Correio da Bahia

Um artista

- Roberto Midlej roberto.midlej@redebahia.com.br

Mostras e livro traçam panorama da carreira de César Romero

Aos 16 anos de idade, o baiano César Romero participou de um concurso de artes plásticas entre estudantes. Numa tela, pintou uma casa amarela, uma outra azul e uma igreja vermelha. “Onde já se viu uma igreja vermelha?! Isso tá parecendo o Corpo de Bombeiros”, disse um colega.

Aflito com a advertênci­a, o artista iniciante correu para mudar a cor da igreja, que ganhou algumas pinceladas de tinta branca. Na pressa, antes mesmo de o material secar, enrolou a tela num papel.

Quando tirou o papel, metade da tinta havia se desprendid­o. O inexperien­te pintor levou um susto e teve convicção de que suas chances de ganhar o prêmio já haviam acabado. Para sua própria surpresa, poucos dias depois, lá estava o jovem Romero ao lado do então governador da Bahia Luís Viana Filho para receber a láurea.

PREMIAÇÃO

“Considero esse o marco inicial da minha carreira, afinal, o júri desse concurso era muito qualificad­o, formado por Juarez Paraíso, Wilson Rocha e Mercedes Kruschewsk­y”, lembra-se o artista, que é também crítico de arte do CORREIO.

César se prepara para celebrar seus 50 anos de carreira, com duas exposições e o lançamento do livro A Brasilidad­e na Pintura de César Romero, da crítica Mirian de Carvalho. No dia 9 de novembro, a publicação estará disponível no site www.cesarromer­o.art.br.

A primeira exposição, César Romero - 50 Anos: um Resumo, na Caixa Cultural (Rua Carlos Gomes), será aberta amanhã e fica até o dia 27 de novembro. A segunda, no Museu de Arte da Bahia (Corredor da Vitória), César Romero Trabalhos Sobre Papel, fica em cartaz de 9 a 30 de novembro.

Os trabalhos expostos na Caixa Cultural integram diversas fases da carreira, incluindo telas, totens e gravu- ras. É ali que estarão as famosas faixas emblemátic­as, como as que ilustram a principal foto desta matéria. Aquela criação, que se tornou uma espécie de assinatura de César, surgiu quase por acaso, como lembra o próprio artista.

Nos anos 1980, ele foi à Lagoa do Abaeté, onde viu algumas lavadeiras trabalhand­o. “Elas estavam lavando roupas e havia algumas colchas de retalhos no varal, que balançavam com o vento. As colchas balançavam e aquela imagem expressava sensualida­de. Eu fotografei e depois resolvi pintar”, lembra-se César.

As colchas que inspiraram as pinturas são apenas um dos diversos elementos nordestino­s que guiam as criações de César, que, em seus trabalhos, faz questão de lembrar suas origens. O artesanato popular, a cestaria e a religiosid­ade local são outras influência­s na obra do artista plástico.

“A temática de César é fortemente popular e ele se assu-

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Os totens, em madeira maciça, são suporte para pinturas

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