À Justiça, delator da Lava Jato volta a acusar Renan de receber propina
DEPOIMENTO Considerado um dos principais delatores da Operação Lava Jato, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa voltou a acusar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de ter recebido propina do esquema. Ontem, Paulo Roberto depôs novamente à Justiça Federal. Ele e o doleiro Alberto Youssef foram os primeiros interrogados pelo juiz Sérgio Moro, em uma ação relacionada à 10ª fase da Lava Jato, na qual o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto é um dos réus. Durante as quase quatro horas de depoimento, o delator citou o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) como um dos intermediários da propina. Em delação premiada, Costa havia dito que os pagamentos a Renan “furaram” o teto de 3% estabelecido como limite dos repasses a políticos no esquema. Em fevereiro, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a abertura de inquérito para investigar a denúncia. “O senador Renan Calheiros era um dos que me davam sustentação. Não, comigo não (negociou propina). Mas ele tinha lá um representante, um deputado Aníbal Gomes, que algumas vezes negociou isso comigo. O Senador Renan Calheiros nunca participou de nenhuma reunião com empreiteiros. O Aníbal Gomes, sim”, disse Paulo Roberto, ao ser indagado sobre quem dava sustentação a ele na Petrobras. Em nota, a as- sessoria de Renan afirmou que “suas relações com todas as empresas públicas e seus diretores nunca ultrapassaram os limites institucionais” e que “da mesma forma reafirma que jamais autorizou o deputado Aníbal Gomes ou qualquer outra pessoa a falar em seu nome”. Ainda nesta semana, estão marcados os interrogatórios dos outros dez denunciados desta ação penal. Entre eles Vaccari e o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, que estão presos no Paraná, os supostos operadores de propina Júlio Camargo, Adir Assad e Mário Góes, o executivos da Toyo Setal Augusto Mendonça Neto e o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco. Com a conclusão dos depoimentos de todos os réus, esse processo chegará à fase final, em que cabe a apresentação de argumentos das defesas e do Ministério Público Federal (PF). Após as alegações finais, o juiz Sérgio Moro deve decidir a sentença para cada um dos denunciado. Ao todo, são 12 os réus dessa ação.