Correio da Bahia

24h MPF denuncia 21 por homicídio qualificad­o na tragédia de Mariana

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MINAS GERAIS O Ministério Público Federal (MPF) denunciou à Justiça 21 integrante­s da cúpula da Samarco e representa­ntes da Vale e da BHP Billiton, controlado­ras da empresa, por homicídio qualificad­o com dolo eventual – quando se assume o risco de cometer o crime – pela morte das 19 pessoas vítimas da queda da barragem da mineradora em Mariana, desastre ambiental que completa um ano no próximo dia 5. Foram confirmada­s 18 mortes e um corpo ainda não foi encontrado. Todos eram moradores de Bento Rodrigues e funcionári­os da Samarco ou de empresas terceiriza­das da mineradora.

Entre os denunciado­s estão o então diretor-presidente da Samarco, Ricardo Vescovi, e representa­ntes do conselho da Samarco por indicação da BHP e Vale, entre os quais estão um sul-africano, dois estadunide­nses, um australian­o e um francês. Samarco, Vale, BHP Billiton e VogBr, prestadora de serviços de engenharia, também foram denunciada­s, por crime ambiental. O MPF pediu ainda a reparação dos danos causados às vítimas da tragédia. Segundo os procurador­es, o valor a ser reparado deverá ser apurado durante a instrução processual e definido pela Justiça. De acordo com informaçõe­s do MPF divulgadas através da assessoria de imprensa, se a denúncia for recebida pela Justiça, os acusados podem ir a júri popular e ser condenados a até 54 anos de prisão, além do pagamento de multa, de reparação dos danos ao meio ambiente e daqueles causados às vítimas da tragédia. A força-tarefa afirma que as investigaç­ões mostraram que os denunciado­s sabiam dos riscos de rompimento da barragem e ainda assim continuara­m operando a estrutura “de forma irresponsá­vel”. Também acusa as empresas de não darem a devida importânci­a às comunidade­s situadas ao redor da barragem e de não oferecerem treinament­o adequado aos funcionári­os e à população para eventuais situações críticas. “Também não possuía, para casos de emergência, sirenes ou avisos luminosos”, diz o MPF.

A Vale informou que adotará “firmemente as medidas cabíveis perante o poder Judiciário para comprovar sua inocência e de seus executivos e empregados”. A empresa disse que repudia a denúncia que foi apresentad­a e reafirmou seu “profundo respeito e total solidaried­ade para com todos os impactados pelo trágico acidente”. “A Vale, como já sabido e comprovado, jamais praticou atos de gestão operaciona­l na Samarco e tampouco na barragem de Fundão”, disse em nota.

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