24h Morre o comandante
Fidel Alejandro Castro Ruz morreu, aos 90 anos, em Havana, cidade que tomou em 1959, aos 32 anos. Alvo de dezenas de atentados e de frequentes rumores sobre sua saúde, o líder cubano teve a morte anunciada por um dos combatentes que o acompanharam, seu irmão mais novo. “Às 22h29 de sexta-feira, morreu o comandante e chefe da Revolução Cubana, Fidel Castro”, disse Raúl, cujo período na presidência da ilha está previsto para terminar em 2018.
A morte do ditador provocou reações antagônicas, compatíveis com a controvérsia que marcou sua trajetória. Enquanto em Miami dissidentes celebravam e previam uma aceleração no processo de abertura econômica e redução na repressão política, dentro da ilha, boa parte da geração que apoiou a derrocada de Fulgêncio Batista lamentou e aderiu ao luto de 9 dias decretado.
O período se encerrará com o funeral, em 4 de dezembro. Os cubanos mais jovens reagiram com indiferença à morte do homem que deixou o poder em 2006, após sobreviver a uma enfermidade intestinal e a uma nova leva de boatos.
Fidel morreu no mesmo dia em que o barco Granma saiu, em 1957, do México com o grupo de guerrilheiros, entre eles o médico Ernesto Che Guevara, para dar início à revolução. Ele exerceu o poder absoluto, que passou para Raúl em 31 de julho de 2006.
Em fevereiro de 2008, Fidel renunciou definitivamente à Presidência de Cuba e, quase três anos depois, em abril de 2011, desligou-se definitivamente da liderança do Partido Comunista. Fidel chegou a ser o governante em exercício por mais tempo no mundo. Sob seu comando, nasceram 70% dos 11 milhões de cubanos.
Ao instalar um regime comunista a 150 quilômetros dos EUA, o líder cubano despertou amor e ódio. Foi considerado por alguns um símbolo da soberania latino-americana e de justiça social. Por outros, um ditador megalomaníaco e cruel.
O triunfo da revolução inspirou movimentos guerrilheiros semelhantes em todo o mundo, incluindo o brasileiro. Fidel enfrentou 11 presidentes americanos, a Invasão da Baía dos Porcos pela CIA, em 1961, a crise dos mísseis, e o embargo econômico. Sobreviveu também à queda do Muro de Berlim e à desintegração da União Soviética. Seu corpo foi cremado.
As cinzas de Fidel Castro vão atravessar Cuba num trajeto que relembrará a chamada Caravana da Liberdade, de janeiro de 1959. O caminho simbólico da Revolução Cubana reproduz o percurso realizado por Fidel entre 2 e 8 de janeiro daquele ano.
Ao final do trajeto, que se inicia a partir de quarta-feira, as cinzas serão deixadas na província de Santiago de Cuba, local chave do início da vida de Fidel e do período de derrocada do ditador Fulgêncio Batista.
Antes do trajeto com as cinzas, entre os dias 28 e 29 de novembro, a população poderá prestar homenagem no memorial José Marti, na capital Havana. Nota assinada pela Comissão Organizadora do Comitê Central do Partido diz que todos os cubanos poderão prestar homenagens.