STF homologa delação de lobista que pagou deputado e marqueteiro
LAVA JATO O lobista Zwi Skornicki, delator da Operação Lava Jato, afirmou à Procuradoria-Geral da República (PGR) que o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) atuou para que ele não fosse convocado a depor na CPI da Petrobras de 2015. O parlamentar era relator da comissão que apurava fraudes na estatal. A delação de Skornicki foi homologada pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, no dia 6 de outubro. Em sua decisão, Teori transcreveu trecho de requerimento do Ministério Público Federal. “Com relação à participação de autoridades com prerrogativa de foro, o colaborador, em seus termos 11 e 13, afirmou que a empresa Keppel pagou parte da propina ajustada com João Vaccari (ex-tesoureiro do PT) em nome do Partido dos Trabalhadores para o deputado Luiz Sérgio Nóbrega de Oliveira. Este mesmo parlamentar teria intercedido para a não convocação do colaborador à CPI da Petrobrás”, explica a PGR.
Em 22 de outubro do ano passado, a CPI da estatal aprovou o relatório final apresentado pelo deputado petista por 17 votos a 9. Em seu relatório, Luiz Sérgio poupou políticos, como o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e incluiu entre os indiciados empreiteiros, doleiros, funcionários da estatal e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Insatisfeitos com o parecer do relator, representantes do PSOL, PSDB e PMDB apresentaram votos em separado incluindo políticos – como a então presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – na lista de sugestões de indiciamento e de instauração de inquéritos civil e criminal.
Preso desde 23 de fevereiro, Skornicki repassou US$ 4,5 milhões para a conta secreta na Suíça do marqueteiro do PT João Santana – preso com a mulher, Mônica Moura, em Curitiba, alvos da Operação Acarajé, desdobramento da Lava Jato. O casal atuou nas campanhas eleitorais de Lula (2003) e Dilma (2010 e 2014). A força-tarefa chegou aos US$ 4,5 milhões analisando os recebimentos da conta mantida por ele no Banke Heritage, na Suíça, em nome da offshore Shellbill Finance S.A., de Santana. Ao todo, foram identificados nove depósitos na Shellbill, que passaram pela agência do Citibank em Nova York, tendo como pagador contas de outra offshore, a Depp Sea Oil, que pertence a Skornicki. O deputado afirmou ontem que “jamais” recebeu vantagem indevida decorrente de sua função de relator da CPI. Ele acrescentou que aguardará “o desenrolar das investigações”. O criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso, defensor do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, tem reiterado que o ex-tesoureiro do PT jamais recebeu propinas.