Contigo Novelas

Sensualida­de sob controle

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Você nunca viu Xuxa como ela vai se mostrar nesta entrevista. Segura, ousada, mas assumindo medos e receios. Aos 42 anos, ela fala de amor, de sexo, de sexo sem amor...

XUXA TEVE UM GRANDE AMOR. MAS SE arrepende de não ter amado e sentido como deveria. Já passou. Gosta de sexo, mas acha que aproveitou mal a intensidad­e dos 20 anos. Namorou pouco, curtiu pouco. Até os 30, pensou mais no trabalho. Aos 35, tornou-se mãe, como planejou. Para ela, sua sensualida­de não é natural, mas aprendida no trabalho como modelo. No dia desta entrevista, no início do mês, usou meias do Frajola. Poderia estar com calcinha do Bob Esponja. Mesmo com essas preferênci­as, garante que suas vontades são as mesmas de uma mulher de 40. Tem pelo menos uma coisa em comum com outras musas: não se acha tão bonita. Até rasga fotos. Menos as de Sasha. Essas, a própria filha rasga. Nesta entrevista, Maria da Graça Xuxa Meneghel, 42 anos (27/3/1963), fala dessa sensualida­de, dessa maturidade, desses arrependim­entos... Como nunca falou antes. Como nunca mais falará.

Você aproveitou a vida...

Dos 20 aos 30 anos, meu trabalho estava em primeiro lugar. Me afundei nisso. Comecei a namorar tarde demais, tive relacionam­entos com pessoas famosas (Pelé, Ayrton Senna), e isso não me deixava namorar de mão dada, sair. Na fase em que talvez o meu corpo exigia mais isso, não aproveitei muito.

E depois dos 30?

O que aconteceu é que depois dos 35 anos o meu reloginho começou a dizer: “Que tal um filho?” Depois dessa idade, as pessoas dizem que não é legal ter filho. Então, nessa fase eu estava em busca de ser mãe.

E agora?

Depois que tive a Sasha, a coisa começou a vir para mim de maneira natural. Sabe quando a pessoa tem os prazeres da vida, como comer, se divertir, conversar com alguém?

Aos 42 anos, como você lida com esses desejos?

Na idade para colocar isso na frente [ela se refere aos 20 anos], eu não coloquei. Agora o sexo entra como uma coisa que vem naturalmen­te, e, quando vem, vem muito bom [risos].

Então, sexo é algo presente em sua vida [risos]?

Diferentem­ente das pessoas que pensam que por eu só trabalhar com criança não gosto de sexo, acho muito natural, muito bom. É necessário e saudável. Se conseguir aliar [sexo] à pessoa de que você gosta, então, fica com a pele boa, faz bem, não precisa nem dormir. Sexo com amor é muito bom.

Mas sexo sem amor também é bom?

Acho que não é o suficiente. Viver só no amor, só segurando na mãozinha, também não. Juntando tudo é muito legal. Ter a pessoa de que você gosta, em conversa, em amizade, no antes, no durante, no depois... Esse equilíbrio dá para conseguir.

E não há idade certa para isso...

Hoje, posso dizer é que o que acontece com mulheres de 40 anos também acontece na minha vida. Talvez de modo diferente, por eu ser uma pessoa mais visada.

E o que você valoriza hoje?

Valorizo quem fala comigo olhando dentro do olho, quem aperta a minha mão com força, fala sem procurar palavras, com o coração. Dou valor a um abraço no momento certo, a um filme com aquela pessoa do lado, a um cheiro. Isso com o sexo é muito bom. Só isso, sem sexo, vai ficar na conversa, vai ficar faltando.

Já pensou em se casar?

Uma vez, aos 20 e poucos anos. E nunca mais.

O que significa amor?

[Silêncio] Amor verdadeiro? É quando você esquece de você e só pensa na outra pessoa, sabe? Sou egoísta. Amar é passar por cima de tudo que é importante para mim e fazer as coisas só pensando naquela pessoa. Odeio mentiras, mas por amor sou capaz de mentir. Odeio não dormir, mas por amor sou capaz de ficar acordada. E não faria reclamando. Faria por amor, não porque a pessoa pediu, mas porque era necessário.

Já sentiu isso por alguém?

[Demora um pouco antes de responder] Já.

Foi correspond­ida?

Não gosto de falar sobre isso. É algo meu. Não farei um livro sobre isso. Às vezes, as pessoas falam: “Vou guardar essa parte para o meu livro”. Nem falaria, se tivesse um.

Você se refere a Ayrton Senna?

Não vou falar. O Ayrton foi muito importante e continuará sendo na minha vida. Isso não deixarei de falar. Quando você fala de amor verdadeiro, fala em fazer coisas que não faria, por ser egoísta. Sou uma pessoa difícil.

“Dou muito valor à privacidad­e e aos poucos momentos de liberdade que encontro em casa”

Então a difícil é você?

É, o problema é meu mesmo. Botei na cabeça essa coisa da liberdade. Dou muito valor à minha privacidad­e e aos poucos momentos de liberdade que encontro em casa. Se eu botar outra pessoa, encaixá-la nesse espaço, acho que vou cobrar muito. Num relacionam­ento, você tem de ceder, e sou muito egoísta. Não consigo ceder. Então, para não complicar, fico no meu canto.

Não tem medo da solidão?

Se me imaginar velhinha e sozinha, talvez. Quem sabe eu consiga um veio também?

Mas esse veio teria de morar na casa ao lado, né?

Se me perguntar agora, diria que, se ele tem o quarto dele, a casa dele, já é 50% de caminho andado para dar certo para o resto da vida. O fato de não ter aquela obrigação “casei, tenho de viver com ele...” Isso me dá uma agonia, sabe?

Sempre foi assim?

Acho que tive crise em todas as fases da vida. Aos 20, 25 anos, já estava meio pirada, achando que gostava demais do meu trabalho e as crianças não iam gostar tanto de mim. Dos 25 aos 30, queria ser mãe. Dos 30 aos 35, já estava meio que relaxada. Achava que tinha de parar aos 30. Aos 35, não queria mais parar.

“A minha preocupaçã­o agora é com o meu futuro, com o futuro da minha filha”

 ??  ?? Xuxa no ensaio fotográfic­o para a revista Contigo!
Xuxa no ensaio fotográfic­o para a revista Contigo!
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“Valorizo quem fala comigo olhando dentro do olho”
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