Cunha reage a pedido de acareação na CPI propondo chamar ministros
LAVA JATO A deputada Eliziane Gama (PPS-MA) protocolou ontem na CPI da Petrobras um pedido de acareação entre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o lobista Julio Camargo, delator da Operação Lava Jato que afirmou ter pago US$ 5 milhões de propina ao peemedebista. Cunha já havia dado depoimento à CPI da Petrobras em março, no qual negou envolvimento com os fatos e ressaltou que Camargo, em sua delação premiada, não havia denunciado nenhum político com foro privilegiado. Como a Câmara está em recesso branco, o pedido de acareação só deve ser votado no retorno dos trabalhos, em agosto. Para ocorrer, porém, primeiro é necessário que a CPI tome o depoimento de Julio Camargo. A sua convocação já foi aprovada, mas ainda não há data para que ele seja ouvido. O primeiro a citar o envolvimento de Cunha foi o doleiro Alberto Youssef, também delator, que disse ter recebido relato de Camargo de pressão do peemedebista para o pagamento de propina. Camargo, inicialmente, não citou Cunha em sua delação, mas, após ser chamado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) e correr o risco de ter seu acordo anulado por omitir informações, confirmou a versão dada por Youssef de ter sido achacado pelo agora presidente da Câmara. Em reação, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse que aceita ficar cara a cara na CPI da Petrobras com o delator da Lava Jato Julio Camargo. Mas defende que sejam aprovadas acareações de Dilma Rousseff e de minis- tros do governo. Para Cunha, Dilma faria acareação com o doleiro Alberto Youssef. E os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Edinho Silva (Comunicação Social) fariam com o dono da UTC, Ricardo Pessoa. “Vamos aprovar todas e fazemos sem problema”, afirmou. Ontem ainda, a defesa do presidente da Câmara apresentou uma reclamação ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra atos praticados pelo juiz Sérgio Moro, responsável pela investigação do esquema de corrupção da Petrobras. Na ação, a defesa pede uma liminar para que o processo que corre na Justiça Federal do Paraná sobre suposta corrupção na contratação de navio sonda pela Petrobras seja suspenso na Justiça no Paraná e enviado ao STF. Cunha já é alvo de investigação no Supremo por conta do escândalo de corrupção, mas o peemedebista nega qualquer ligação. Os advogados requerem ainda que, no mérito do caso, o STF determine a anulação de eventuais provas produzidas contra o peemedebista sob a condução de Moro.