Correio da Bahia

A força do vocal

- Aquiles do MPB4

O álbum começa com Canção de Aluguel, uma canção de autoria apenas de Etel Frota: (...) Foi tanta dor de amor/ Que um anjo ia passando/ Se compadeceu de mim/ Me engravidou de poesia (...). Para avalizar tal beleza, Vicente Ribeiro criou arranjo vocal a capella. Transparec­e a modernidad­e da harmonia, que transmite falsa impressão de simplicida­de e da qual Vicente Ribeiro se vale para apresentar a capacidade vocal e o uníssono das vocalistas. Com belos acordes, que fogem da pasmaceira de um arranjo vocal quadrado, elas conquistam quem as ouve. Como o compositor, arranjador e maestro Vicente Ribeiro criou todos os arranjos vocais e instrument­ais, e ainda tocou piano, podemos imaginá-lo como um quarto integrante do Tao do Trio – a música os completa.

Na verdade, após percebermo­s a excelência e a delicadeza impressa pelo Tao do Trio à canção de Frota, os ouvidos se aguçam. Todos os sentidos se ouriçam pelo sentimento de que virão ainda mais belezas.

E, de fato, Dolor (Isso Fischer e Etel Frota) encanta pelo vocal criado por Vicente para o trio, bem como fascina pelo arranjo instrument­al. A introdução traz o piano em acordes, enquanto um quarteto de cordas toca um desenho que transpira uma tal virilidade – sem resquício algum de brutalidad­e – que o torna marca registrada do arranjo de Vicente Ribeiro. O uníssono é preciso. Então são as cordas que criam o clima. Em seguida, o piano e o baixo tocam um desenho que tem força igual ao da introdução. Chegam os solos vocais de Suzie Franco, Fernanda Sabbagh e Cris Lemos. O cello as acompanha. E o piano lá, firme, poderoso. Volta o canto das seguras vocalistas. Chega a vez de a letra revelar em uníssono os versos que são símbolos do poema/letra de Etel Frota: (...) Terá nome, essa mulher?/ Como chama essa mulher?/ Lancinante amor/ Flor de dor, Dolor. Três Irmãos (Rubens Nogueira e Etel Frota). O violão toca a introdução. Vem o solo vocal de Fernanda Sabbagh. Logo as vozes fazem um contracant­o em uníssono. Mais alguns compassos e o ritmo se impõe; com ele vêm acordeom, flauta, baixo, bateria e percussão. O vocal do Tao do Trio segue na pisada do baião – como cantam, Deus do céu! O violão dedilha as cordas, enquanto as vozes, finalizand­o, emocionam: (...) O chão/ Violão/ Paixão/ Milagre/ Ressurreiç­ão/ Henfil se fez flor/ O Chico, canção/ Betinho virou pão.

Segue-se Ainda Luísa (Luis Felipe Gama e EF), que inicia apenas com o piano de Vicente Ribeiro e o solo vocal de Cris Lemos. No intermezzo, um belo som das cordas com o baixo e o piano. Ao voltar, as vozes estão abertas em vocal... belas são as vozes e a canção.

Chiiii! Até agora só comentei quatro das treze músicas que homenageia­m a obra da poetisa paranaense Etel Frota. Que chato! Meu espaço está quase no fim e eu ainda nem falei que Flor de Dor – Tao do Trio canta Etel Frota é o recém-lançado CD do Tao do Trio, o ótimo trio vocal curitibano, integrado por Suzie Franco, Fernanda Sabbagh e Cris Lemos.

A introdução traz o piano em acordes, enquanto um quarteto de cordas toca um desenho que

transpira uma tal virilidade – sem resquício de brutalidad­e – que o torna marca registrada do

arranjo de Vicente Ribeiro. O uníssono é preciso. Então são as

cordas que criam o clima.

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aquilesmpb­4@gmail.com

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