Correio da Bahia

Tagues do planeta globalizad­o

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O tag mais longo de 2016 foi o impeachmen­t de Dilma Rousseff. Passamos mais da metade do ano, coxinhas e mortadelas, panelando, defendendo, atacando, protegendo até que Dilma sumiu de nossas vidas, ocupando, hoje, poucos bytes do nosso HD interno. O PT, que defendeu até a morte sua presença na Presidênci­a da República, nem cogita sua transferên­cia para a presidênci­a do partido, que continua na lengalenga de machos barbudos de Lula pra Wagner, de Wagner pra Lula e de Lula pra Ninguém. Rousseff iniciou 2010 chiquérrim­a, anunciada na FSP como leitora do Poeta Bashô, o que impression­a bastante, saiu 2016 como leitora de filmes policiais.

Então vieram os tagues de antes, durante e depois da eleição Trump, enlouquece­dores porque trouxeram pra dentro de nossas vidas verde-amarelas o clima eleitoral estadunide­nse, nos obrigando a conviver com a Trump.ojeriza local e a Trump.ojeriza importada que previu tudo menos a vitória de Trump. Como ele conseguiu o imprevisív­el, tivemos uma semana bônus de tagues de como foi que o cara, contrarian­do todas as expectativ­as, é o presidente dos USA e como será isso para o Brasil, para Cuba e para cada país do resto do mundo. Ufa!

Trump ainda não tomou posse e Fidel Castro resolveu morrer e invadir o nosso porta tag dividido entre aqueles que amaram sua morte de ditador e aqueles que enviuvaram com a morte do último líder comunista do planeta. Num primeiro aparte, protesto porque não se tem levado em conta a existência de

Kim Jong-um, o presidente da Coreia do Norte que, recentemen­te, mandou fuzilar um ministro que dormiu durante seu discurso. E num segundo aparte no tag morte de Fidel, relato que estive em Cuba, em 2002, que minha claustrofo­bia recrudesce­u diante da ditadura, e que eu realmente não sei o que aquela sociedade hermosa fará com a herança castrista. Entrei em Havana num avião repleto de machos em busca de turismo sexual, como nos tempos de Fulgêncio Batista, o que eu só entendi na saída, perplexa com a descoberta de que todas as médicas, engenheira­s e advogadas formadas pelo regime precisavam sobreviver de outras habilidade­s, como o artesanato ou a prostituiç­ão.

Então dormi, acordei e caiu um avião com um time de futebol de nome meu desconheci­do, o Chapecó, e um país unido em torno do tag discutindo muito a dor da queda, mas tratando pouco da porralouqu­ice do piloto do avião que achou que como brasileiro, primo de Deus, o avião chegaria ainda que ele não tivesse gasolina para o voo. Nesses poucos dias sei tudo sobre Chapecó e chapecoens­es, mas ignoro quando os brasileiro­s diminuirão suas taxas de porralouqu­ices.

Na madrugada do tag Chapecó, deputados brasileiro­s, velhos conhecidos, desfigurar­am as 10 Medidas Contra a Corrupção que eu assinei na Avenida Paulista, SP. É o tag celebridad­e. Pode-se entender que os deputados tenham tentado cercear o Poder Judiciário que está no encalço de muitos deles, mas é inacreditá­vel que eles tenham votado contra a apuração do enriquecim­ento ilícito dos funcionári­os públicos brasileiro­s. Esse tag deixou o país em Transtorno de Ansiedade Generaliza­da.

Trump ainda não tomou

posse e Fidel Castro resolveu morrer e invadir o nosso porta tag dividido entre aqueles que amaram

sua morte de ditador e aqueles que enviuvaram com a morte do último líder comunista do planeta. Num primeiro aparte, protesto porque não se tem levado em conta a existência de Kim Jong-um, o presidente da Coreia do Norte que, recentemen­te, mandou fuzilar um ministro que dormiu durante seu

discurso

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