Pânico na final
De repente, uma enorme barbatana surge. O surfista australiano Mick Fanning está tranquilo, sentado em sua prancha, de costas para o perigo. O que se vê em seguida é um impressionante ataque de tubarão. As imagens da bateria final da etapa de Jeffrey’s Bay do Mundial de Surfe, na África do Sul, são transmitidas ao vivo e chocam o mundo. Mas nada é mais surpreendente que o resultado do ataque. O tricampeão mundial saiu ileso.
A primeira sensação de Fanning é de que algo havia prendido em suas pernas. A serenidade de quem esperava a melhor onda rapidamente se transformou em desespero. Tentando se proteger com a prancha, o surfista lutou contra o bicho. Chegou a dar-lhe socos e um chute antes de ser atingido no rosto e ser derrubado na água.
A equipe de resgate agiu rápido. Uma lancha e dois jet-skis da organização socorreram o surfista. O compatriota de Fanning, Julian Wilson, contra quem ele disputava a final, chegou a nadar em direção ao local do ataque para tentar ajudar. O alívio só veio quando Fanning subiu em um dos botes de resgate e saiu da água inteiro, sem ferimentos.
O tubarão (ou tubarões - não se sabe ao certo), que, ao que parece, era da espécie branco, chegou a cortar a corda que prendia a prancha ao pé do australiano. Já na lancha, ainda muito assustado, Fanning relatou o que aconteceu. “Era dos grandes. Eu estava sentado, parado e comecei a sentir algo ficar preso em minha perna e instintivamente tentei escapar. Ele começou a atacar minha prancha, eu comecei a gritar e socá-lo. Eu só vi barbatanas, não vi dentes. Chutei a traseira dele”.
Ao deixar a lancha, Fanning desabou no choro. Abraçou o americano Kelly Slater, 11 vezes campeão do mundo, que havia derrotado minutos antes. “Foi surreal para mim. Eu estava saindo da água e se eu tivesse sido mais paciente para isso, poderia ter sido eu”, disse Slater.
Passado o susto, o ataque repercutiu entre os surfistas que disputam o mundial. O brasileiro Gabriel Medina utilizou sua conta no Instagram para se solidarizar com Fanning e elogiar a atitude de Julian Wilson. “Poderia ser qualquer um, poderia ser eu! Mick, feliz por você estar vivo, irmão, foi Deus! E Julian, o que você fez foi incrível”.
Também assustado, Julian Wilson, em lágrimas, se disse aliviado. “Eu vi tudo, vi a coisa toda aparecer atrás dele, vi ele lutando, então uma onda apareceu e pensei: ‘Ele se foi, ele se foi água abaixo’”, afirmou o surfista que havia pego a única onda da bateria, interrompida imediatamente após o ataque. A organização da WSL se reuniu com Fanning e Julian e decidiu não realizar mais a final. Com isso, ambos ficaram com a pontuação de 2º colocado e dividiram a premiação da etapa. O brasileiro Adriano de Souza, o Mineirinho, desclassificado nas quartas de final, segue como líder do Mundial, com 33.200 pontos. Medina e Alejo Muniz, que também haviam chegado às quartas, foram igualmente eliminados nesta fase. Fanning é o segundo, com 32.950, enquanto Wilson (31.450) ocupa a terceira colocação.
Mais tarde, a WSL, que organiza o Mundial, ofereceu um churrasco para celebrar a sobrevivência de Fanning e melhorar o astral de todos os surfistas. A próxima etapa da competição começará em 14 de agosto, em Teahupoo, no Taiti.