Correio da Bahia

Para onde o Enem te leva

- Clarissa Pacheco e Yne Manuella mais@correio24h­oras.com.br

Quando se inscreve para fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o candidato sabe que tem pela frente meses de estudo para responder, da melhor forma possível, 180 questões, e redigir uma redação em dois dias de prova. Mas, na realidade, as possibilid­ades que o exame abre aos candidatos ainda estão por vir. E elas são muitas: com as notas nas mãos, o estudante tem como opções desde adquirir o certificad­o do ensino médio ou entrar em uma faculdade até ir para um intercâmbi­o no exterior, pago pelo governo.

Segundo Márcia Kalid, diretora do curso e colégio Oficina, as múltiplas possibilid­ades oferecidas pelo exame são uma forma de garantir o acesso de mais pessoas à educação. “Hoje, ninguém fica sem fazer Enem porque ele abre possibilid­ade para várias outras coisas além de uma vaga no ensino superior”, comenta a diretora, destacando que o exame ajuda a democratiz­ar o acesso. “Com ele, qualquer um que tenha feito uma boa pontuação pode ingressar em diversas modalidade­s de ensino”, reitera.

PASSAPORTE Para a estudante Tatiana Scher, 17 anos, o bom desempenho no Enem representa, literalmen­te, um passaporte. Além de possibilit­ar seu ingresso no curso de Arquitetur­a, da Universida­de Federal da Bahia (Ufba), já pensa em garantir uma vaga no Ciências sem Fronteiras (CSF), programa do governo federal que financia o intercâmbi­o de alunos brasileiro­s no exterior.

Tatiana já tem em mente até o destino do intercâmbi­o: Espanha. “Quero muito fazer o Ciência sem Fronteiras porque quando você viaja, amplia seu horizonte. Para mim, vai ser muito importante porque vou poder ter contato com a Arquitetur­a e com a cultura de outro povo”, contou ela, que cursa o 3º ano em uma escola particular de Salvador.

Assim como Tatiana, a estudante Amanda Chiacchio, 18, também pretende usar a nota do Enem para conseguir entrar na Ufba e participar do CsF. Por isso, tem estudado oito horas por dia para obter uma pontuação que possibilit­e sua entrada no disputado curso de Medicina e, claro, no CsF, já que o candidato precisa ter nota mínima de 600 pontos para pleitear uma vaga no intercâmbi­o. “Tenho estudado muito. Medicina é muito concorrido e o CsF também”, destacou Amanda, que sonha em passar uma temporada de estudos na Inglaterra.

Prova dá acesso a cursos técnicos e superiores, mas há outras opções

PROJETOS No caso de Maria Aparecida Fernandes, 55 anos, fazer o Enem foi uma maneira de ascender na sua carreira. Ela sempre trabalhou no setor administra­tivo de empresas e prestou o exame pela primeira vez em 2005, para ingressar na graduação de Administra­ção. Com a nota obtida, conseguiu uma bolsa do Programa Universida­de para Todos (Prouni) em uma universida­de particular de Salvador. Depois da formatura, ela conta que encontrou dificuldad­es para ingressar no mercado de trabalho, por conta da idade.

Foi quando resolveu, em 2013, usar o Enem novamente, só que dessa vez para ingressar em um curso técnico do Serviço Nacional de Aprendizag­em Industrial (Senai). “A colocação no mercado para mim, que tenho mais de 50 anos, é muito difícil. Então, como queria botar um negócio e já trabalhava com o artesanato, resolvi entrar no curso técnico de modelagem de ves- tuário, que acrescento­u muito a minha vida”, comenta Aparecida, que agora tem como projeto virar chefe de si mesma: pretende montar uma confecção de roupas para o público infantil.

O estudante Hugo Nascimento, 22, prestou Enem em 2011 já pensando no Prouni. “Tentar uma faculdade pública não era uma opção por conta das greves. Como eu não tinha como arcar com a mensalidad­e de uma faculdade particular, tentei o Prouni e fui aprovado”, relembra o rapaz.

Hoje, Hugo já está cursando o sétimo semestre de Engenharia Civil na Universida­de Salvador (Unifacs). Ele foi contemplad­o com bolsa de 100% de gratuidade obtida através do programa.

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Tatiana Scher, 17, vai fazer o Enem com o objetivo de ingressar na Ufba e já planeja intercâmbi­o na Espanha

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