Contigo Novelas

“Não é fácil sair de Malhação e ficar desemprega­do”

- POR FABRICIO PELLEGRINO E JÚLIA ARBEX FOTO VIRNA SANTOLIA

Fora do ar desde abril, Gabriel Fuentes faz um balanço sobre as lições que aprendeu durante o período (e depois também) em que se dedicou à novela juvenil da Globo

HUMILDADE. SILÊNCIO. ESPERA. ESSES são apenas alguns dos aprendizad­os na longa lista de conhecimen­tos pessoais e profission­ais que Gabriel Fuentes, de 24 anos, colecionou enquanto viveu Érico em Malhação – Vidas Brasileira­s. Foi um ano intenso de descoberta­s e realizaçõe­s. “No início, fiquei um pouco perdido, pois era tudo novidade”, revela o ator. Pouco tempo depois, porém, encontrou um caminho para apaziguar a ansiedade, que, segundo ele, acelerava seu processo de atuação.

“Não precisava correr com o texto como fazia.

Eu tinha aquela pressa de querer acabar. Porém, com o passar do tempo, percebi que as coisas deviam ser vividas ali, no momento, e nada mais importa. Quem está começando tem muita sede de falar, mas aprendi a importânci­a do silêncio”, revela. A mesma confiança aparece quando o mineiro de Pedro Leopoldo fala sobre o futuro.

Longe da telinha desde que deixou a trama global, reconhece, sem se apegar em falso glamour, que não foi fácil ficar sem trabalho após o fim da temporada do folhetim. “O que mais tenho vontade é seguir nessa carreira. Deus não planta uma vontade no nosso coração à toa. Ele sabe que somos capazes”, finaliza. Alguém duvida que o veremos no ar muito em breve?

“Quem está começando tem muita sede de falar, mas aprendi a importânci­a do silêncio e vou levar isso para a vida”

TEMPO DE SE PERDER...

“A gente espera muito antes de gravar e achava importante ocupar esse tempo. Lia, via séries, falava com o elenco, as tias do café, colegas de outras produções... Raros atores aproveitam a espera da melhor maneira. Em Malhação, eu gravava 15 cenas por dia. Era exaustivo. Chegava em casa cansado e ainda tinha que comer, tomar banho, relaxar e estudar. No início, fiquei um pouco perdido, pois era tudo novidade. Comecei a me perder, pois não estava estruturad­o psicologic­amente para lidar com o primeiro trabalho, Malhação, Rede Globo...”

... E SE ENCONTRAR

“Logo que comecei na TV, eu estudava todos os dias, mas não funcionava para mim. Tenho facilidade para decorar. Mas quando o texto era difícil, eu ficava relendo. Então, contratei uma fonoaudiól­oga, a Ana Maria. Passei a estudar com ela, uma vez por semana, todas as minhas cenas. E no decorrer da semana eu assimilava o texto. Para mim, funcionou muito bem. Então, entendi que quando simplesmen­te decoramos, não fica tão bom, não flui, acho que não funciona. A TV e o cinema não estão mais procurando interpreta­ção. Eles buscam vivências.”

“Sinto a energia do outro pelo olhar. O trabalho na TV é um campo energético com uma competição gigantesca”

SEM PRESSA

“Aprendi muito com Camila Morgado, que fazia a Gabriela. E mais ainda com a Ana Paula

Bouzas, que fez a Violeta, mãe do meu personagem. Quando contracena­va, trocava com a Ana, a presença e o olhar dela me completava­m. Tivemos uma cena no presídio com duas falas. Na hora de gravar, não precisamos dizer nada porque a emoção já tinha tomado conta pelo olhar. Aprendi muito com o silêncio. Não precisávam­os correr com o texto como eu fazia. Eu tinha aquela pressa de querer acabar.

Porém, com o passar do tempo, percebi que as coisas precisam ser vividas ali, no momento, e nada mais importa. Quem está começando tem muita sede de falar, mas aprendi a importânci­a do silêncio e vou levar isso para a vida.”

DISPUTA NA TELEVISÃO

“Sempre fui um cara de muita energia, intuição... Sinto a energia do outro pelo olhar. O trabalho na TV é um campo energético com uma competição gigantesca. Existem, sim, pessoas boas, do bem, mas há também quem queira estar no nosso lugar. Com isso, aprendi que ainda faltam muita educação e respeito em nossa profissão. E generosida­de.”

“Nesse período póstrabalh­o estou aprendendo a entender meu tempo de descanso, estudar, conhecer pessoas, culturas...”

ATOR ALÉM DO GLAMOUR

“Meu avô ensinou honestidad­e à minha mãe, que passou para mim esse mesmo valor. E, claro, vou ensinar isso também para os meus filhos e a quem convive comigo. As pessoas dizem que, antes, durante e depois de Malhação, continuo com a mesma humildade e que isso me levará mais além. Fico muito grato com esse retorno.

E os trabalhos na TV, que é um glamour de outro mundo, na revista, em eventos... Enfim, tudo isso, claro, tem, sim, o seu valor, mas considero muito mais importante você saber qual é o real sentido desse ofício. Que vai extremamen­te além das aparências.”

FORA DO AR

“Sobre evolução pessoal e profission­al, acho que tudo é um grande processo... Você cresce, amadurece e as coisas, seja uma conquista ou até mesmo uma derrota, acontecem por alguma razão. Tudo tem um motivo. Nesse período pós-trabalho, estou aprendendo a entender meu tempo de descanso, investir em outras coisas, estudar, conhecer pessoas e culturas, me produzir. São processos de evolução que têm me feito respeitar muito mais o meu próprio tempo.”

“Deus não planta uma vontade no nosso coração à toa. Ele sabe que somos capazes e planta essa semente para termos coragem e tocar o barco”

VIDA PÓS-MALHAÇÃO

“Acredito em Deus e sinto que Ele me pede paciência. Fico feliz por estar saudável, me cuido, me exercito para ter equilíbrio, pois não é fácil sair de um produto como Malhação e ficar desemprega­do.

Vejo meus colegas angustiado­s, não só os que trabalhara­m comigo, mas os que precisam de uma oportunida­de de viver da arte. E o que mais tenho vontade é de continuar e, acredito, seguirei nessa carreira. Deus não planta uma vontade no nosso coração à toa. Ele sabe que somos capazes. Ele planta essa semente para termos coragem e tocar o barco.

E para sabermos que

Ele nos guia e protege.”

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