Mais famílias vivem em pobreza extrema
O número de famílias com rendimento per capita mensal inferior a R$ 197 (1/4 do salário mínimo de 2015) cresceu no ano passado depois de cair durante quatro anos. O dado também faz parte da estudo Síntese de Indicadores Sociais divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O governo classifica esta faixa de renda como “pobreza extrema”, que é mais grave que a “pobreza absoluta”, recorte válido a partir da renda per capita mensal de meio salário mínimo (R$ 394 em 2015).
Segundo o estudo, foi a população desta faixa de renda a que mais cresceu entre 2014 e 2015, um salto de 8% para 9,2%, e um movimento que reverteu a tendência de queda do número de pessoas que vivem na pobreza extrema.
Segundo o IBGE, 27% das famílias ganhavam até meio salário mínimo em 2015. Sem a correção de pensões e benefícios igual a dada ao salário mínimo, o número de pessoas mais pobres poderia ter crescido ainda mais.
“O que segurou (o aumento no número de famílias mais pobres) é o fato de haver rendimentos que são atrelados ao salário mínimo. Se não fosse esta trava, teria sido ainda mais significativa a queda no rendimento”, destacou o pesquisador do IBGE Leonardo Athias ao site G1.
Embora o salário mínimo tenha aumentado de R$ 724 para R$ 788 de 2014 para 2015, os rendimentos de aposentadoria e pensão caíram no mesmo período.
Para as famílias com até
1/4 de salário mínimo per capita, os rendimentos de aposentadoria e pensão caíram de 38% para 36,3% enquanto os rendimentos de trabalho aumentaram de 55,7% para 56,7%. No grupo com renda entre 1/4 e 1/2 salário mínimo, caíram tanto os rendimentos de aposentadoria e pensão (de 14,8% para 13,5%) quanto de trabalho (de 70% para 69,6%).
Segundo o analista da coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE, André Simões, o desemprego pode ser apontado como um dos principais fatores que levaram ao aumento da população que vive abaixo da linha da pobreza. “Na medida em que você tem uma crise no mercado de trabalho, as pessoas ficam desocupadas e o rendimento domiciliar cai”, justificou.