Contigo Novelas

“O público não é besta”

- POR ANDRÉ ROMANO | FOTO MATHEUS COUTINHO PRODUÇÃO: C3 PRODUÇÕES. DIREÇÃO: SANDRO ANDRADE. ESTILO: ALEXANDRE DUPRAT

EMA Dona do Pedaço (Globo), Caio Castro é Rock, um lutador ingênuo. Na vida, o ator garante ter consciênci­a da índole das pessoas com as quais se envolve e fala que, nos folhetins ou redes sociais – são mais de 17 milhões de cadastrado­s só no Instagram – não subestima os seguidores

O Rock vai continuar se desvencilh­ando do Agno (Malvino Salvador)?

Tadinho… Existem segundas intenções no patrocínio do Agno, o Rock acha que a namorada, Fabiana (Nathalia Dill), é legal e quer um filho com ela, mas os dois o enganam. Tenho um pouco de dó, fico com o coração na mão. No início, o Rock ficou ofendido com o Agno, mas viraram amigos. Às vezes, o Rock acha graça na maneira como o Agno manda as diretas para ele e tenta levar com jogo de cintura. Achamos um lugar legal para brincar com estas intenções e nuances.

Como tem sido trabalhar com o Felipe Titto?

É sempre bom trabalhar com amigo: fica mais fácil quando se tem intimidade, a troca fica honesta, sincera, tem uma verdade ali e traz nossa relação pessoal para a cena. É sempre bom ver os amigos envolvidos em projetos que deem certo.

O Rock já foi muito injustiçad­o e o público o defendeu o Rock. Como vê isso?

Nas redes sociais rola uma criativida­de muito aguçada. Quando vejo uma ideia muito boa, interajo e acho legal porque as pessoas se envolvem mais e mandam coisas boas. É quase um vício! Com relação às injustiças sofridas pelo Rock, só posso dizer, infelizmen­te, que o mundo nunca foi muito justo.

“Não quero fazer uma novela apelativa, não só pela questão da homossexua­lidade, mas em qualquer assunto. Como aquelas cenas em que os caras ficam lutando na academia sem camisa só para expor o corpo. Ninguém faz isso!”

Gostaria que o Rock tivesse um romance com o Agno (Malvino Salvador)?

Entrei na novela achando que poderia rolar... Mas ainda não parei para pensar sobre isso. Fui levando. A imprensa dizia que poderia ter romance, não sabia ao certo. Até hoje o que chegou para mim é o que todos sabem. O Agno deve ter um caso com um outro cara.

Mas nada gratuito, né?

Não quero fazer uma novela apelativa, não só pela questão da homossexua­lidade, mas em qualquer assunto. Como aquelas cenas em que os caras ficam lutando na academia sem camisa só para expor o corpo. Ninguém faz isso! Não que eu tenha problemas com o corpo, mas é que não faz sentido. Prefiro uma história com peso.

Você tem a ingenuidad­e do Rock ou é mais armado?

Só a minha cara e jeito de andar são armados. No mais sou quase um trouxa!

Algumas pessoas acham que tem interpreta­do o Rock de maneira parecida com com a que fez Grego (I Love Paraisópol­is, de 2015). O que acha disso?

Os dois têm a realidade bem próxima, são da periferia de São Paulo, possuem o mesmo estilo de criação, mas são de mundos diferentes. E eu me policio.

O Grego foi muito forte, tomou meu corpo muito rápido, saía do trabalho e ficava muito dele em mim. Talvez esta semelhança seja pelo palavreado…

Como você vê a mudança do Rock do boxeador para o herói?

Por tudo o que já aconteceu e se a Fabiana fosse uma mina da hora, torceria para realizar o desejo de ter um filho com ela. Ele é muito bonitinho [risos]. Quando visto essa camisa, pego meu lado mais sensível. Assisto a American Idol e Caldeirão do Huck para encontrar este lugar. Tem um papo aí de que a verdadeira filha da Maria vai aparecer, uma mina do bem e ficará com ele.

Já teve uma mulher como Fabiana na sua vida?

Não, meu santo é forte! Tenho muita consciênci­a sobre com quem me relaciono e falo. Sempre estou atento!

Segundo um matéria publicada recentemen­te, você é um dos artistas que mais lucram com redes sociais. A lista tem apenas três brasileiro­s: você, Ronaldinho Gaúcho e Neymar.

Paguei para sair esta matéria [risos]. As redes sociais viraram uma plataforma de trabalho e a internet descobre talentos. Antes, a única porta era a nossa emissora, mas hoje não é assim. A concorrênc­ia gera qualidade. A incerteza causa inspiração.

“Meu santo é forte! Tenho muita consciênci­a sobre com quem me relaciono e falo. Sempre estou atento!”

A TV Globo sempre será a maior, mas tem gente correndo por fora e isso gera competitiv­idade. Ninguém é absoluto.

Consegue citar um caso de alguém que surgiu na internet e o impression­a?

O caso do Whindersso­n: um cara do interior do Piauí, que nunca teria oportunida­de, é um fenômeno! A internet dá voz a quem não teria. Mas dá oportunida­de a quem propaga discórdia.

Como surgiram as redes sociais para você?

Na época em que o Instagram era só um aplicativo de filtros. Colocava alguns, melhorava a foto e postava. A galera curtia. Aí começou a expandir e, de repente, milhões de pessoas estavam me seguindo e isso cria poder de informação. São 17 milhões de pessoas cadastrada­s. Esta é sua cartela de clientes que vale mais de 580 milhões de dólares. Como administra­r isso em dinheiro palpável? Nesta época não era nem iniciante, mas percebi que tinha um tesouro na mão.

Quais cuidados ao anunciar as marcas?

Tenho cuidado com tudo. O público não é besta e não o subestimo em momento algum, seja nas redes sociais ou nas novelas.

“As redes sociais viraram uma plataforma de trabalho e a internet descobre talentos. Antes, a única porta era a nossa emissora, mas hoje não é assim. A concorrênc­ia gera qualidade. A incerteza causa inspiração. A TV Globo sempre será a maior, mas tem gente correndo por fora e isso gera competitiv­idade”

Eles não vão comprar uma ideia que não faça sentido. Sou responsáve­l pelo que falo e a interpreta­ção das pessoas é outra coisa. Quantos me seguem que ainda não têm o poder cognitivo desenvolvi­do? Quantos ainda têm carência e veem em mim um estilo de vida a ser seguido? Só posso ser honesto. Se me apresentam um refrigeran­te, algo que não tomo muito, não farei ninguém tomar isso. É só um exemplo! Apareceram várias bebidas alcoólicas com um caminhão de dinheiro, mas o que adianta estragar a vida de um monte de gente?

Que propaganda não faria de jeito algum?

De cigarro ou algo que não me convém. Deixei de fazer bebida alcoólica. Faria de vinho ou cerveja, que eu bebo.

Se não fosse o amor pela arte, este dinheiro te bastaria para viver?

Demais! Viveria bem, sem problema algum, mas a arte é uma extensão da minha pessoa, me completa e me deixa vivo.

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