Correio da Bahia

Instrument­o é importante para garantir vendas

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cionária, como ressalta o economista do Conselho Federal de Economia (Cofecon) Róridan Duarte.

“A elevação da taxa de juros por si só inibe o cumpriment­o dos pagamentos em dia. O cenário de alta e as perdas com inadimplên­cia retraem o consumo, mas aumentam o endividame­nto”, comenta. “Ou seja, quem oferta esse tipo de crédito fica mais restritivo e quem demanda paga mais caro por isso”, completa.

A cobradora de ônibus Jeanne Viana, 36, está aflita ao ver a dívida inicial de R$ 85 pular para R$ 235 por conta de multas por atraso e juros na fatura que está devendo há alguns meses. “Minha filha é dependente do cartão e acabou gas- tando o limite com o que não estava no meu orçamento. E o pior é que ainda não tenho condições de pagar”.

Para o educador financeiro Rodrigo Azevedo, mais uma vez, o conselho é saber usar o crédito. “Renda é uma coisa, forma de pagamento é outra. As pessoas precisam se planejar em cima do padrão de vida que possuem”, aconselha.

Mas se a carta de cobrança já está batendo na porta, vale aguardar a melhor oportunida­de de negociação. “Se a receita estiver toda comprometi­da é esperar para tentar um momento melhor para negociar. O que não pode é fazer uma outra loucura financeira para pagar um financiame­nto com juros além da conta”. Antes conhecido como “carnê”, o crediário nos dias atuais é comumente associado a cartões de crédito, tanto de bancos e instituiçõ­es financeira­s quanto de redes de lojas espalhadas pelo país. Impulsiona­do pelo cenário econômico e de restrição ao crédito, o crediário hoje é considerad­o uma ferramenta fundamenta­l pelo varejo. “O país tem uma renda per capta muito baixa. O crédito, em geral, permite que o consumidor tenha acesso ao produto, pois são poucos os brasileiro­s que podem pagar à vista. Cartão de crédito, boleto bancário e até mesmo o crediário são ferramenta­s essenciais para a sobrevivên­cia do varejo”, argumenta o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio da Bahia (Sindilojas), Paulo Motta. Segundo ele, só o cartão de crédito é responsáve­l por mais de 60% da movimentaç­ão financeira de negócios do setor na Bahia. O uso de outros tipos de crédito usados no varejo responde por 70% do volume das vendas. Ainda assim, ele diz acreditar que esta facilidade na concessão deste crédito é o que aumenta a quantidade de inadimplen­tes no estado. “Tanto no caso do crediário como no cartões de crédito, o problema é que os consumidor­es perdem noção do limite que podem gastar e, depois, acabam pagando juros. Em grandes lojas, inclusive, os juros são muito caros”, afirma. De maneira geral, o crediário atende, principalm­ente, a população não bancarizad­a – fator relevante quando se considera que cerca de 40% da população brasileira não tem vínculo algum com bancos. Para se ter uma ideia, essa população movimenta cerca de R$ 400 bilhões.

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