Desigualdade reflete segmentação por raça
A Síntese dos Indicadores Sociais do Brasil 2016, fechada com dados de 2015 e apresentada BGE aponta que a desigualdade de renda no Brasil, ainda que decrescente nos últimos anos, reflete a segmentação por cor e raça.
Segundo o levantamento, pretos ou pardos representavam em 2015, 54,0% do total da população, mas eram 75,5% das pessoas com os 10% de menores rendimentos (contra 23,4% de brancos). Ao mesmo tempo em que representavam 17,8% das pessoas entre o 1% da população com os maiores rendimentos (contra 79,7% de brancos).
Uma década atrás, em 2005, ainda segundo o IBGE, entre os 10% da população brasileira com os menores rendimentos, 74,1% eram pretos ou pardos, contra 25,5% de brancos.
Já entre os 1% da população com maiores rendas, naquele ano, 11,4% eram pretos ou pardos, contra 86% de brancos. No ano passado, o Índice de Palma (que, como o índice de Gini, mede a desigualdade em sociedades) mostrou que os 10% com os maiores rendimentos da população concentravam três vezes mais do total de rendimentos que os 40% com os menores rendimentos, o que representou estabilidade frente a 2014.
O IBGE mostrou ainda que o percentual de pretos ou pardos de 18 a 24 anos que cursavam o ensino superior, em 2015, era de 12,8%. Essa taxa teve um crescimento significativo em relação a 2005 (7,3 p.p), mas ainda ficou abaixo do percentual alcançado pelos jovens estudantes brancos em 2005 (17,8%) e 2015 (26,5%).
Um dos fatores responsáveis por agravar essa desigualdade é o atraso escolar, que afeta mais os estudantes pretos ou pardos. Em 2015, 53,2% dos estudantes pretos ou pardos nessa faixa etária cursavam níveis de ensino anteriores ao ensino superior, como o fundamental e o médio, enquanto apenas 29,1% dos estudantes brancos estavam nessa mesma situação.