Correio da Bahia

Obra em progresso

- GIULIA MARQUEZINI

Milhares de tampinhas e garrafas pet poluem, diariament­e, as praias de Salvador. Mas já pensou se toda essa sujeira fosse transforma­da em arte? De tampinha em tampinha, já há sete anos, o artista plástico André Fernandes, 40, está construind­o uma enorme bandeira para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Ao todo, são mais de 300 mil tampinhas reunidas no projeto, que pretende exibir, em 2016, na Vila Olímpica.

Todo o material de trabalho do baiano vem do lixo, e é da reciclagem que tira o seu sustento. “Antes de ser artista, sou ambientali­sta. É impression­ante a quantidade de lixo que é descartada e pode virar uma peça de decoração”, afirma André no seu ateliê que, não por acaso, também é sua casa.

Ano passado, ele realizou o sonho de expor uma bandeira do Brasil, feita com 100 mil tampinhas, em frente à Arena Fonte Nova. Para o novo trabalho, que ainda está em fase de conclusão, e já pesa 300 quilos, ele enfrentou alguns problemas. Isso porque a obra vai reunir todas as cerca de 200 bandeiras dos países que irão participar da Olimpíada. “Tive dificuldad­e em achar tampinhas laranjas, por exemplo, mas sempre tento ao máximo chegar bem próximo da cor de cada país”, lembra. A obra terá 15 metros de compriment­o e 10 metros de altura.

Morador do Nordeste de Amaralina, o artista conta com a ajuda da comunidade para arrecadar o material. “Depois da bandeira para a Copa, muita gente me procurou. Eu não compro material, apenas recebo doações”, afirma. Cerca de 15 crianças ajudam no projeto Praia Limpa, idealizado por André. O trabalho consiste em percorrer a praia de Amaralina até a Pituba, recolhendo os poluentes.

Tamara Silva, 11, participa do projeto há dois anos. “Gosto de ajudar pois o que ele (André) faz é uma arte. Vamos sempre na praia para catar tampinhas e outros materiais”, diz.

Para conseguir expor na Vila Olímpica, André já busca contatos para realizar o novo sonho. Mas avisa: “Vou deixar a bandeira da Alemanha destroçada, com sete tampinhas a menos, só para compensar o que eu sofri ano passado”, brinca.

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André, com bandeirão de 300 mil tampinhas no Nordeste de Amaralina: Brasil e países que virão para a Olimpíada do Rio estarão representa­dos

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