Vistoria do Iphan não detectou perigo
Após diversos pedidos feitos por membros do Templo de Alaketu e moradores da Rua Luís Anselmo, em Brotas, o Iphan realizou uma vistoria geral na área tombada e não detectou a necessidade de fazer a retirada completa da árvore, que tombou e matou uma mulher na madrugada de ontem. A inspeção ocorreu há um ano. “A última vistoria geral no terreiro pelo Iphan ocorreu em dezembro de 2015, quando não se constataram problemas ou riscos aparentes relacionados à árvore”, informou a assessoria do órgão federal, por meio de comunicado oficial.
O Iphan ainda afirmou que foram realizadas intervenções, em 2013, de outras estruturas que ameaçavam desabar. Conforme o órgão, a série de obras envolvia “contenção de encosta aos fundos do terreno, com execução de cortina atirantada, estacas e solo grampeado”. “Esse trecho do terreno ameaçava ruir sobre edificações vizinhas e o problema foi solucionado”, completa a nota.
Apesar disso, a comunidade não se conformava com a permanência da árvore que caiu, e manteve os pedidos de remoção, segundo a líder religiosa do terreiro, Josenilda Bispo. “Temos documentos que comprovam os pedidos não só de poda como de retirada da árvore”, disse ela.
A iyá atinsa do terreiro, Suzane Barbosa, ainda mostrou alguns documentos com pedidos ao Iphan, os quais demonstravam a preocupação com o arbusto.
Moradores de Luís Anselmo também se mobilizaram com um abaixo-assinado com cerca de 800 assinaturas para remover a árvore. O documento foi feito há dois meses e, segundo Maria de Fátima Santos, a organizadora, seria levado à superintendência do Iphan ontem.
“Eu fiz três listas e saí de porta em porta pedindo assinaturas. Essa não é a primeira vez que fazemos abaixo-assinado”, conta Fátima, que diz que a situação persiste desde 2012. “Pra resolver tem que morrer uma mãe de família. Queremos descobrir quem é o culpado, mas só vamos saber com o tempo”, lamentou.
Esses moradores, no entanto, informaram que representantes do terreiro não concordaram com o abaixoassinado. “Quando procurávamos eles, diziam que não podiam mexer porque era uma árvore centenária. Os cultos eram lá, tinha um pano branco em volta da árvore, onde faziam cerimônias. Nos diziam que deveríamos pedir aos orixás”, lembra a vizinha Daniele de Moraes.
Em sua defesa, os representantes do terreiro disseram estar consternados com o ocorrido e garantiram que não houve negligência.
Amanda Marins, João Marins Ribeiro, 4, e Fernanda Marins Ribeiro, 8 Filha e netos de Vanda Marins, vítima fatal da tragédia, passam bem
Érica Torres, 24 Socorrida no local com ferimentos leves
Maria de Fátima Santos, 56 Teve ferimentos superficiais e foi atendida no local
Homem não identificado