Sindicatos trocam aumento real por estabilidade
REIVINDICAÇÕES O agravamento da crise econômica, com a inflação perto dos dois dígitos e desemprego crescente, mudou o discurso das categorias com data-base neste segundo semestre, como metalúrgicos, petroleiros e bancários. A reivindicação de reajustes reais (acima da inflação), prioridade dos últimos dez anos, poderá ser trocada pela manutenção do emprego, no caso de impasse nas negociações. Sindicalistas também já declaram que a ampliação de cláusulas sociais, que regulam benefícios como vale-refeição e licença-maternidade, pode virar moeda para fechar acordos. “O movimento sindical terá que ter um cuidado maior com a manutenção do emprego”, afirma o diretor-técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socieconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio. Para ele, o momento de ajuste econômico fará com que as negociações mudem de estratégia. “Este ano será igual a 2003, quando as negociações foram afetadas pela economia ruim”. O presidente da Fede- ração dos Metalúrgicos da CUT (FEM/CUT), que só em São Paulo representa quase 100 mil trabalhadores, Luiz Carlos da Silva Dias, diz que o objetivo inicial da campanha salarial deste ano (a data-base é 1º de setembro) é o aumento real, mas reconhece que o momento pede cautela. Afirma ainda que o índice de aumento real só será definido “no clima das negociações”. “As cláusulas sociais podem fazer a diferença para os trabalhadores de empresas mais fragilizadas, porque não teriam impacto tão grande”.