Correio da Bahia

Showman no palco

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É pena, caro leitor ou bela leitora, que alguns dos esportista­s mais espetacula­res e premiados do mundo não venham aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Por motivos diversos, que passam por lesão, doping ou até mesmo falta de vontade, não poderemos ver de perto o balé de Roger Federer, os voos de LeBron James, a sutileza de Sharapova e, para que ninguém esqueça e todos se martirizem para sempre, os saltos de Yelena Isinbayeva, só para citar alguns exemplos. Por outro lado, para felicidade de quem gosta de esporte, o homem mais rápido do mundo já chegou. O jamaicano Usain Bolt, bicampeão olímpico em três provas, deu um susto nas seletivas do seu país. Alegando uma contusão, nem correu a final dos 100 m rasos e deixou no ar o suspense sobre sua presença na primeira Olimpíada da América do Sul. Mas, ainda bem, Bolt veio. Já não está mais no auge da sua forma, mas ainda é um showman. Ele é bom, sabe disso e não tem medo de se pôr à prova. Vai conquistar os três ouros que deseja? Ninguém sabe, mas torço para que consiga, e torço mais ainda para vê-lo caindo no reggae em plena pista de corrida, como em Pequim-2008, quando assombrou o mundo e faturou suas três primeiras medalhas olímpicas - todas de ouro. Na falta de tantas estrelas globais, Bolt é certamente o grande astro destes jogos. Nascido na ilha caribenha que deu de presente o reggae para o mundo, pode se consagrar como tritricamp­eão (existe isso?) olímpico no palco do samba, fusão perfeita de equilíbrio e harmonia, ritmo e precisão. Há oito anos, brincando no desfecho da prova, Bolt estraçalho­u o recorde mundial dos 100 m rasos no Ninho do Pássaro, criando enorme expectativ­a para os 200 m. Na véspera desta segunda final, um jornalista brasileiro comentou com um colega jamaicano: “Amanhã é a grande noite!”. Ouviu a enviesada resposta: “Engano seu, amigo. Só há grandes noites quando há competição!”. Pois o engano do jamaicano, esse sim, ecoa até hoje. Com Bolt na pista, a noite é sempre grande. Mesmo quando ele ganha fácil.

Nascido na ilha caribenha que deu de presente o reggae para o mundo, Bolt pode se consagrar como tri-tricampeão (existe isso?) olímpico no palco do samba, fusão perfeita de equilíbrio e harmonia, ritmo e precisão

SILÊNCIO Tem mais de 20 dias que, na noite de uma sexta-feira, o Vitória colocou em seu site a proposta de um novo estatuto para o clube. Como sabe qualquer pessoa com algum raciocínio elaborado, a noite de sexta-feira é o momento perfeito para publicar algo que você quer que ninguém leia. Para além dessa jogada genial, o texto da minuta mais parece uma declaração pública de que o torcedor tem cara de otário. Os pretensos donos do Vitória devem mesmo achar isso, pois, depois de publicarem o texto numa sexta-feira à noite, não deram mais nenhum pio sobre o assunto publicamen­te. Para valer, a tal proposta deve ser avaliada pelos conselheir­os e, mais importante, passar pelo crivo dos sócios numa assembleia geral. Entretanto, transcorri­dos mais de 20 dias, escuta-se apenas o uivo do silêncio. Julho já foi, o tempo já corroeu metade do Campeonato Brasileiro e o Vitória continua com um estatuto mofado, cheio de bolor. Em dezembro serão realizadas eleições no clube, mas seus dirigentes e conselheir­os amigos seguem colocando o assunto pra escanteio. Eles podem até achar, mas os torcedores não são otários. Pelo contrário, se mobilizam: hoje, vão se reunir na Praça do Imbuí, perto da Barraca do Pica-Pau, para assistir à partida contra o Figueirens­e. Ali, serão recolhidas assinatura­s de sócios, com o objetivo de convocar uma Assembleia Geral Extraordin­ária. Só assim pra ver se as coisas mudam no Vitória.

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