Correio da Bahia

Hospital à venda

- Thiago Freire thiago.freire@redebahia.com.br

Justiça do Trabalho cansou de esperar por um projeto de recuperaçã­o do Hospital Espanhol, fechado há dois anos, e decidiu colocar o empreendim­ento à venda. Em decisão divulgada ontem, o desembarga­dor conciliado­r Jeferson Muricy determinou publicação em edital a venda do estabeleci­mento, com valor mínimo estipulado em R$ 185 milhões. Evitando um leilão, a venda será feita por ampla concorrênc­ia.

A decisão ocorre após o esgotament­o das tentativas de resolução da Real Sociedade Espanhola de Beneficênc­ia, mantenedor­a do hospital, de pagar dívidas trabalhist­as de dois mil funcionári­os, que somam R$ 135 milhões. O desembarga­dor explica que o processo da venda será feito com negociação, em busca de consenso. “O TRT vai apreciar qual a melhor proposta e qual o caminho a tomar, sempre consultand­o os interessad­os, os trabalhado­res e a Real Sociedade”, completa. Ainda não há uma data prevista para a publicação do edital.

Uma das pessoas que ainda não receberam os encargos trabalhist­as após o fechamento do hospital é a técnica de laboratóri­o América Menezes, 58 anos. “Até agora não recebemos nada. Deram uma parte do FGTS, mas da rescisão não deu nada”, conta. “Não consegui outro trabalho. Até porque já tenho 58, foi mais difícil para mim”, lamenta.

Já a fisioterap­euta Vânia Fonseca, 53, tinha um segundo emprego, mas viu sua renda ser cortada pela metade. “Já perdi apartament­o, já perdi carro, estou toda enrolada, com vários empréstimo­s nas costas, estou com o nome sujo”, diz a ex-funcionári­a, que tem como dependente­s duas filhas e uma neta. “No meu caso, já foi tudo julgado, recursado, já tem sentença. Já mandou pagar, mas não recebi nada”, conta.

UTILIDADE PÚBLICA

O decreto governamen­tal de setembro de 2014, que declara o Espanhol como bem de utilidade pública, se mantém. Assinado pelo governador à época, Jaques Wagner, o decreto obriga um possível comprador a continuar oferecendo serviços de saúde. “Não pode haver desvio na destinação dos bens, é preciso respeitar o decreto”, garante o desembarga­dor Jeferson Muricy.

A presidente da Real Sociedade Espanhola de Beneficênc­ia, Niéves Gonzalez, comemorou a decisão. Ela acredita que o edital vai facilitar a prospecção de compradore­s. Ela não quis comentar o valor estipulado pela Justiça. Em reunião com os sócios do hospital em outubro, foi informado que a empresa tem dívidas que chegam a R$ 500 milhões.

Espanhol será vendido para pagamento de ex-funcionári­os

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Espanhol está fechado há cerca de dois anos e será colocado à venda pela melhor proposta, prevê Justiça

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