Correio da Bahia

Pra bater e ficar

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Não dá mais pra ter sucesso na era dos pontos corridos sem se organizar. Palmeiras e Flamengo são a prova disso. Trataram o saneamento das finanças como prioridade e modernizar­am suas gestões. Sofreram muito em campo, é verdade, chegaram até a flertar com o rebaixamen­to, mas o resultado está aí. Não são campeão e virtual vice do atual Brasileirã­o por acaso.

Com Marcelo Sant’Ana, fora de campo, o Bahia segue a mesma filosofia. A atual direção tem feito um trabalho administra­tivo notável. A dívida do clube foi diminuída e há muito tempo não se vê falar em salário atrasado no Fazendão, por exemplo.

O desempenho dentro das quatro linhas é que tem deixado o torcedor ressabiado, apesar do acesso. O time subiu, é verdade, mas sofreu demais, bem além do esperado. Essa dificuldad­e aponta o que precisa mudar: a gestão do futebol.

O tricolor errou nas escolhas de Doriva e de muitos jogadores. Precisou mudar o técnico e praticamen­te contratar um time inteiro no meio da Série B. Conseguiu subir muito por causa do péssimo nível técnico do campeonato. Tão fraco que o Bahia pôde se dar ao luxo de perder na última rodada e vencer apenas três partidas como visitante.

A Série A não vai perdoar os mesmos erros. Na elite, o Bahia não será um dos mais ricos. O orçamento menor que a maioria não vai permitir elevar drasticame­nte o patamar do elenco durante o campeonato, como aconteceu nesta segundona. O Bahia tem que mudar a maneira de gerir o futebol, para, ano que vem, não bater e voltar.

Fora de campo, a direção do Bahia tem

feito um trabalho notável. A dificuldad­e em subir aponta o que precisa mudar: a gestão

do futebol

2017

Muitos torcedores me perguntara­m quem manteria para 2017. Entre os titulares, por mim, só ficariam Eduardo, Jackson, Tiago, Moisés, Juninho e Luiz Antonio. A gratidão não pode fazer o Bahia refém da incapacida­de. E Guto Ferreira? O trabalho deixou a desejar pela inconsistê­ncia fora de casa. Mas os resultados e, principalm­ente, a postura do time na Fonte Nova, credenciam a permanênci­a.

MÉRITO

O grande destaque do Bahia nesta Série B foi a campanha em casa. Não só pela incrível sequência de nove vitórias. Mas, principalm­ente, pela forma de jogar. Marcando alto, encurtando o campo para o adversário, usando a pressão da torcida a seu favor, o tricolor se impôs na Fonte. Manter essa pegada vai ser essencial para fazer um Brasileirã­o seguro.

SEM DESCULPA

Os maus cartolas costumam usar um certo determinis­mo econômico e geográfico para justificar as pífias campanhas dos baianos em Brasileiro­s. Dizem que não dá para competir com os times do Sul porque eles têm muito mais dinheiro e que, por isso, temos que nos conformar com a parte de baixo da tabela. É um discurso medíocre e conformist­a, que só serve para mascarar a incompetên­cia desses dirigentes. O pior é que tem torcedor que come essa pilha e ainda reproduz a fala.

A Chapecoens­e está aí para desmentir esses cartolas ruins. Com menos grana e tradição que Bahia e Vitória, o clube catarinens­e vai pro quarto ano seguido de primeira divisão, sem sofrimento. Em todas essas edições, chegou à reta final sem ameaça de rebaixamen­to. Agora, pode ir além – chega na última rodada com chances de ir para a Libertador­es. Se a vaga não vier pelo Brasileiro, pode vir pela Sul-Americana, da qual a Chape é finalista. Se eles podem, por que nós não podemos?

EM TEMPO

Na era de pontos corridos, o Bahia só conseguiu ficar quatro anos seguidos na elite uma vez – de 2010 a 2014. Um recorde entre os nordestino­s. O Vitória nunca passou mais de duas temporadas consecutiv­as, no atual modo de disputa do Brasileirã­o. O máximo de um time baiano em competiçõe­s internacio­nais foi a quarta de final da Libertador­es de 1989, quando o Bahia foi eliminado pelo Inter.

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