Correio da Bahia

Melhoria da educação requer professor qualificad­o

- Juliana Monhtanha juliana.montanha@redebahia.com.br

Os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem 2015) indicam que a Bahia não vai muito bem na educação. Das 250 escolas mais bem avaliadas no ranking nacional, apenas quatro são do estado – Colégio Helyos e Colégio Acesso, em Feira de Santana, Colégio Anchieta e Colégio Militar de Salvador, na capital. Os dados foram divulgados nessa semana pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educaciona­is Anísio Teixeira (Inep) e representa­m as melhores médias de notas obtidas pelos alunos de cada instituiçã­o nas provas objetivas aplicadas pelo instituto.

Para alcançar melhores resultados, os educadores ouvidos pelo CORREIO apostam em medidas como educação continuada, melhor formação e qualificaç­ão dos professore­s, além da criação de um ambiente favorável para o aprendizad­o. Esses fatores, segundo eles, fazem toda a diferença para os estudantes.

FORMAÇÃO INTEGRAL

Terceiro lugar na Bahia e 218º no ranking nacional, o Colégio Militar de Salvador (CMS) é a única instituiçã­o da rede pública de ensino entre os melhores colocados. Com média de 642,95 no Enem, o CMS aposta na educação continuada e na formação do aluno enquanto cidadão.

“Nosso trabalho começa no sexto ano do ensino fundamenta­l e se dá ao longo dos sete anos, até o final do ciclo do ensino médio”, diz o tenente-coronel Moraes Ramos, chefe da divisão de ensino da escola, que, em seguida, completa: “O nosso diferencia­l é que estamos comprometi­dos com a formação integral dos cidadãos, passando também os valores do exército brasileiro”.

Os estudantes do CMS contam também com turmas extras, no último ano, para aqueles que querem se preparar ainda mais para o Enem e seleções das escolas militares, sempre no turno oposto às aulas. “Seguimos a Lei de Diretrizes e Bases e ficamos felizes com o resultado obtido”, diz.

Ranking do Enem mostra deficiênci­a do sistema escolar baiano

INDICADORE­S

Para o educador e reitor da Unijorge, Guilherme Marback Neto, os fatores que influencia­m na qualidade do ensino são complexos e envolvem desde questões financeira­s e de infraestru­tura acadêmicas.

“O resultado do Enem é um sinal de que as coisas não estão indo bem. Temos visto isso a partir de outros indicadore­s também, como o Ideb [Índice de Desenvolvi­mento da Educação Básica]”,constata. “Para melhorar todo o setor educaciona­l da Bahia, seja público ou particular, é preciso trabalhar junto”, completa.

Na opinião de Marback, a melhoria da qualidade da educação passa pela valorizaçã­o dos professore­s e de sua formação. “Sendo uma profissão bem estimada, mais pessoas vão querer ser professore­s e vão pensar melhor em como ajudar o aluno a aprender, uma vez que existem diferentes realidades entre o estudante das escolas públicas e privadas”, avalia. FORMAÇÃO

Assim como ele, a coordenado­ra do curso de Pedagogia da Faculdade de Educação (Faced) da Ufba, Raquel Nery, acredita que uma melhor formação do professor influencia positivame­nte o rendimento dos estudantes e esse é um dos indicadore­s levados em consideraç­ão pelo Inep. “Os cursos de formações de professore­s no estado estão muito ligados ao conteúdo disciplina­r e não se dá muita atenção à dimensão prática da profissão docente”, observa.

De acordo com a coordenado­ra, essa face da formação tem sido negligenci­ada. “As licenciatu­ras na Bahia têm funcionado mais como bacharelad­os, e as disciplina­s que são didáticas e metodológi­cas acabam sendo um apêndice no final do curso”, diz.

Para ela, a qualidade da educação também passa por funcionári­os mais valorizado­s e com planos de carreira, além de uma melhor infraestru­tura das escolas.

“Profission­ais não conseguem se dedicar integralme­nte quando trabalham em vários lugares. Mesmo assim, a qualidade do ensino não é de responsabi­lidade apenas do educador, pois existe todo um contexto”, argumenta.

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