Correio da Bahia

Ataques com seringa mudam rotina na Ribeira; Liberdade registra caso

- ALEXANDRO MOTA

MANÍACO DA SERINGA Assustadas, duas vendedoras do Largo da Madragoa, na Ribeira, liam ontem pela manhã a notícia de mais uma vítima do “maníaco da seringa” nas páginas do jornal. Sem perder de vista quem se aproximava, conversava­m sobre o terceiro ataque no bairro, a uma estudante de 12 anos, que ocorreu a duas ruas dali. Onde elas trabalham diariament­e foi registrado o primeiro caso, contra um motorista, que foi espetado por um passageiro do ônibus que dirigia, no dia 18 setembro. “Aqui na região está todo mundo assustado e desconfiad­o. A gente não para de olhar para os lados por conta dessa história, tem sido horrível”, desabafa a vendedora ambulante Regina. O clima, segundo moradores, tem mudado até a rotina da região. “A gente vem trabalhar por precisar, mas quando dá 13h a gente vai embora. Antes ficava até depois das 15h”, exemplific­a a vendedora de cachorro-quente Eliana. Na manhã de ontem, outro caso de ataque com seringa foi registrado em Salvador, desta vez no bairro da Liberdade. A informação foi confirmada pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), que confirmou que uma mulher procurou por ajuda no Serviço Municipal de Assistênci­a Especializ­ada em HIV/Aids (SAE) do bairro, de onde foi encaminhad­a para o Hospital Geral Couto Maia. A vítima, que não teve o nome divulgado, foi medicada, recebeu a vacina e os remédios, como as outras vítimas do maníaco, e foi liberada. Segundo os dados da Sesab, agora, o número de vítimas do criminoso subiu para oito pessoas. Segundo a Polícia Civil, apenas quatro casos foram registrado­s em boletim de ocorrência - um na 1ª Delegacia (Barris) e três na 3ª Delegacia (Bonfim). Os casos ocorreram em diferentes pontos da Ribeira e a autoria é investigad­a. A vítima mais recente no bairro foi uma estudante da Escola Municipal Maria José de Paula, atacada a poucos metros do colégio por um homem negro, de estatura baixa e de porte atlético, segundo a delegacia da área. Por conta do medo de algo similar acontecer com a filha de 17 anos, o taxista Ivo Conceição, 60, recuou na liberdade que dava à filha de caminhar na rua depois das aulas. “Agora, todo dia, eu vou buscá-la na aula. Já disse que ela não pode ficar perambulan­do até que esse cara seja preso”, contou Ivo. Até uma atividade da Escola Municipal Maria José de Paula, onde a menina atacada estuda, prevista para ontem, foi alterada. Segundo funcionári­os da Biblioteca Municipal Reitor Edgard Santos, por conta do ataque de ontem, uma turma da escola que faria visita à unidade cancelou a atividade externa. Na escola, a direção optou por não relatar o ocorrido ou o impacto do ataque nas atividades. A comerciant­e Eliene Santos, 48, que vende lanches em frente à escola percebeu uma mudança no comportame­nto das pessoas. “Antes, ficavam preocupada­s com o roubo de celular no ponto de ônibus. Agora quem vai para o ponto tem ficado ainda com mais medo. Dizem que é onde o maluco da seringa mais gosta de atacar”, diz. Foi quando aguardava o coletivo, distraída, em uma parada de ônibus na Rua Lélis Piedade, que a operadora de caixa Eliana dos Santos Pires, 41, foi atingida por uma seringa nas nádegas. A terceira vítima de ataque no bairro é o motorista de ônibus Edson dos Santos Melo, 40, atacado por um passageiro enquanto dirigia no Largo da Madragoa.

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Ponto de ônibus na Ribeira onde ocorreu um dos três ataques com seringa no bairro: clima de tensão no local

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