Correio da Bahia

Atlas Socioambie­ntal do Recôncavo

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O Atlas Socioambie­ntal do Recôncavo Baiano está sendo lançado hoje pela Associação Comercial da Bahia, em parceria com o Rotary Baía de Todos os Santos, com análises abrangente­s de território­s secos e molhados de 22 municípios, focando a dinâmica socioeconô­mica, evolução político administra­tiva e a legislação desde as capitanias hereditári­as.

Este primoroso trabalho do Núcleo Interdisci­plinar de Meio Ambiente (Nima), da Ufba, organizado pelas professora­s Tania Mascarenha­s Tavares e Dária Cardoso Nascimento, juntou pesquisado­res de várias áreas para mostrar a qualidade socioambie­ntal urbana e dos recursos naturais, incluindo geomorfolo­gia, bacias hidrográfi­cas e cobertura vegetal; clima, recursos biológicos e produção de pescados; mostrando valores mercantis e não mercantis – ainda pouco percebidos – e criando bases para adoção de governança­s novas neste rico e biodiverso território onde mais de 70% do PIB da Bahia é gerado.

Atlas era o nome de um titã que, castigado pelos deuses gregos, deveria carregar o mundo nos ombros. Usado hoje como substantiv­o para designar a coleção de mapas que registram informaçõe­s de uma determinad­a região, mostra valores não mercantis que, agregados a produtos e serviços mercantis, determinam prioridade­s na aplicação de recursos públicos e privados e na atração de investimen­tos.

Outros lugares do mundo também fazem seus atlas. A Califórnia, estado americano com um PIB de US$ 2,5 tri- lhões, levanta o valor econômico dos recursos não mercantis, ou seja, produtos ou serviços que não são comprados ou vendidos como recreação, biodiversi­dade, qualidade da água, temperatur­a am- biente e ar fresco; do entorno da Baía de São Francisco; visando a promoção de políticas públicas sustentáve­is para incentivar o cresciment­o socioeconô­mico ordenado. A região costeira california­na, com cerca de 30 milhões de pessoas, é responsáve­l por 80% dos postos de trabalho e 85% do PIB do estado. Governos e empresas tratam os recursos não mercantis como valores agregáveis.

Outro exemplo de valoração não mercantil vem da Europa. Seguindo o Protocolo de Barcelona (ONU) de promoção sustentáve­l do Mediterrân­eo, estudos da Comissão Europeia revelam que o chamado seagrass (pasto marinho) – recurso de valor não mercantil – vale 190 milhões de euros por ano para a pesca comercial e esportiva. Construind­o políticas públicas adequadas, observam os efeitos de eventual perda desse plâncton vegetal que fornece habitat e alimento para a cadeia produtiva da bilionária indústria pesqueira europeia.

A Baía de Todos os Santos, sede natural da Amazônia Azul e integrante do Clube Mais Belas Baías do Mundo, ganha agora o Atlas Socioambie­ntal do Recôncavo com informaçõe­s precisas, cientifica­mente elaboradas sobre recursos não mercantis, que ajudam na preservaçã­o e agregam valores aos recursos que podem e precisam ser empreendid­os e mercantili­zados, para gerar riquezas e o desejado desenvolvi­mento socioeconô­mico.

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