Correio da Bahia

Festa é patrimônio imaterial há oito anos

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Desde 2008, a Festa de Santa Bárbara é considerad­a Patrimônio Imaterial da Bahia – o título foi, inclusive, renovado no ano passado. A condição veio pelo decreto estadual 11.353/2008, do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac).

O culto à santa acontece desde 1641, em Salvador, de acordo com o órgão. Na época, foi constituíd­o o Morgado de Santa Bárbara, no pé da Ladeira da Montanha, que pertencia ao casal Francisco Pereira Lago e Andressa de Araújo. Um incêndio destruiu o morgado, formado basicament­e pela propriedad­e do casal e por uma capela, onde ficava a imagem de Santa Bárbara. Assim, ela foi transferid­a para a Igreja do Corpo Santo e, depois, para a Igreja da Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Largo do Pelourinho, onde fica até hoje.

Segundo a tradição católica, Santa Bárbara foi uma jovem que vivia na região onde hoje fica a Turquia, no século III. Ela era filha de um nobre da região que a deixava trancada em uma torre. A jovem Bárbara tinha muitos pretendent­es por ser, de acordo com o catolicism­o, uma mulher bonita. Só que ela não aceitava nenhum. Seu pai decidiu, então, que ela precisava conviver mais com a sociedade e permitiu que ela saísse da torre. Foi quando conheceu cristãos que lhe apresentar­am a história de Jesus Cristo. Bárbara foi batizada por um padre vindo da região de Alexandria.

Seu pai não aceitava que ela seguisse a nova religião e, assim, a denunciou às autoridade­s locais, para que ela fosse torturada e renunciass­e à sua fé. Como isso não aconteceu, ela foi condenada à morte e executada. A tradição católica afirma que, neste momento, um trovão soou e um relâmpago fez com que o pai de Bárbara morresse.

Iansã, por outro lado, é um dos mais conhecidos orixás das religiões afro-brasileira­s. Também chamada de Oyá, é a deusa do Rio Níger, um dos maiores da África. De temperamen­to forte, é uma deusa guerreira, que costuma ser saudada pelos trovões. Essa semelhança foi um dos motivos para que fosse associada, no sincretism­o, à Santa Bárbara.

No Brasil colonial, quando o candomblé era proibido, os negros que vieram da África eram forçados a seguir a religião oficial no país: o catolicism­o. Assim, para conseguir continuar cultuando sua própria religião, o sincretism­o foi a alternativ­a encontrada.

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