24h Milhares vão às ruas em apoio à Lava Jato e contra corrupção
PROTESTOS Manifestantes de todos os 26 estados e do Distrito Federal foram às ruas ontem em apoio à Operação Lava Jato e contra a corrupção. Até o fechamento desta edição, os protestos realizados de modo pacífico ocorreram em 82 cidades e reuniram dezenas de milhares de pessoas.
O maior de todos os atos, segundo os cálculos dos organizadores e da Polícia Militar, ocorreu no Rio de Janeiro. Pela manhã, um público estimado entre 400 mil e 600 mil pessoas lotaram a orla de Copacabana, zona sul da capital fluminense, contra a alteração no projeto de lei que estabelece dez medidas de combate à corrupção. Os manifestantes carregavam cartazes e faixas de apoio à Lava Jato, ao juiz Sérgio Moro, ao Ministério Público e à Polícia Federal. Assim como ocorreu em todos os atos, os principais alvos foram os presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), além do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Todo o poder emana do povo. O povo brasileiro está reunido para dizer não aos corruptos, a esses incompetentes que enfiaram o Brasil nesse buraco sem fundo”, bradou o humorista Marcelo Madureira, do alto do caminhão de som do movimento Vem pra Rua no Rio.
Em São Paulo, cerca de 15 mil manifestantes, segundo a
PM, se reuniram na Avenida Paulista para protestar contra a corrupção. O grupo levou uma grande faixa, com o lema “Congresso Corrupto”, para repudiar as mudanças feitas pela Câmara dos Deputados no pacote de medidas anticorrupção.
Na Paulista, bonecos de Lula e de Renan foram colocados ao lado do caminhão de som do coletivo Nas Ruas. Embora em menor número, foram vistas também faixas contra o presidente da República, Michel Temer. Pequenos bonecos chamados de “Super-Moro” e “Luladrão” eram vendidos a R$ 10 no local dos protestos.
Em Belo Horizonte, cerca de 8 mil pessoas se concentraram na Praça da Liberdade, segundo os organizadores. A PM não divulgou o total de público. Ao mesmo tempo em que protestavam contra as mudanças no projeto de lei anticorrupção, os organizadores criticaram o governador Fernando Pimentel (PT), investigado por corrupção pela Operação Acrônimo. No Recife, o ato reuniu, segundo os organizadores, cerca de 16 mil pessoas na praia de Boa Viagem durante três horas. Em marcha, os manifestantes percorrem dois quilômetros, acompanhados de trios elétricos e bonecos gigantes, tradicionais do Carnaval pernambucano. Em Salvador, no Farol da Barra, podiam ser ouvidos gritos contra a corrupção e moralização na política brasileira. A organização estimou um público de 2 mil pessoas, enquanto, para a PM, o ato reuniu 1.200 participantes. Após manifestações de apoio a Moro e ao MPF, o Palácio do Planalto e líderes partidários do Senado avaliam que o projeto de lei de abuso de autoridade deverá ser desacelerado. A matéria poderá sair da pauta de votação do plenário do casa amanhã.
Alvos dos protestos, por terem patrocinado modificações do pacote anticorrupção que permitem a punição por juízes e promotores, Renan e Maia (DEM-RJ), defenderam publicamente a legitimidade das manifestações de rua.