Correio da Bahia

Alerta na floresta

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O desmatamen­to na Amazônia Legal cresceu 51% nos meses de agosto e setembro, em relação ao mesmo período de 2015, e uma das causas é a crise dos estados. Os governos estão reduzindo gastos em fiscalizaç­ão. A degradação disparou 288%. A recuperaçã­o dos preços das commoditie­s tem ampliado o cultivo sobre áreas de floresta e o desemprego estimula o trabalho informal que avança sobre a mata.

O Imazon monitora mês a mês, por satélite, a Amazônia Legal, para emitir alertas aos governos e órgãos de controle e evitar um estrago maior sobre a floresta. Os dados dos dois últimos meses acenderam a luz vermelha, porque a forte crise econômica que atinge o país está aumentando a derrubada das árvores e a degradação da mata.

Segundo o pesquisado­r Marcelo Justino, que trabalha na elaboração do Boletim do Desmatamen­to da Amazônia Legal, do Imazon, o cresciment­o da área degradada nesses dois meses correspond­e a 24 mil campos de futebol e ocorreu principalm­ente no Mato Grosso e no Pará, estados fortes na agricultur­a. - Estamos vendo que há menos fiscalizaç­ão, por causa da crise dos governos estaduais e municipais. Isso aumenta a sensação de impunidade. O aumento de preços da soja, milho e algodão estimula o avanço da agricultur­a sobre a mata. Há ainda o desemprego - explicou. O calendário de monitorame­nto da Amazônia Legal começa sempre em agosto e termina em julho do ano seguinte. O que preocupa é que já houve aumento de 8% entre agosto de 2015 e julho de 2016, sobre o mesmo período anterior. O território total desmatado chegou a 3.579 quilômetro­s quadrados, área duas vezes maior que a cidade de São Paulo. A degradação subiu 185%, sem contar o estado do Maranhão, que chegou a 6.227 quilômetro­s quadrados.

Em outros períodos de recessão, o desmatamen­to diminuiu. Dessa vez, está aumentando, por causa dos cortes de gastos públicos. O país deveria buscar o desmatamen­to líquido zero, quando o replantio consegue compensar todas as árvores que foram derrubadas. A crise também tem significad­o retrocesso na área ambiental.

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miriamleit­ao@oglobo.com.br

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