Aliado de Cunha pede acareação da presidente, Mercadante e Edinho
CPI DA PETROBRAS Um dos aliados mais próximos ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o deputado André Moura (PSC-SE) apresentou requerimentos à CPI da Petrobras para três acareações: entre a presidente Dilma Rousseff e o doleiro Alberto Youssef, entre o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e o dono da UTC, Ricardo Pessoa, e entre o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, e o empreiteiro. Moura deu entrada nos requerimentos ontem, um dia após Cunha declarar que, desde que Dilma Edinho e Mercadante também se submetessem a acareações, ele toparia confrontar o lobista Julio Camargo na CPI. Delator da Operação Lava Jato, Camargo disse ter recebido a cobrança de US$ 5 milhões do peemedebista, verba que, segundo o lobista, seria propina sobre contratos com a Petrobras. Na segunda, a deputada Eliziane Gama (PPS-MA) apresentou à CPI requerimento de acareação entre Cunha e Camargo. A ação de Moura, porém, tem mais caráter político do que efeito prático. Isso porque, segundo o regimento legal das CPIs, só pode haver acareação se os acareados foram ouvidos anteriormente em depoimentos à CPI. Nem Dilma nem seus ministros prestaram nenhum depoimento no âmbito da Operação Lava Jato. Só poderiam, portanto, fazer acareação caso fossem ouvidos pela CPI. Mercadante e Edinho foram acusados por Ricardo Pessoa de terem recebido doações eleitorais provenientes da corrupção da Petrobras. No caso de Edinho, as doações foram para a campanha da presidente Dilma em 2014. No caso do requerimento do PPS, Camargo ainda não prestou depoimento à CPI, apesar de sua convocação ter sido aprovada, o que também pode inviabilizar a acareação. O entendimento da área técnica do PPS, porém, é o de que, como ele depôs para a Justiça, a acareação pode ser permitida. Em entrevista ontem, na qual comentou o resultado da nova pesquisa CNT/MDA sobre a avaliação do governo federal, Cunha se negou a falar de temas ligados à Lava Jato. Afirmou que só seu advogado tratará do assunto e que ele, de agora em diante, só comenta política. Mesmo assim, abordou de forma lacônica os rumores de que setores do governo viram com bons olhos a mudança na delação premiada de Camargo. “Quem vê com bons olhos (a delação) pode ver lá na frente com outros olhos qualquer outra coisa em relação a eles também”, disse.