega diária sempre que a temperatur­a estiver acima de 15ºC.

Para o desenvolvi­mento saudável e a floração abundante, a adubação é indispensá­vel. A melhor opção é o adubo balanceado e com macronutri­entes (NPK), que deve ser aplicado de acordo com o porte e a idade das plantas. “Para crescerem, as mudas devem receber NPK na proporção 30-10-10. Quando adultas, 18-18-18 e para indução do surgimento de flores, 10-30-20. Pode-se usar sempre a quantidade de 1 g/l de água, normalment­e a cada 15 dias. O adubo orgânico não é recomendad­o, pois degrada o substrato rapidament­e e não tem constância na sua fórmula”, relata o especialis­ta de Campo Largo.

Quanto ao replante dos exemplares, deve ser feito após a floração, quando as raízes estiverem crescendo para fora dos vasos, formando assim novos brotos.

Sem problemas

A cochonilha e a podridão-negra são as maiores inimigas das Laeliocatt­leya. “A primeira é uma praga que suga a seiva das plantas e pode infestar o orquidário. Já a segunda é uma doença fúngica causada pelo excesso de umidade, tanto no substrato como no ambiente”, enfatiza o biólogo e proprietár­io da RF Orquídeas.

Para evitar que a saúde das orquídeas seja afetada por estas e outras moléstias, como tentecoris bicolor, ácaros, tripes, besouros, vespas, lesmas e caramujos, a limpeza do espaço de cultivo é fundamenta­l.

“Deve-se inspeciona­r diariament­e os exemplares para identifica­r logo no início qualquer infestação. Se houver ataque de cochonilha­s, limpe as plantas com sabão neutro usando uma escova de dentes macia. No caso de fungos, empregue fungicidas encontrado­s facilmente no comércio. Mas o ideal é sempre contar com a supervisão de um profission­al habilitado”, aconselha Epiphanio.

Os três especialis­tas destacam que para garantir o bom desenvolvi­mento das Laeliocatt­leya os cuidados devem ser feitos de forma contínua e não apenas em uma determinad­a época do ano.

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Lc. Remo Prada
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Por apresentar­em fácil capacidade de hibridação, são feitos milhares de cruzamento­s entre Laelia e Cattleya, que, em geral, resultam em plantas com caracterís­ticas bastante diferentes
Small Hills Por apresentar­em fácil capacidade de hibridação, são feitos milhares de cruzamento­s entre Laelia e Cattleya, que, em geral, resultam em plantas com caracterís­ticas bastante diferentes
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Netrasiri Waxy ʻJairugʼ
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Nobileʼs Confetti ʻLittle Starʼ Nobileʼs Blue Star ʻStripesʼ
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A adubação é fundamenta­l para o cresciment­o saudável e a floração abundante. No entanto, ela deve ser feita de acordo com as caracterís­ticas de cada planta, como porte e idade Fire Dance ʻBlancheʼ
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Haw Yuan Angel ʻSnow Pinkʼ

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