A mais disputada... e mais fácil
A tabela de classificação é o reflexo da Série B em campo: equilibrada. Após 12 rodadas, os quatro primeiros – Botafogo, América-MG, Bahia e Náutico - têm exatamente a mesma pontuação, 24. É o G-4 mais disputado de todos os tempos a essa altura da competição. O quinto colocado, o Vitória, tem 23. A distância do líder pro oitavo é de apenas 3 pontos. Na Série A atual, com apenas uma rodada a mais, por exemplo, essa diferença já é de 10 pontos. Pena que tanta disputa não signifique qualidade. Os times estão nivelados por baixo. A maioria dos jogos é horrível. Tem gente que tenta jogar e não consegue, como o Paraná diante do Vitória, no último sábado. Mesmo atuando em casa, o tricolor de Curitiba só conseguiu acertar um chute na direção do gol de Fernando Miguel, que passou o jogo inteiro sem precisar praticar uma defesa difícil sequer. Outros times simplesmente não querem jogar. Foi, por exemplo, a postura de Luverdense e Oeste contra o Bahia, na Fonte Nova. Quem conseguir apresentar um futebol um pouco acima da média dos concorrentes vai se desgarrar desse bolo que briga na parte de cima e garantir o acesso com segurança. Não dá pra viver de lampejos. É preciso constância. É o desafio de Bahia e Vitória para subir o quanto antes nesta que é a Série B mais acirrada em termos de pontuação e, contraditoriamente, a mais fácil se analisarmos a força da concorrência. A dupla Ba-Vi pode e tem obrigação de jogar melhor. A sequência de jogos favorece o Vitória. Das próximas quatro rodadas, o Leão joga três no Barradão, onde venceu as últimas cinco partidas. É o quarto melhor mandante do campeonato, com aproveitamento de 83%. No período, o Vitória só visita o Náutico, atual quarto colocado. Em Salvador, vai receber CRB, América-MG e Macaé. Os dois últimos, também adversários diretos. Excelentes oportunidades de deixá-los pra trás, entrar no G-4 e se consolidar entre os líderes. Mas projeção não ganha jogo nem lugar na tabela. É preciso jogar bola. Um dos desafios do Vitória para ser um time mais eficiente é aumentar a posse. O rubro-negro é quem menos fica com a bola na Série B. É o último colocado em passes certos, com 2.454 acertos, segundo o Footstats. Acerta 47% menos passes que o Botafogo, líder do fundamento. Ter mais posse de bola é fundamental, sobretudo nos jogos em casa, onde a tendência vai ser os adversários atuarem mais recuados, sem dar espaço para o que esse time do Vitória mais gosta de fazer – jogar em velocidade. Vai ser preciso ter paciência e eficiência para furar essas retrancas. Já para o Bahia, o cenário das próximas rodadas não é tão bom. O tricolor vai jogar três dos próximos quatro jogos da segundona fora de casa, onde o aproveitamento é muito ruim - apenas uma vitória em seis partidas, 33% de aproveitamento. O Bahia pega fora Criciúma, Santa Cruz e ABC. Em casa, nesse período, só joga com o líder Botafogo. Pra piorar, o tricolor vai ter dois jogos de mata-mata pela Copa do Brasil para conciliar com os da Série B, nesta e na próxima semana, diante do Paysandu. É menos tempo de descanso e mais desgaste com viagem. Nesta quinta, por exemplo, um dia depois de enfrentar o Papão, o Bahia vai sair de Belém direto para Criciúma, onde se concentra para enfrentar o Criciúma, dois dias depois. A delegação vai, literalmente, cruzar o país. A distância é de aproximadamente 3,2 mil quilômetros. Pra não perder o contato com os líderes, além de se apresentar melhor longe de Salvador, onde tem sido implacável – é o único com 100% de aproveitamento em casa na competição – o Bahia vai ter que mostrar que tem elenco. Vai ser impossível não rodar o time. Felizmente, essa necessidade vem num bom momento de jogadores antes tidos como reservas. São os casos de Yuri, Gustavo Blanco e Eduardo, gratas surpresas, responsáveis pela evolução técnica do time nas duas últimas rodadas – vitórias sobre Paysandu e Oeste. Vamos ver se a garotada vai continuar dando conta do recado e se peças antes tidas como indispensáveis voltam a decidir, como Pittoni e Souza.
Não dá pra viver de lampejos. É preciso constância. É o desafio de Bahia e Vitória para
subir o quanto antes