Correio da Bahia

Lula e Delcídio serão interrogad­os sobre obstrução de investigaç­ão

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BRASÍLIA O senador cassado Delcídio Amaral e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva serão interrogad­os, respectiva­mente, nos dias 15 e 17 de fevereiro, na ação penal da 10ª Vara da Justiça Federal, em Brasília, na qual eles são acusados de tentarem obstruir a Lava Jato, especifica­mente, em relação ao ex-diretor da área internacio­nal da Petrobras Nestor Cerveró. Lula, Delcídio, Diogo Ferreira Rodrigues – assessor de Delcídio –, o advogado Edson Ribeiro, o banqueiro André Esteves, o pecuarista José Carlos Bumlai e o filho dele, Maurício Bumlai, são acusados dos crimes de embaraço à investigaç­ão de organizaçã­o criminosa, que prevê pena de 3 a 8 anos de prisão; exploração de prestígio, cuja pena prevista é de 1 a 5 anos; e patrocínio infiel (quando um advogado não defende apropriada­mente os interesses de um cliente – os outros réus foram considerad­os coautores de Édson Ribeiro neste crime), que prevê pena de 6 meses a 3 anos.

Ontem, em audiência de testemunha­s de acusação e defesa dentro do processo, Bernardo Cerveró prestou depoimento e reiterou as alegações de que sofreu pressão por parte de Delcídio e do advogado Édson Ribeiro para que o pai dele, Néstor Cerveró, não fizesse um acordo de delação premiada e, assim, preservass­e os réus desta ação. O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) ainda será ouvido antes dos acusados, no dia 15 de dezembro, na condição de testemunha, arrolada pela defesa do ex-presidente Lula.

Em um depoimento por Skype, ontem, Bernardo Cerveró reiterou, conforme havia dito à PGR, que Edson Ribeiro lhe entregou R$ 50 mil em nome de Delcídio, sob o pretexto de ajuda à família de Nestor Cerveró, quando o ex-diretor da Petrobras já estava preso. Bernardo disse ter devolvido no dia seguinte o dinheiro a Edson, “para as despesas dele”. Na análise de Bernardo, esse dinheiro era para comprar o silêncio do pai, para que não compromete­sse investigad­os da Lava Jato. Ele queria que o pai fizesse um acordo de delação, mas afirma, em certo momento, ter percebido que o advogado Edson Ribeiro não estava ajudando.

Bernardo não cita Lula. A inclusão de Lula no processo pelo Ministério Público se deu depois que o senador cassado Delcídio Amaral afirmou, em sua própria delação, que Lula o teria incumbido de “viabilizar a compra do silêncio de Nestor” para proteger o pecuarista José Carlos Bumlai. Bernardo afirmou não saber de quem era o dinheiro, um dos pontos que tanto defesa quanto acusação buscavam esclarecer. A denúncia trabalha com a versão, com base na delação de Delcídio, de que os recursos eram de José Carlos Bumlai, amigo de Lula. E assinala que a quebra de sigilo de Mauricio Bumlai mostra dois saques de R$ 25 mil dias antes. Foi com base numa gravação feita por Bernardo que Delcídio foi preso há um ano.

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