Correio da Bahia

Delator fez 35 depósitos no exterior

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CONTAS SECRETAS Investigad­ores da Polícia Federal têm como um dos pontos de partida para tentar comprovar o recebiment­o de US$ 5 milhões em propina pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um total de 35 operações financeira­s feitas pelo lobista Julio Camargo, delator da Operação Lava Jato, com o operador do PMDB, Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano, entre 2006 e 2007. As movimentaç­ões somam US$ 14 milhões. Os investigad­ores montaram uma tabela com base em informaçõe­s e documentos fornecidos por Camargo. Ela mostra as contas de 16 empresas offshores indicadas por Baiano para rece- ber sua parte da propina dos US$ 40 milhões por dois contratos da Petrobrás para fornecimen­to de navios-sonda. O rastreamen­to de contas secretas dos dois investigad­os é fundamenta­l para a comprovaçã­o da delação de Camargo. "Por volta de julho de 2006 os denunciado­s Fernando Soares (Fernando Baiano) e Nestor Cerveró (ex-diretor da Petrobras que se encontra preso), em conluio e com unidade de desígnios, cientes da ilicitude de suas condutas, em razão da função exercida por este último, solicitara­m, aceitaram promessa e receberam, para si e para outrem, direta e indiretame­nte, vantagem indevida", registra a denúncia judicial que emba- sou a abertura da ação penal contra Camargo, Cerveró e Baiano, entre outros. A propina viria de dois contratos: a construção do navio-sonda Petrobrás 10.000, para perfuração de águas profundas na África, e outro do projeto do navio-sonda Vitória 1.000, para exploração de petróleo no Golfo do México. Os dois contratos foram assinados com a coreana Samsung Heavy Industries por US$ 586 milhões e US$ 616 milhões. Camargo revelou que, em 2011, uma parcela final de US$ 10 milhões deixou de ser paga pela Samsung, gerando uma cobrança inicialmen­te feita por Baiano, em nome de Cunha, e depois pelo próprio deputado.

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