Fidel veio à Bahia duas vezes e se reuniu com o amigo ACM
conferência de estudantes, mas o clima na cidade deteriorou-se rapidamente quando um político colombiano foi assassinado por um fanático.
O crime foi seguido por tumultos nos quais milhares de pessoas morreram. Fidel e seus colegas, suspeitos de tentar provocar um levante esquerdista no país, foram retirados da Colômbia em um avião de carga, arrumado pelo embaixador cubano.
Em 1953, Fidel e seus colegas planejaram a derrubada do ditador de Cuba, Fulgêncio Batista. Com 79 companheiros, eles atacaram, em 26 de julho, o Quartel Moncada, o maior de Santiago de Cuba, em Oriente O ataque fracassou. Apenas três rebeldes morreram no assalto, mas 80 foram capturados. A maioria dos prisioneiros foi torturada e executada.
REVOLUÇÃO
Fidel foi sentenciado a 15 anos de prisão, mas acabou libertado em uma anistia dois anos depois, quando partiu para o exílio no México. Com o apoio de vários companheiros, entre eles o médico argentino Ernesto “Che” Guevara, Fidel voltou a Cuba, em 2 de dezembro, a bordo do velho iate Granma. “Podemos afirmar que nossa revolução começou em condições inacreditáveis”, disse Fidel em 1966.
Delatados, Fidel Castro e os guerrilheiros sobreviventes fugiram para a Sierra Maestra, onde começaram uma guerra de guerrilhas contra Batista. Em 2 de janeiro de 1959, Ernesto Guevara e Camilo Cienfuegos ocuparam Havana. Batista fugiu e o poder em Cuba foi posto repentinamente nas mãos de jovens revolucionários.
Apesar dos avanços sociais observados pela população, a partir de 1991, com o fim da União Soviética e da ajuda financeira de Moscou a Havana, o regime cubano tornou-se isolado de quase todo o mundo. O país enfrentou sérias crises econômicas e o regime precisou usar a força para calar opositores e dissidentes.
Em 2006, doente, Fidel passou a presidência de Cuba ao seu irmão Raúl Castro. Em 2011, renunciou ao secretariado geral do Partido Comunista de Cuba. Depois disso ele apareceu poucas vezes.
Questionado pelo jornalista italiano Gianni Miná, em entrevista de 1986, se estava satisfeito com seu papel histórico, Fidel respondeu: “Sim, estou plenamente satisfeito com a obra pela qual dediquei minha vida, sem deixar de ter um espírito crítico, sem deixar de ter uma insatisfação no sentido de que devo analisar o que fizemos e de que o que fizemos poderia ter sido feito melhor”. Fidel Castro visitou Salvador por duas vezes, nos anos de 1993 e 1998. Na sua segunda passagem pela capital baiana, o líder cubano almoçou com o então senador Antonio Carlos Magalhães, que adiou uma viagem para receber o amigo, e se mostrou apreciador da culinária baiana. O encontro, no apartamento de ACM, na Graça, era previsto para durar poucas horas. Mas acabou varando a noite.
Fidel nunca negou sua amizade com o político baiano, apesar do muxoxo dos esquerdistas, que preferiam ver o símbolo máximo da resistência anticapitalista longe do adversário.
A ligação entre o político baiano e ‘comandante’ vinha dos tempos em que ACM foi ministro das Comunicações do governo José Sarney e atuou, pessoalmente, no reatamento das relações entre o Brasil e Cuba. Coube a ACM ajudar na montagem do sistema de telecomunicações do país caribenho, o que nunca foi esquecido por Fidel.
O líder cubano visitou Salvador pela primeira vez na Cúpula Ibero-Americana de 1993, onde também se econcontrou com ACM, e no segundo encontro com o então presidente do Senado presenteou ACM, para selar a amizade, com uma caixa dos melhores charutos da “Ilha”, mimo que ele dividiu com outro amigo de longa data, o cardeal dom Eugênio Sales, arcebispo emérito do Rio de Janeiro.
Ontem, o prefeito ACM Neto se manifestou no Twitter sobre a morte do cubano Fidel. Neto relembrou o encontro dele com o avô. “Apesar das diferenças ideológicas, Fidel Castro e ACM se respeitavam. Fidel, que gostava muito de culinária, esteve na casa de meu avô e ficou tão encantado com a comida baiana que até queria levar a cozinheira para Cuba”, escreveu ele.